Esfoliar a pele é algo que muitos de nós gostamos fazer. E especialmente agora que estamos em casa podemos aproveitar este tempo para tratar da pele como não conseguíamos anteriormente. Mas será que o estamos a fazer bem? A MAGG falou com duas dermatologistas para saber.

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Primeiro do que tudo, e antes de começarmos a falar do que devemos ou não devemos fazer, temos que saber o que é esfoliar e pele. "A pele divide-se em três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme, a camada mais superficial, é a responsável pela função barreira da pele, isto é, pela sua capacidade de nos proteger do exterior. É uma barreira muito eficiente porque é constituída por camadas de células que, da profundidade para a superfície, vão ficando compactadas e formam uma barreira isolante e espessa que se renova cada 21 dias (camada córnea)", começa por explicar Leonor Girão, dermatologista da Clínica Dermatologia Do Areeiro. "Por vezes fica demasiado espessa (em consequência de exposição solar, irritações, inflamações) e pode dificultar o crescimento de pêlos novos ou ocluir os canais das glândulas sebáceas (coma na acne, por exemplo)", continua a especialista. É por estas situação que é importante "promover a esfoliação das células mortas mais superficiais da epiderme ou seja, ajudar que as células compactadas mais superficiais se destaquem e a pele volte a ficar mais fina e macia." Portanto, esfoliar consiste em aplicar um produto com ação abrasiva em movimentos circulares de forma a soltar, ou seja esfoliar, as células superficiais, alisando a superfície da pele.

Leonor Girão acrescenta ainda que a pele eritematosa, ou seja, vermelha, com rosácea e muito fina não deve sofrer esfoliação. Tal como não se deve esfoliar pele com feridas, infeções ou inflamada.

Quais são os benefícios?

Para a dermatologista Manuela Paçô, os benefícios de uma esfoliação bem feita são sempre "uma pele mais lisa, com mais luminosidade e mais saudável." Leonor Girão acrescenta que ajuda a pele a ficar mais fina, por serem retiradas camadas de células mortas, abre os poros, ou seja, diminui os comedões fechados da acne, melhora o encravamento dos pelos, activa a circulação sanguínea e oxigenação das células, pela massagem da aplicação, e ainda favorece a penetração dos cremes ou loções aplicados na pele.

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Como se deve esfoliar a pele?

Leonor Girão explica que se deve aplicar o produto na pele húmida e depois "fazer movimentos circulares durante 20 a 30 segundos por zona." Em seguida, deve retirar com água tépida".

O que é que um bom esfoliante deve ter? Tanto o facial como o corporal

Manuela Paçô indica que um bom exfoliante deve ter "uma boa capacidade abrasiva e simultaneamente não agredir prejudicialmente a pele."

Leonor Girão acrescenta que o produto tem de conter partículas granulosas, "como grânulos de alumínio ou sílica, que funcionam como areia que lixa a pele durante os movimentos circulares. São partículas que não provocam alergias nem são nocivas para a pele."

Contudo, devido às diferenças de espessura naturais existentes entre a pele da face, corpo e plantas dos pés, "a capacidade de esfoliação tem que ser diferente nos vários produtos, devendo ser menos abrasiva na face e mais abrasiva nas plantas dos pés", como diz a dermatoligista Manuela Paçô.

Portanto, os esfoliantes corporais e faciais não são iguais. "Partículas demasiado finas para a pele em questão não serão eficazes e o contrário, partículas grossas, pode irritar a pele da face", finaliza Leonor Girão.

Que cuidados devemos ter após a esfoliação?

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Após a esfoliação, deve lavar-se a pele "retirando cuidadosamente o produto esfoliante e proceder à hidratação com produto hidratante neutro para não irritar a pele", diz Manuela Paçô.

Por outro lado, não devemos expor a pele à radiação solar após a esfoliação porque "a pele está mais fina e mais desprotegida da radiação ultravioleta", acrescenta a dermatologista Leonor Girão.

O que devemos evitar quando escolhemos esfoliantes?

Primeiramente, deve evitar-se a escolha de produtos "ditos muito esfoliantes, com concentrações altas de substâncias responsáveis por esta acção. Nunca devem utilizar-se mais do que o tempo aconselhado", como Manuela Paçô explica.

Dito isso, devemos escolher o esfoliante adequado ao tipo de pele a tratar: face, corpo ou pele grossa, ou seja, pés, cotovelos, joelhos e não os trocar.

Com que frequência devemos esfoliar o corpo e o rosto?

Depende do tipo de problema: "Os pés podem ser esfoliados três vezes semana; o corpo duas vezes por semana e a pele da face uma a duas vezes por semana, consoante seja uma pele mais oleosa e grossa ou pelo contrário, pele mais seca e fina", aconselha Leonor Girão.

É importante relembrar que a esfoliação não é um tratamento diário. E em geral é um tratamento semanal, à noite, no banho.

Em certos casos, quando há patologia, a esfoliação só deve ser feita de acordo com as indicações médicas, sob pena de agravar a doença. Manuela Paçô acrescenta um exemplo, "é habitual as pessoas com acne recorrerem a uso de esfoliantes para melhorar, e o que acontece, é que a acne piora, com aparecimento de mais lesões."