O boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios divulgado esta quinta-feira, 7 de janeiro, pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, indica que Portugal está com excesso de mortalidade, por todas as causas, desde 26 de outubro. A notícia foi avançada esta sexta-feira de manhã, 8 de janeiro, pelo jornal "Público" que esclarece que no boletim não são adiantadas explicações para o excesso de mortalidade. Contudo, o facto de nas últimas semanas o número de óbitos com COVID-19 não ter descido continua a ser a principal justificação.
O excesso de mortalidade — que se caracteriza pelo número óbitos acima do que era esperado para esta altura do ano — tem-se vindo a verificar desde a última semana de outubro até ao período agora analisado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge entre os dias 28 de dezembro e 3 de janeiro. Segundo o relatório, durante este período não foi ainda detetado qualquer caso positivo para o vírus da gripe, ainda que para infeções respiratórias provocadas por outros vírus o mesmo não aconteça.
Em 2020 foram registados quatro picos de mortalidade em Portugal desde o início da pandemia, avança ainda o "Público" com base em dados adiantados por uma especialista do mesmo Instituto. Com base nos dados disponíveis até 7 de Dezembro, Ana Paula Rodrigues, epidemiologista, explica que o primeiro pico de mortalidade durou três semanas e registou-se durante a primeira vaga de COVID-19, sendo o excesso de 1057 óbitos. O segundo pico foi de 25 a 31 de maio e provocou 363 mortes a mais, enquanto o terceiro foi mais prolongado, de 6 de julho a 2 de agosto, e representou 2199 mortes em excesso. O quarto pico de mortalidade é o agora relatado que começou no fim de outubro.
Recorde-se de que no início de dezembro estimava-se que Portugal poderia registar em 2020 o maior saldo natural negativo do século, caso a tendência do número de mortes superior ao de nascimentos, verificada nos primeiros dez meses do ano, se mantivesse até ao final de dezembro.