Um casal entregou a filha de 8 anos com autismo para adoção porque não consegue viver com as necessidades especiais da criança. As muitas limitações a que estão sujeitos devido à condição da menina obrigaram os pais a viver, em grande parte do tempo, em função da filha, o que destruiu a vida matrimonial, algo que eles não querem. As rotinas que cumpriam eram "por obrigação" e não por amor à filha, acabou por admitir a mãe na rede social Reddit. "Não a amamos".

O casal está junto há vários anos, mas casou-se há apenas 7, quando a filha já tinha perto de 1 ano. E é mais ou menos desde essa altura que a vida se transformou por completo, e para pior, queixam-se os dois. Foi por aí que foi diagnosticada à filha um transtorno de personalidade evasiva, uma condição que faz com que a criança tenha muita dificuldade em ficar sozinha, gerando-lhe grandes crises de ansiedade. “Ela tem extrema ansiedade de separação. Na escola, isso pode levar a que agrida os seus colegas sem motivo. Em geral, é uma criança com quem é muito difícil de se conviver”, lamentou a mãe na rede social.

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A consequência deste comportamento foi uma total alteração de hábitos sociais do casal. “Não podemos ir nem a um jantar de aniversário sem que ela tenha um ataque de pânico e comece a espumar pela boca. Parece que ela faz isso de propósito. Já consultámos vários psicólogos e psiquiatras, mas nenhum tipo de intervenção médica ajudou”.

Ao longo do tempo, a mãe foi-se desgastando com a situação, mas foi gerindo isso achando que "assim que ela fizesse 18 anos" terminaria a função dos pais. "Não teríamos de a abrigar mais", pensava. "Mas esse pensamento faz-me parecer um monstro", disse. Só que tudo aquilo que faz pela filha, lembrou a mãe, "é por pura obrigação de ser mãe". "Não faço nada disso porque a amo”.

A decisão de entregar a filha para adoção não foi fácil de tomar nem é fácil de gerir. "Eu choro todas as noites no banho. O meu marido sabe que estou deprimida. Mas é impossível cuidar dela, criá-la e amá-la. Sinto-me uma péssima mãe, mas também sinto que a nossa filha é a pessoa mais cruel que já conheci”. No desabafo na rede social, esta mãe, que preferiu manter o anonimato, diz que com a adoção não quer passar o problema a outra pessoa, mas acredita que alguém terá mais capacidade do que ela para tratar da criança, e que possa amá-la. "Eu sei que toda a gente me vai querer matar por fazer isto, mas a verdade é que eu não quero ter nenhuma relação com a minha filha. Ela não é ninguém para mim".