Não só é nova, como é já a terceira vaga de calor que Portugal vai enfrentar só este verão. O alerta foi feito esta quarta-feira, 17 de agosto, pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, após uma reunião com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A nova vaga, que começa já no próximo sábado, 20 de agosto, não deverá ser mais severa do que as anteriores, em especial a de julho, de acordo com o ministro, mas é certo que vai agravar ainda mais o estado crítico de Portugal no que diz respeito à seca e ao risco de incêndios.

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"Tivemos a primeira onda de calor. Tivemos a segunda. E vamos enfrentar a terceira onda de calor", disse aos jornalistas, de acordo com o "Diário de Notícias".

O cenário não vai melhorar em setembro, mês que será "50 e 60% mais quente e 40 a 50% mais seco" em relação aos anos anteriores. "Temos mais um mês e meio pela frente para ultrapassar", sublinhou José Luís Carneiro. Isto significa que pode vir a ser colocado de novo em situação de contingência face ao risco de incêndio.

Incêndios continuam e não vão abrandar

Esta quarta-feira, 17 de agosto, há 50 concelhos em risco máximo de incêndios no interior Norte e Centro, Alto Alentejo e Algarve, de acordo com o IPMA.

Risco máximo de incêndio 17 agosto
Risco máximo de incêndio 17 agosto Risco máximo de incêndio 17 agosto créditos: IPMA

Neste momento há um total de 229 incêndios em curso em Portugal, de acordo com dados da plataforma ProCiv da Proteção Civil, mas o único ativo, e o que mobiliza mais operacionais no terreno (1.302), é o de Castelo Branco, no parque natural da Serra da Estrela. Este incêndio teve início a 6 de agosto, foi dado como concluído a 14 e a 15 de agosto voltou ao ativo. Desde então está a ser combatido pelos bombeiros.

Neste momento intervêm na frente sul, na quinta da Atalaia, e estão a fazer a consolidação da frente este, ancorada nos campos agrícolas, e da frente norte, de acordo com o Fogos.pt.

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A Proteção Civil acredita que o incêndio na Serra da Estrela ficará dominado nos próximos dois dias, graças às condições meteorológicas mais favoráveis para controlar a frente ativa do lado de Castelo Branco, disse à agência Lusa, citada pelo "Público". Depois de controlado, o perímetro da serra da Estrela vai ter um "incremento na vigilância" pelas forças de segurança, anunciou esta quarta-feira, 17, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Incêndios, vagas de calor e um futuro nada risonho

“Estamos a viver um momento muito complicado na história climática", afirmou o presidente do IPMA, Miguel Miranda, após a reunião com o ministro da Administração Interna, a ministra da Agricultura e a secretária de Estado da Proteção Civil.

"O nosso país é frágil perante o desenvolvimento de um incêndio rural. Ou temos uma capacidade de solidariedade entre organizações, pessoas e aldeias que permita que sejamos capazes de passar o período que se avizinha ou vamos ter situações de maior complexidade do que as que tivemos até agora", disse ainda o presidente do IPMA, acrescentando que ou há uma ação preventiva "ou vamos ter situações de maior complexidade do que as que vivemos até agora". 

“Temos más notícias do ponto de vista do clima, mas temos consciência que não é impossível reduzir os custos dos incêndios, mas é impossível anulá-los”, concluiu.

Quanto ao calor, há formas de amenizar o seus efeitos, basta aprender com o que está a ser feito noutros países. Em Viena, na Áustria, foram criados parques de arrefecimento com "árvores" onde as pessoas podem "tomar banho" e vários pontos de água em estilo rega que refrescam os cidadãos. Outro exemplo, também recolhido pela CNN, é Los Angeles, na Califórnia, onde os telhados e até estradas foram pintados de branco para refletir a luz solar e manter os edifícios frescos.