Depois de confirmada a decisão de que o processo que acusa príncipe André de abusos sexuais vai mesmo para a frente, David Boies, advogado da alegada vítima Virginia Giufre, já se manifestou face às expectativas da cliente e garante que nenhuma quantia monetária, "por si só", será suficiente para encerrar o caso.
"Acho que é muito importante para Virginia Giufre que este assunto seja resolvido de uma forma que a reivindique não só a ela, mas às outras vítimas também", disse Boies, em declarações à BBC, esta quinta-feira, 13 de janeiro.
Nas quais deixa claro que Giufre ainda "não tem uma visão clara daquele que deve ser o desfecho [do caso]", com a ressalva de que "é importante que legitime a sua cliente e o seu testemunho".
Em causa estão alegados abusos sexuais, que datam de 2001, quando a alegada vítima teria apenas 17 anos, e uma suposta ligação do príncipe à rede de tráfico do magnata milionário acusado de tráfico sexual nos Estados Unidos, Jeffrey Epstein.
Príncipe André negou todas as acusações
A vítima de 38 anos, com 17 anos à altura dos alegados abusos, terá sido escrava sexual do multimilionário norte-americano Jeffrey Epstein – posteriormente preso por abuso e tráfico de menores em julho de 2019 –, durante aproximadamente quatro anos, e alegadamente 'emprestada' pelo magnata ao príncipe André para propósitos sexuais não consensuais.
Até à data, o príncipe André negou todas as acusações e os advogados do duque de Iorque chegaram a alegar que o processo interposto por Giufre não seria válido, depois de ter sido divulgado um acordo que revela que Jeffrey Epstein pagou 500 mil dólares (443.000 euros) à alegada vítima para desistir do caso — num documento que serve ainda para "ilibar para sempre" qualquer potencial réu, incluindo príncipe André.
No entanto, o juiz recusou-se a arquivar o caso e explicou a rejeição da moção do príncipe André com o facto de ser prematuro considerar a mesma. "O trabalho do tribunal, nesta fase, é simplesmente determinar se há duas ou mais interpretações razoáveis daquele documento (acordo de 2009). Se há, a determinação de verdade deve esperar pelos procedimentos seguintes", pode ler-se no documento oficial.
De acordo com a decisão de Lewis Kaplan, citada pela CNN, a queixa apresentada pela alegada vítima não é “vaga” nem “ambígua”, já que são alegados “incidentes distintos de abuso sexual em circunstâncias particulares em três locais identificáveis” e, ainda, "identifica a quem atribui esse abuso sexual".
Assim, o duque de Iorque vai mesmo a julgamento por alegados abusos sexuais a Virginia Giufre, quando esta ainda seria menor, naquela que será a primeira vez que um membro da família real britânica está envolvido num processo judicial deste teor.
Até à data, não há qualquer referência à possível data do julgamento.