Já sabíamos que o preço do pão, do gás e da energia vai subir, mas nada se tinha ainda ouvido falar sobre o café. Contudo, devido ao aumento do preço das matérias-primas, é provável que isso também aconteça com o café, embora o acesso ao mesmo não esteja em risco, de acordo com a Cláudia Pimentel, secretária-geral da Associação Industrial e Comercial do Café (AICC).
"A cadeia de valor toda do café aumentou, portanto, é natural que isso [referindo-se ao aumento do preço] aconteça", embora seja uma decisão das empresas, segundo a secretária-geral da AICC à agência Lusa, de acordo com o "Diário de Notícias".
A potencial subida do preço do café deve-se a vários aumentos que sustentam o setor: o valor das embalagens, do transporte marítimo que transporta o café por todo o mundo e do café verde que chega aos torrefatores em Portugal — um forte responsável pelo aumento previsto. O café verde é "produzido em países longe e que depende das condições climáticas e da produção anual e, portanto, este ano o preço do café subiu muito", explicou Cláudia Pimentel.
Não obstante à produção deste ano e o facto de cada contentor demorar atualmente "mais três meses do que antigamente" a chegar a Portugal, a responsável da AICC está confiante de que isso não terá influência na quantidade de café disponível. "Todas as empresas torrefatoras têm 'stocks'", garante e acrescenta que o café tem a vantagem de ser "um produto com uma longa duração".
A secretária-geral da Associação Industrial e Comercial do Café lembra ainda que o hábitos de consumo de café em Portugal mudaram com a pandemia, havendo mais pessoas a beber café em casa — panorama que poderá ser reforçado com as novas medidas de combate à evolução da COVID-19 em Portugal. Assim, menos pessoas vão sentir o aumento do preço do café, mas a restauração sentirá o impacto.
"Infelizmente para o setor do café, eu acho que o setor da restauração vai-se ressentir desta nova vaga e, portanto, acho que as vendas de café vão voltar a baixar no setor da restauração", lamenta Cláudia Pimentel.