A alimentação, o peso e a imagem não devem ser uma obsessão, devem sim ser aspetos vistos como um objetivo a alcançar de modo a que consigamos ser a melhor versão de nós próprios e atingir um estilo de vida que nos permita ser mais saudáveis. Este é o ideal defendido pelas quatro mulheres escolhidas como representantes oficiais do concurso Fit Girls, promovido pela revista "Women's Health".
Inês, Carmen, Sara e Mónica são as "mulher reais" que vão ao encontro dos ideais defendidos pela revista e que passam, a partir de agora, a representar a "Women's Health" em todos os conteúdos digitais. "Isto é um concurso feito para leitoras e o principal objetivo é mesmo o de dar oportunidade a essas pessoas que estão connosco, nesta comunidade", começou por explicar à MAGG Pedro Lucas, diretor da Women's Health.
Mais do que uma cara ou um corpo bonito, o que a "Women's Health" procurou foram mulheres que pudessem inspirar outras a serem mais saudáveis e a perceberem o impacto que o exercício e uma alimentação equilibrada podem ter na saúde, tanto física como mental. "Nós procuramos mulher anónimas com as quais as outras mulheres anónimas se possam identificar", acrescentou Pedro Lucas.
Inês, Carmen, Sara e Mónica são mulheres muito diferentes, mas que acabam por se complementar. Nenhuma se considera perfeita e todas defendem que o segredo de tudo está no equilíbrio e na forma como nos dedicamos a atingir os nossos objetivos.
Inês Neto, 28 anos, enfermeira
Ao contrário da maioria, Inês começou a praticar exercício com o objetivo "de aumentar de peso de forma saudável". Há 10 anos, o fitness passou a fazer parte da sua vida e com ele foi ganhando gosto pelo desporto. Nunca mais o perdeu. Apesar de ter sido sempre muito magra, admite que a alimentação nem sempre foi a mais correta. "Ser magra e ser saudável são coisas diferentes. Até porque podemos ser magros e ter uma percentagem de gordura muito elevada."
Inês Neto começou a fazer exercício com treinos de musculação, mas recentemente passou a dedicar-se mais à calistenia — uma modalidade que consiste em treinos com o peso do corpo, e onde se trabalha muito a coordenação, a força e a flexibilidade. Para além dos treinos, a alimentação foi essencial para conseguir atingir o objetivo que pretendia. "A minha alimentação mudou muito. Apesar de comer mais, comecei a comer melhor e isso acabou por ter um impacto também no meu bem-estar e na forma como eu me vejo." E isso teve uma influência direta na sua qualidade de vida, no seu dia a dia, e contribuiu para que, hoje, sinta que tem uma melhor saúde em geral.
Inês é enfermeira há sete anos e trabalha numa urgência pediátrica e está a tirar a especialidade em saúde materna e obstetrícia. Os horários incertos e os turnos longos fazem com que tenha de planear a sua semana ao máximo, mas até nos dias mais cansativos não deixa de ter motivação para treinar. Para além dos resultados físicos que o treino lhe traz, o que mais destaca são os benefícios a nível psicológico. "O momento em que estou a treinar é a melhor altura do dia. É quando me esqueço de tudo e estou ali só eu e o meu corpo. Saio dali com muito mais energia e o exercício físico acaba por ter muitos benefícios nesse aspeto. Fico com a autoestima melhor, durmo melhor e sinto-me melhor."
Quando decidiu aumentar de peso, recorreu a um nutricionista para que lhe fosse indicado um plano alimentar, mas, hoje, essa é uma gestão que já consegue fazer sozinha. Apesar de as semanas serem todas diferentes, ao domingo é o dia em que planeia os treinos e as refeições. Mas quando não consegue fazer as marmitas tenta sempre escolher opções mais saudáveis. "Sou muito organizada e acho que isso é a base de tudo: organização e dedicação".
Para Inês, ser uma das Fit Girls da "Women's Health" traz uma responsabilidade. "É poder ser a cara e, se calhar, fonte de inspiração para algumas mulheres que queiram ser a melhor versão delas e felizes no corpo delas, mesmo tendo rotinas loucas. O meu objetivo também é esse. Às vezes as pessoas dizem que não têm tempo para treinar ou para fazer algumas coisa e eu acho que, nesse aspeto, considero-me um exemplo porque mostro que, mesmo trabalhando por turnos, tendo uma carga horária grande e a estudar ao mesmo tempo, há sempre tempo se quisermos realmente ter um objetivo de sermos saudáveis e cuidarmos de nós."
Como enfermeira, refere que acaba sempre por promover, no trabalho, estilos de vida saudáveis e a participação neste concurso foi uma forma de o fazer de maneira diferente. "Acho que cada mulher consegue ser a melhor versão dela própria, se quiser e se se dedicar."
Carmen Consiglieri, 31 anos, personal trainer
Carmen faz exercício físico desde os 4 anos. Foi com esta idade que começou a praticar ginástica acrobática, mas pelo caminho andou ainda no ballet, jogou basquetebol e até praticou ténis. Aos 18 anos deixou de se dedicar à ginástica de uma forma tão "séria" — idade que coincidiu com a entrada na universidade.
Com 31 anos, Carmen Consiglieri é licenciada em Educação Física. Após ter terminado o curso, começou a trabalhar como instrutora de fitness, mas com a prática foi percebendo que o treino personalizado era a área de que mais gostava. Participar do concurso das Fit Girls foi assim encarado como uma forma de poder também divulgar o seu trabalho.
A alimentação nem sempre foi uma preocupação para Carmen. "Até sair da universidade, não tinha cuidados rigorosamente nenhuns, era a típica estudante universitária que não se preocupava com isso. As pessoas têm a ideia de que quem está a tirar desporto é muito saudável, mas acho que às vezes até é o contrário, somos os mais descontraídos nesse sentido. Só quando comecei a trabalhar é que me comecei a preocupar mais com a alimentação", assume, referindo que este é um aspeto tanto ou mais importante do que o exercício.
"Não se consegue um corpo saudável só com o exercício nem só com a alimentação. Mas diria que a alimentação é 80% responsável por um corpo saudável, por isso, não nos serve de muito sermos rigorosos nos treinos para depois estragarmos tudo com uma ingestão calórica superior à que nós gastamos".
"Não sou aquela pessoa que não toca num chocolate. Acho que o equilíbrio é a palavra de ordem."
Apesar de ter atualmente muito cuidado com aquilo que come, afirma não ser o tipo de pessoa que não toca num chocolate ou num doce. "Eu acho que o equilíbrio é a palavra de ordem. Faço um esforço para, durante a semana, estar disciplinada e evitar ao máximo aqueles deslizes, mas se, no fim de semana, me apetecer uma sobremesa e um copo de vinho não quero ser aquela prisioneira do corpo perfeito que não pode comer um chocolate a mais. Acho que isso também não traz saúde."
Como personal trainer, diz que o grande problema da maioria das pessoas é quererem mudar o estilo de vida por alguém e não por elas próprias. "Há muitas pessoas que me procuram e que percebo nitidamente que é o marido ou filho que quer que ela treine ou que ela emagreça. Quando é esse o caso, é muito complicado ajudar essa pessoa. Tem de ser a própria a ter essa motivação e essa vontade porque isso é logo uma grande ajuda."
Carmen realça que tanto na alimentação como no exercício é importante que as pessoas não queiram "dar um passo maior do que a perna porque o que se pretende é ter resultados a longo prazo" e que não façam uma mudança drástica. Tal como Inês Neto, Carmen acredita que qualquer mulher pode ser uma Fit Girl, basta querer. "Apesar de ser personal trainer, não sou a pessoa que se alimenta melhor, nem exemplo de quem não faz um disparate, mas sou disciplinada e motivada. Acima de tudo, quero o meu bem estar e a minha saúde na sua plenitude e trabalho diariamente para isso. Não só pela parte física, mas também pela parte emocional, porque uma coisa leva à outra."
Sara Veloso, 35 anos, economista
Sara Veloso é economista, mas a paixão pelo conhecimento e pelo desporto fez com que decidisse investir em formações relacionadas com esta área, estando neste momento a tirar o curso de técnica especialista em exercício físico. Ao contrário de Carmen, nunca foi atleta, mas o desporto sempre fez parte da sua vida e desde os 18 anos que os ginásios são como uma segunda casa. Treina, sobretudo, porque gosta, porque tira prazer de fazer exercício, e não apenas porque procura atingir resultados.
Ser escolhida como uma das Fit Girls foi uma coisa estranha no mundo e na vida de Sara, ela que se considera pouco atenta e pouco presente no mundo das redes sociais. Participou no desafio depois de ter sido incentivada por um amigo e acabou por se inscrever no concurso mais como uma forma de se motivar a ela própria. "Foi esse amigo que tratou da minha inscrição e foi assim que começou o processo, mas nunca acreditei que pudesse ser selecionada. Nunca me vi nesse papel."
Em 2015, descobriu a paixão pelo CrossFit, modalidade que praticou de forma dedicada e intensa. Mesmo que quisesse sair, não conseguia, já que criou na box fortes relações de amizade, um outro lado que o desporto também acrescenta. Mas acabou mesmo por mudar de treino, muito porque sentia que a transformação no seu corpo promovida pela carga do CrossFit não eram aquilo que queria e que mais gostava. "Eu sempre fui magra e com o CrossFit ganhei muita massa muscular e aquilo fazia-me um bocadinho de confusão. Eu adoro o estímulo e toda a comunidade que o CrossFit cria, mas, por outro lado, não estava a reconhecer-me naquele corpo tão tonificado, principalmente na parte superior."
Ir trabalhar um ano para a Lituânia acabou por ser o momento decisivo para mudar o treino. Quando regressou para Portugal, Sara inscreveu-se num ginásio, onde começou a ter treinos de musculação com um personal trainer. Já com o início da pandemia, em 2020, começou a treinar com a equipa da Move HIIT, que recentemente lançou uma plataforma de treinos em casa (pode saber mais aqui), com quem continua a treinar, e com quem colabora.
"Não sou nada fundamentalista e acho que o extremismo nos leva a uma obsessão que não é saudável."
Sara Veloso, uma famalicense a viver em Lisboa desde 2008, sempre foi educada com base numa alimentação mediterrânea. "Sempre comemos muitos grelhados, muita verdura e muita fruta. A minha mãe também sempre se preocupou muito com a alimentação e sempre teve muitos cuidados com o que nos dava. Cresci já com base numa educação alimentar regrada e rigorosa no sentido de ser saudável e nutritiva."
A economista acredita que o corpo se vai adaptando aos nossos hábitos e, por isso, procura ser regrada com o que come, o que não quer dizer que não cometa alguns excessos de vez em quando. "Não sou nada fundamentalista e acho que o extremismo nos leva a uma obsessão que não é saudável. Para além da saúde física, acho que a saúde emocional também é muito importante. Por isso, se há algum alimento de que gosto muito, mesmo não sendo saudável, considero que devo integrá-lo na minha alimentação por uma questão emocional. Não sempre, mas às vezes".
Segundo Sara Veloso, o importante é sabermos que o exercício físico também ajuda a compensar alguns excessos que, por vezes, possamos cometer na alimentação. "É tudo uma questão de equilíbrio e é isso que eu tento trazer para a minha vida, tanto em termos de exercício como na alimentação e em tudo o resto."
Sara defende que ser Fit Girl não deve ser um objetivo, mas sim um estilo de vida. "Eu acho que as pessoas não devem entrar num dieta ou começar a fazer exercício para ser capa de revista ou para ser uma Fit Girl. Acho que as pessoas devem fazer as coisas com paixão, pois só assim é que conseguem alcançar os resultados."
Ao ser uma das representantes da "Women's Health" espera conseguir mudar algumas mentalidades e mostrar o quão feliz é ao praticar este tipo de estilo de vida. "Tudo isto que eu faço por mim faz-me todo o sentido, faz-me feliz e vivo com paixão estas minhas rotinas. Por acreditar nelas, gostaria de as passar a outras mulheres".
Mónica Silva, 35 anos, personal trainer
Mónica sempre esteve ligada ao desporto, mas quando entrou na universidade optou por um curso de Arquitetura. Formou-se, mas devido ao facto de ter terminado a licenciatura nos anos de maior crise em Portugal, o trabalho na área de formação era pouco e acabou por ir viver dois anos para o Dubai, onde foi hospedeira de bordo da Emirates.
Passados dois anos, decidiu regressar e, em 2017, entrou na licenciatura de Ciências do Desporto e Educação Física na Universidade de Coimbra. Ainda antes de terminar o curso, começou a ter contacto com o mundo do trabalho e atualmente é personal trainer e treinadora de CrossFit numa box.
Mónica já tinha conhecimento do concurso da "Women's Health" muito antes de se inscrever e admite que a vontade de se colocar à prova e "sair da zona de conforto" foi fator de decisão para avançar com a candidatura. Para além disso, achou que esta era uma boa oportunidade para dar a conhecer o seu trabalho e os valores que defende. "Gostava de consciencializar as pessoas para a importância da prática da atividade física, que é também o que representa a revista. Dar o meu contributo e ajudar com o conhecimento que tenho, de forma a melhorar a vida, quer a nível físico quer a nível mental, de todos os leitores."
"O exercício físico é algo que devia funcionar como lavar os dentes."
Tal como Sara, Carmen e Inês, Mónica considera que mais do que para ter um corpo bonito e atlético, o exercício serve para nos ajudar a ser pessoas melhores e mais saudáveis, de uma forma holística. Também não é apologista de uma alimentação sem qualquer tipo de desvios. Na sua opinião, comer um chocolate ou beber um copo de vinho também é saudável, basta que saibamos encontrar o equilíbrio.
"É tudo uma questão de disciplina, principalmente na parte do exercício físico. O que eu acho que é importante reforçar, e devia ser entendido por toda a gente, é que o exercício físico é algo que funciona como lavar os dentes. Da mesma forma que lavamos os dentes para evitar ter cáries, o exercício físico serve para melhorarmos a nossa saúde e prolongarmos a nossa vida. Ao fazermos isso, inevitavelmente, vamos conseguir atingir a parte secundária — que é a parte estética."
Mais do que melhorar a imagem ou mudar de estilo de vida por alguém, Mónica defende que as pessoas o devem fazer por vontade própria e à medida que vão adotando outros hábitos vão também percebendo que tanto o exercício físico como a alimentação cuidada trazem outros benefícios, como por exemplo, começar a dormir melhor.
Mónica encara esta participação como uma oportunidade de inspirar outras mulheres e mostrar que para sermos saudáveis devemos, acima de tudo, encontrar um equilíbrio entre aquilo que nos faz felizes e o que nos faz bem. "Ser feliz é o essencial para a parte mental. Assim como um dia de dieta não emagrece, um dia de mais porcarias não vai engordar. Se me apetece um chocolate, eu como um chocolate. As pessoas têm de ser felizes e o resto é tudo uma questão de equilíbrio e harmonia."