Áurea Silva, 40 anos, professora de Matemática e Ciências no Agrupamento de Escolas Fernando Pinto de Oliveira, morreu no final de março depois de ter estado apenas três dias internada no Hospital de São João, no Porto.

A mulher sofria de uma doença auto-imune, mas foram a febre e a tosse do marido, um motorista de pesados, hipertenso, que a fizeram entrar em alerta. Estava com sintomas suspeitos, como se pode ler no grupo de Facebook "COVID-19 Dúvidas Respondidas por Profissionais de Saúde", onde começou por descrever a temperatura do homem:

"O meu marido tem estado com febre. Por volta das 4h da manhã estava com 37,3º. Por volta das 5h tomou um ben-u-ron 1000. Como estava a trabalhar foi para a cama e quando acordou, por volta das 13h30, estava com 37,8º. Tomou novamente ben-u-ron 1000. A partir das 14h fomos vigiando a febre de 2 em 2h com registos nos 36º. Às 20h estava com 37,2º e passado meia hora estava ja com 38º .Tomou novamente medicação. Apresenta alguma tosse, por vezes com alguma expectoração. Dores nas costas na zona dos rins, dores de cabeça, moleza no corpo. A típica de uma gripe comum", pode ler-se.

"Apresenta alguma tosse, dores nas costas, dores de cabeça, moleza no corpo. (...) Tem falta de apetite, apresenta os lábios um pouco arroxeados."

No mesmo post, a mulher refere que já havia tentado entrar em contacto com a Linha SNS 24, mas sem sucesso — a chamada caía sempre. Além disso, acrescentava que o marido já tinha sido feito o teste para o vírus, cujo resultado tinha dado negativo. "De referir que no sábado passado fez teste ao COVID no Hospital de São João o que deu negativo. Já ligamos para a saúde 24 mas ainda sem sucesso de atendimento. Fazem o primeiro rastreio e depois vem abaixo a chamada."

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A 11 de março, Áurea teve uma deficiência respiratória e foi internada no Hospital de São João, tendo tido alta a 17 do mesmo mês, avança o jornal "Correio da Manhã". Foi-lhe diagnosticado um início de pneumonia e, a 21 de março, foi submetida ao teste da COVID-19, a que também deu negativo.

Mas, em poucos dias, a história deu uma volta infeliz. A professora voltou a ter sintomas da infeção respiratória, fez novo teste a 25 de março no mesmo hospital e soube-se que estava afinal infetada. Depois de três dias de internamento e tratamento, Áurea Silva acabou por não resistir e morreu no início de abril. O marido continua a recuperar, avança o mesmo jornal.