A tenista Peng Shuai, desaparecida depois de ter acusado, no início de novembro, um ex-alto cargo do governo chinês de agressão sexual, deverá aparecer em público brevemente. A informação foi dada este sábado, 20 de novembro, pela voz de Hu Xijin, diretor do jornal "Global Times", associado e controlado pelo governo chinês, depois de várias vozes se terem unido para pedir provas irrefutáveis que garantissem a saúde e o bem-estar da atleta.
"[A tenista] está em casa e aparecerá em público brevemente para participar em algumas atividades", revelou Hu Xijin. As declarações surgem na mesma altura em que foram divulgadas algumas imagens no Twitter — cujo acesso é bloqueado na China — que mostram a tenista rodeada de peluches.
Ainda que estas sejam as primeiras imagens da tenista divulgas após a acusação de agressão sexual, não é possível confirmar quando e onde é que as imagens terão sido registadas.
No início de novembro, a tenista Peng Shuai, 35 anos, vencedora de 23 títulos de pares femininos (dois dos quais, Wimbledon e Roland Garros, em 2013 e 2014, respetivamente), acusou o ex-vice-primeiro-ministro, Zhang Gaoli, 75, de agressão sexual. Na acusação tornada pública, Peng Shuai descreve que conheceu Zhang Gaoli — que assumiu o cargo de vice-primeiro-ministro entre 2013 e 2017 — no início da sua carreira e que terá sido desde então que ambos mantiveram uma relação de intimidade consensual.
Terá sido logo após a sua saída do governo, em 2017, que Gaoli a terá forçado a ter relações sexuais, depois de a ter convidado para jogar ténis em sua casa.
E-mail enviado por Peng Shuai levanta suspeitas
Desde a acusação, no entanto, nunca mais ninguém viu, leu ou ouviu Peng Shuai. A tenista desapareceu do olhar público, levando a Associação de Tenistas Profissionais (ATP, na sigla original) a demonstrar, pela voz do seu presidente, Andrea Gaudenzi, preocupação acerca da segurança e bem-estar da atleta.
O silêncio, no entanto, dissipou-se esta quarta-feira, 17, quando um e-mail alegadamente enviado por Peng Shuai a Steve Simon, responsável pelo circuito feminino de ténis (WTA, na sigla original), foi divulgado pela principal emissora chinesa, controlada pelo governo.
A mensagem, que parece assinada pela atleta, foi divulgada depois de a WTA ter pedido uma investigação em força para corroborar as acusações. E o seu conteúdo levantou ainda mais suspeitas acerca do seu paradeiro, já que alega que acusações não são, afinal, verdadeiras.
"As informações que constam naquele comunicado de imprensa [emitido pela WTA] não são verdadeiras, inclusive a de agressão sexual. Não estou desaparecida nem em risco. Tenho estado a descansar em casa e está tudo bem. Obrigado pela vossa preocupação", lê-se.
Peng Shuai não é vista desde o início de novembro e não há quaisquer garantias de que esteja em casa ou que tenha sido ela a assinar o e-mail entretanto divulgado.