A vacina da Johnson & Johnson vai ser administrada em Portugal "sem constrangimentos". A informação foi avançada esta quarta-feira, 21 de abril, em conferência de imprensa, no contexto do balanço do plano de vacinação da COVID-19 em Portugal, onde compareceram a ministra da saúde, Marta Temido, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, e o responsável pelo grupo de trabalho, Henrique Gouveia e Melo.

Após esta terça-feira, 20, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ter considerado os benefícios do fármaco superiores ao risco da toma, o presidente do Infarmed frisou que "não há nenhuma razão para constrangimento da utilização das vacinas", tendo Marta Temido acrescentado que a avaliação da restrição etária do imunizante ainda está a ser feita.

Vacina da Johnson & Johnson deverá ser dada apenas a pessoas com mais de 60 anos
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"Em relação à vacina da Johnson & Johnson, aquilo que as nossas autoridades nacionais, nomeadamente a cominação técnica de vacinação, vai fazer é analisar os documentos escritos que a Agência Europeia disponibilizou e fazer uma tradução desta regra para a nossa realidade nacional. Vale apena sublinhar que, neste momento, o plano de vacinação para Portugal é focado no grupo etário de mais de 60 anos. Na próxima fase, estamos mesmo focados nos mais de  70 anos e portanto, neste momento, não há qualquer restrição à utilização desta vacina nesse grupo etário", reiterou a ministra da Saúde.

"Temos 31.200 doses desta vacina e estão previstas novas entregas e, tal como outros países, com a maior brevidade possível esperamos retomar esta vacinação", acrescentou. O motivo da avaliação feita pela EMA prende-se com os oito casos reportados (incluindo uma morte) de eventos tromboembólicos após a toma deste imunizante, tal como já tinha acontecido com a vacina da AstraZeneca. Mas as autoridades nacionais de saúde voltaram a frisar que esta é uma percentagem muito pequena que não deve pôr em causa a sua toma, tal como referiu a Agência Europeia .

Portugueses com mais de 60 anos vacinados até ao final de maio

Logo no início da conferência de imprensa, Marta Temido começou por anunciar que "vamos agora entrar numa fase de maior disponibilidade de vacinas", após um problema de escassez, o que fará com o processo acelere. Esta quarta-feira, a ministra da Saúde assegurou também que, até ao final de maio, todas as pessoas com mais de 60 anos estarão vacinadas contra a COVID-19 com, pelo menos, uma dose.

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"Com os dados que temos disponíveis até à data, 96% dos óbitos do nosso País aconteceram em pessoas com mais de 60 anos e se conseguirmos a sua vacinação, como disse e como estimamos que consigamos, até à terceira semana de maio, teremos este grupo que foi o mais atingido pela letalidade devido à COVID-19 protegido."

No plano de vacinação revisto surgem ainda algumas alterações, como o facto de doenças mais prevalentes, como diabetes tipo dois ou hipertensão arterial, deixarem de estar na lista. Mas entram outras, como é o caso de doenças oncológica ativas, pessoas em situação de transplantação, pessoas com imunossupressão, pessoas com doenças neurológicas ou pessoas com doença mental como esquizofrenia— sem estipular limite de idade.

Quanto aos doentes já recuperados da COVID-19, vão começar a ser chamados quando as pessoas com mais de 60 anos já estiveram vacinadas com, pelo menos, uma dose. O facto de existirem mais doses disponíveis faz com que, segundo Graça Freitas, os mais idosos sejam vacinados "rapidamente". "Nessa altura começaremos a vacinar as pessoas que tenham recuperado da doença há mais de seis meses", afirmou a diretora-geral da Saúde.

No caso da vacina da AstraZeneca, Portugal espera mais informações da Agência Europeia para tomar uma decisão quanto à segunda dose. A informação deverá ser partilhada até sexta-feira, 23 de abril.