Marta Temido, ministra da Saúde, garante que "não se pode falar em descontrolo" quando o assunto é a evolução do surto do novo coronavírus na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Mas admite que se trata de "uma situação de sobressalto que não nos deixa estar tranquilos", em entrevista esta quarta-feira, 1 de julho, à RTP3.

"Aquilo que nos inspira maior preocupação é estarmos com um planalto persistente, com dificuldade em quebrar cadeias de transmissão e com algumas questões ainda por responder relativamente às circunstâncias que justificam esta situação", referiu, numa altura em que, em toda a região de LVT, há 7.761 casos de infeção ativos em comunidade.

Para refutar a ideia de um "descontrolo" na região, a ministra da Saúde apontou para os dados mais recentes ao rácio de transmissibilidade (RT) da doença, avançados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. É que entre 24 e 28 de junho, o valor estava fixado nos 0.99 em todo o País, inclusive na região de LVT, a mais afetada até agora. Na região norte e no Alentejo, o valor era de 1.05 durante o mesmo período.

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Para combater a maior dificuldade em LVT, ou seja, quebrar as cadeias de transmissão, Marta Temido refere que o rastreio de contactos, os inquéritos epidemiológicos e o acompanhamento diário de quem esteve em contacto com alguém infetado, ou que acabou, ele próprio, por ser contagiado, são, juntamente com rapidez dos resultados laboratoriais, fundamentais para o sucesso.. É uma aprendizagem que, refere, "as autoridades de saúde estão a fazer" em tempo real.

Quanto às críticas de que as autoridades de saúde têm sido alvo, a ministra da Saúde explica que "aquilo que está a ser eventualmente suscitado é que precisamos de maior eficiência".

A resposta surge dias depois de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, ter dito que "com maus chefes e pouco exército não é possível ganhar esta guerra". No entanto, o próprio já veio a público dizer que as suas críticas se circunscreviam às chefias regionais.

"Fui muito claro nas declarações que fiz. Referi-me específica e circunscritameente às chefias de âmbito regional e à equipa que está hoje no terreno, de âmbito regional", explicou o autarca numa entrevista ao podcast "Política com Palavra", do Partido Socialista, que será lançado esta quinta-feira, 2 de julho.

Na quarta-feira, 1 de julho, o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde referente ao número de novos casos de infeção por COVID-19 dava conta de um total de 42.454 caso, um aumento de 313 infetados face ao dia anterior. As mortes são já 1.579, mais três do que as de terça-feira.