Atualização (12h08): os funcionários do grupo Impala estiveram sem acesso remoto aos computadores (o que inclui acesso a sites e emails) mas a empresa criou uma forma temporária de acesso sem recurso ao uso da VPN da empresa. Os emails estão, contudo, inacessíveis. A MAGG sabe que nenhum dos funcionários recebeu qualquer informação relativa às detenções por parte da administração. 

Jacques Rodrigues, 83 anos, um dos mais antigos barões dos media em atividade em Portugal, foi detido pela Polícia Judiciária esta quinta-feira, 23 de março. O dono do grupo Impala, que detém títulos como as revistas "Nova Gente", "TV 7  Dias" e "Maria", é acusado de crimes relacionados com insolvência dolosa, corrupção e burla agravada.

O empresário, que declarou insolvência pessoal há vários anos — sendo que uma das empresas que detém os títulos declarou também insolvência em outubro de 2022 —, acumula milhões de euros em dívida a credores, nomeadamente a fornecedores, trabalhadores e ex-trabalhadores do grupo Impala, e ao Estado, um montante que ascende aos 100 milhões de euros, de acordo com a CNN Portugal.

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Os problemas com dívidas do empresário são sobejamente conhecidos há vários anos, tendo já sido alvo de várias ações coletivas de trabalhadores e ex-trabalhadores em tribunal, que exigiam o pagamento de salários em atraso.

Agora, Jacques Rodrigues é acusado de corrupção, tendo, alegadamente, montando um esquema de ocultação de capitais para não pagar aos credores. "Em causa está uma investigação criminal cujo objeto visa um plano criminoso traçado para, entre o mais, ocultar a dissipação de património, através da adulteração de elementos contabilísticos de diversas empresas, em claro prejuízo de diversos credores, v.g., os trabalhadores, fornecedores e o Estado, estando reconhecidos créditos num valor total de cerca de 100 milhões de euros", refere a Polícia Judiciária em comunicado.

No âmbito da operação especial da PJ, com o nome "Última Edição", o empresário foi detido esta manhã, na sua casa na Quinta da Marinha, em Cascais, sendo que as autoridades também procederam à detenção de Jacques Rodrigues Junior, filho do empresário, bem como de um advogado e de um revisor oficial de contas. De acordo com a CNN Portugal, os três homens serão os alegados cúmplices do dono da Impala, e terão participado nos esquemas financeiros para dissipar capitais.

"A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, procedeu, no dia de hoje e no âmbito de inquérito titulado pelo DIAP de Sintra, à realização de uma operação policial visando a execução de 32 mandados de busca, designadamente, oito buscas domiciliárias e 24 buscas não domiciliárias", pode ler-se em comunicado da PJ sobre a operação desta quinta-feira. A ação policial decorreu em Lisboa, Sintra, Cascais, Oeiras, Amadora, Santo Tirso, Porto, Matosinhos e Funchal, inclusivamente com buscas no edifício da Impala.

"Procedeu-se ainda ao cumprimento de quatro mandados de detenção fora de flagrante delito e à constituição de dez arguidos. A operação em apreço visou a recolha de elementos probatórios complementares e relacionados com suspeitas de atividades criminosas fortemente indicadoras da prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, insolvência dolosa agravada, burla qualificada e falsificação ou contrafação de documentos", refere o mesmo documento.

Os quatro detidos, incluindo Jacques Rodrigues, vão ser presentes no Tribunal de Instrução Criminal de Sintra, "para realização do primeiro interrogatório judicial de arguidos detidos, visando a aplicação de medidas de coação tidas por adequadas", refere a PJ. No entanto, a CNN Portugal refere que o empresário de 83 anos pode mesmo ficar em prisão preventiva.

Trabalhadores da Impala sem acesso aos computadores

Com a sede da Impala, em Sintra, a ser também alvo de buscas pela Polícia Judiciária, os trabalhadores do grupo Impala, tal como vários jornalistas das revistas e respetivos sites da "Nova Gente", "TV 7 Dias" e "Maria", entre outros, perderam o acesso remoto aos computadores, apurou a MAGG, e os telefones da empresa também foram confiscados.

"As buscas realizadas visaram a recolha de elementos probatórios de diversa natureza, tendentes ao esclarecimento dos factos objeto de inquérito", esclarece a Polícia Judiciária em comunicado.