Donald Trump quer banir a plataforma de vídeo TikTok dos Estados Unidos, revelou na sexta-feira, 31 de julho, quando estava com vários jornalistas no avião Air Force One, a voar da Flórida para Washington.

"No que diz respeito ao TikTok vamos bani-lo dos Estados Unidos", disse, sem especificar de que modo é que pretende abolir a rede social desenvolvida pela China. “Bem, eu tenho essa autoridade. Posso fazer isso com uma ordem executiva assim”, disse. A decisão do governo Trump representa mais um passo na deterioração das relações entre Washington e Pequim, surgindo uma semana após os EUA terem fechado o consulado chinês em Houston, levando a China a fechar o consulado americano em Chengdu.

Sobre as novas declarações, um porta-voz do TikTok sublinhou, em comunicado, o facto de que a empresa ajudou a criar postos de trabalho nos Estados Unidos, estando comprometida com a privacidade dos utilizadores. "Contratámos quase mil pessoas só para a nossa Equipa nos Estados Unidos e este ano estamos orgulhosos de contratar outros 10 mil funcionários para grandes empregos remunerados em todo o país", disse. "Os dados dos utilizadores do TikTok estão armazenados nos Estados Unidos com controlos rigorosos no acesso dos funcionários."

Segundo este porta-voz, os investidores maiores do TikTok provém do país americano. Reforça a ideia da privacidade: "Temos o compromisso de proteger a privacidade e a segurança de nossos utilizadores, enquanto continuamos a trabalhar para trazer alegria às famílias e carreiras significativas para aqueles que criam na nossa plataforma."

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Os comentários de Donald Trump surgem na sequência de, na sexta-feira, a Microsoft ter tido conversas no sentido de comprar o TikTok à empresa chinesa ByteDance, soube o canal CNBC, junto de uma fonte próxima. Segundo esta mesma pessoa, esta conversa não é de agora — a ideia já vinha a ser discutida.

Aos jornalistas, Donald Trump disse que não apoiava a compra, que poderia transformar a Microsoft, uma empresa fornecedora da software, que passaria assim a deter negócio focado na tecnologia do consumidor. A Microsoft não quis comentar as alegadas negociações. "Embora não comentemos rumores ou especulações, estamos confiantes no sucesso a longo prazo do TikTok", disse a gigante tecnológica, em comunicado.

A ByteDance lançou o TikTok em 2017. A aplicação tornou-se ainda mais popular durante a pandemia, com mais de dois mil milhões de downloads em abril, dizem dados do Sensor Tower. A app está avaliada em 50 mil milhões, disse a agência Reuters, citada pelo mesmo canal.

A ascensão do TikTok, que terá boicotado o seu comício, em Tulsa, em junho, levou a que os Estados Unidos analisassem a aplicação. No início do mês, o secretário de estado Mike Pompeo disse que o país estava a pensar proibir a aplicação, assim como outras plataformas chinesas, alegando preocupações relacionadas com a segurança nacional.

O secretário de estado comparou a análise da aplicação à das empresas de tecnologia chinesas Huawei e ZTE, que Pompeo descreveu como "cavalos de Tróia para a [serviços de] inteligência chinesa."

Foi em 2018 que o Pentágono interrompeu as vendas dos telefones e modems das marcas Huawei e ZTE em bases militares de todo o mundo, alegando, novamente, questões de segurança nacional e roubo de propriedade intelectual americana, que terá roubado muitos milhares de milhão em receita e empregos. O Pentágono terá também desencorajado  os membros dos serviços americanos, e as suas famílias, de usarem a tecnologia desenvolvida e apoiada pela China.

Já em dezembro, a Agência de Sistemas de Informação de Defesa aconselhou que todos os membros do Departamento de Defesa a não usar redes sociais detidas pela China, citando um "potencial risco associado à utilização da aplicação TikTok."