Entrámos em 2024 há menos de três meses, mas já estamos à procura das próximas tendências de maquilhagem e cabelos. E nada melhor que ter a ModaLisboa como mote, já que é lá que podemos encontrar os melhores profissionais de ambas as áreas. A MAGG infiltrou-se nos bastidores do evento de moda da capital, que esteve a decorrer até este domingo, 10 de março, e temos muito para lhe contar.

É um ambiente caótico. Nas paredes, veem-se moodboards para cada um dos designers que constam no alinhamento da ModaLisboa. Nas cadeiras, modelos sentam-se à espera de serem maquilhadas – ou de receberem os retoques finais – e os profissionais da área andam de um lado para o outro, tentando cumprir à risca os prazos estipulados. Ainda assim, no meio do caos, conseguimos falar com quem percebe do assunto.

Estamos a falar de Antónia Rosa, maquilhadora conceituada e responsável pela equipa de maquilhagem da ModaLisboa, e de Cláudio Pacheco, também um nome sonante no universo do hairstyling, que está aos comandos de quem trata dessa parte no evento. Ambos, em conjunto com as marcas pelas quais vestem a camisola, a Clarins e a L'Oréal Professionnel, respetivamente, fazem a magia acontecer e deram-nos dicas, truques e tendências para 2024.

A tendência "no makeup" é forte (e o batom vermelho intemporal)

Para Antónia Rosa, é difícil falar de tendências. Fruto do ritmo frenético com que a informação nos chega e da democratização da maquilhagem, não é tarefa fácil dizer (ou até perceber) o que está, efetivamente, na moda – é que, hoje em dia, "usa-se tudo", diz-nos. "Já não conseguimos controlar isso. As maquilhagem está muito mais democratizada e são as pessoas que fazem as tendências", acrescenta.

Contudo, a maquilhadora não deixa de destacar aquela que, para si, é a mais forte do momento: a "no makeup". Esqueça lá as bases que deixam a sensação de reboco, porque, tal como o nome indica, este é um estilo minimalista, cujo objetivo é fazer com que "as pessoas saibam valorizar-se e embelezar-se com muito pouco", continua.

Na pele, Antónia Rosa diz que a cobertura dos produtos deve ser leve. Mas calma, porque isso não significa que tenha de sair à rua com aquelas imperfeições indesejáveis, como borbulhas, cicatrizes e olheiras – tem é de saber como disfarçá-las de forma estratégica e natural. Como? Bem, segundo a maquilhadora, a chave é "trabalhar cor contra cor".

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"Se eu tenho uma vermelhidão muito grande no rosto, eu ponho um [corretor] verde amarelado e já disfarça", exemplifica, frisando que, fora isso, não é necessário aplicar mais nada para uma pele natural – mas um blush é sempre bem-vindo. Recapitulando, diz-nos que a lógica é a seguinte: "vermelhos tapam-se com verdes, azuis com laranjas e, no caso das peles negras, falamos de um laranja muito forte".

antónia rosa
Antónia Rosa

Para o "no makeup" look ficar perfeito, Antónia Rosa não descarta a utilização de outros produtos e técnicas. Por exemplo, não descura uma revirada nas pestanas – e sugere até a utilização de máscaras discretas –, além de dizer que algo que faz toda a diferença é ter as sobrancelhas bem penteadas e adicionar corretor nos cantos da boca, que culmina numa harmonia e luminosidade aos lábios e ao rosto.

Nos olhos, o arrojo faz-se sentir. "Continuamos com os eyelineres", diz-nos. "Cat eye? Gráficos? Pretos? Às cores?", perguntamos nós. "Gráficos – e muito exagerados, mesmo. Em preto e em cor. Como disse, usa-se tudo", frisa, entre risos, Antónia Rosa. Já nos lábios, a conversa é outra.

"Eu sou uma clássica. Como de sou origem francesa, sempre vivi com mulheres com lábios vermelhos e para mim é intemporal", explica-nos, dando ainda uma sugestão dos tons de que nos devemos afastar. "Tudo o que é mais azulado é de evitar, porque os dentes ficam mais amarelos e não fica bonito. O truque é usar sempre um vermelho alaranjado", aponta.

No entanto, as opções não se esgotam aqui. Nudes continuam a marcar forte presença no mundo da beleza, assim como o contorno dos lábios mais escuro do que o centro. "É uma característica que perdurou em Portugal nos anos 80. Voltou em pleno, mas agora é mais 'girly'. Antes era mais matte, mas agora tem mais brilho", remata.

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Das tranças à influência coreana, os cabelos não vão ser aborrecidos

Antes de fazermos uns penteados simples, rápidos e eficazes – como pode ver aqui –, não pudemos evitar: tínhamos mesmo de falar com Cláudio Pacheco. Afinal, haverá alguém melhor do que o fundador e diretor criativo do Chiado Studio e hairstylist internacional da L'Oréal Professionnel para nos dizer o que se vai usar em 2024?

Podemos ter tido uns dias de dilúvio total, porque a chuva fez-se sentir nos dias em que a ModaLisboa esteve a decorrer, mas estamos todos a pensar no mesmo – o verão. E foi por aí que a conversa começou. "A nível de penteados, temos a influência das tranças, que vão de ter duas tranças às trancinhas pequeninas", conta-nos, acrescentando que são penteados que piscam o olho aos festivais de verão.

Por outro lado, também vamos ver uma crescente influência do continente asiático, nomeadamente da Coreia do Sul. As bandas de pop coreano, que estão cada vez mais na berra, já começam a ditar tendências e os penteados de 2024 vão ser reflexo disso. "Vamos ver muito os dois ponytails em cima", explica Cláudio Pacheco.

Mas vai haver uma reviravolta: estes vão ser emparelhados com acessórios, que também vão ser cada vez mais usuais no que à moda capilar diz respeito. De complementos de que já lhe falámos, como os laços, a pedras e brilhos, arrojo é, sem dúvida, a palavra de ordem do ano.

cláudio pacheco
Cláudio Pacheco

As apostas de Cláudio Pacheco não se ficam por aqui. "A nível mais comercial, temos os blow outs com uma textura um bocadinho mais trashy, mais desconstruída", avança. Isto significa que os cabelos mais selvagens e volumosos são para manter debaixo de olho – até porque já lá vai o tempo em que a convenção ditava que os cabelos lisos e sem movimento eram reis.

Quanto a cortes, também há novidades. O clássico blunt bob não vai a lado nenhum, mas começa a ganhar outros contornos. Este corte de cabelo, conhecido por já ter sido a imagem de marca de celebridades, "está a migrar para o jellyfish haircut", afirma Cláudio Pacheco, dizendo que este corte se rege "pelas pontas viradas para fora, uma estrutura mais redonda e uma textura moderna".

Não gosta do cabelo curto e já está em pânico? Não se preocupe, porque também há espaço para quem tem longos fios. "O cabelo comprido mega escadeado continua a ser uma tendência – e agora há até a mistura de cortes, como é o caso de um bob com o butterfly haircut", continua.

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Em termos de coloração, se há uns tempos os loiros platinados eram os protagonistas no mundo da beleza, parece que foram destronados de vez pelos acobreados, que não vão arredar pé das tendências. "O burgundy hair começa a ficar um bocadinho ultrapassado, mas os acobreados [mais alaranjados, diga-se] voltam para o verão", admite.

Além disso, o "old money look" também vai estar em voga. E embora esta estética tenha sido alvo de grande popularidade no que toca ao vestuário, o tópico da conversa não mudou e Cláudio Pacheco continua mesmo a referir-se aos cabelos. É sinónimo de "um loiro super dourado e super quente", diz-nos. Portanto, é uma cor que pisca o olho à cor de Kelly Rutherford, que é uma das rainhas desta tendência.

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