11% dos portugueses não vê qualquer problema, e considera-o até um ato aceitável em circunstâncias específicas, monitorizar e espiar o parceiro sem o seu consentimento ou conhecimento. Esta é uma das conclusões tecidas pela Kaspersky, uma empresa especializada em cibersegurança, através de um novo estudo que contou com a resposta de mais de 21 mil participantes em todo o mundo, do qual Portugal também fez parte.

Entre os 11% que acreditam que há circunstâncias capazes de justificar a monitorização do parceiro, quase dois terços (o que representa 64% dos inquiridos) admitem que o fariam se suspeitassem de infidelidade; se a monitorização tivesse que ver com suspeitas sobre a sua segurança (56%) ou se acreditassem que o parceiro estava envolvido em quaisquer atividades criminosas (48%).

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Mas os dados não se ficam por aqui, com 6% dos inquiridos em Portugal a afirmar que já lhes foi pedida a instalação de uma aplicação de monitorização nos seus equipamentos informáticos.

Além disso, 15% dos participantes revelou já ter sido vítima de alguma forma de violência ou abuso por parte do parceiro, uma vez que a monitorização digital também pode ser considerada uma forma de exercer controlo nas relações íntimas e interpessoais.

Esta conclusão surge acompanhada de outra: a de que Portugal é o 12.º país da União Europeia a ter mais utilizadores afetados por stalkerware — ou seja, ferramentas digitais capazes de ler e conhecer, em tempo real, as comunicações, os movimentos físicos e a atividade online da pessoa visada. Apesar disso, 55% dos inquiridos para este estudo demonstrou desconhecimento sobre a existência destas ferramentas.

Para Vanessa Gonzalez, diretora de comunicação da Kaspersky Ibéria, a investigação em causa não deixa margem para dúvidas. “As conclusões do nosso estudo demonstram bem como estas ferramentas e plataformas, e o fenómeno do stalkerware em geral, são desconhecidos por grande parte da sociedade, demonstrando a importância e urgência em sensibilizar os indivíduos para estes temas, consciencializando-os dos perigos e partilhando formas de se manterem seguros", diz.

Outra das conclusões da investigação mostra que 83% dos portugueses confrontaria o seu parceiro caso descobrissem que estavam a ser monitorizados e que 39% estão preocupados com a eventualidade de o parceiro violar a sua privacidade online.