São milhares as variedades de queijo existentes hoje em dia. Este produto, por norma feito a partir do leite de mamíferos como vacas, cabras e ovelhas, tem muitos adeptos, mas também há quem o evite, por não apreciar o sabor, por questões de saúde ou até por princípios.

Enquanto a camada de população vegetariana continua a usufruir deste lacticínio, os veganos, que se recusam a consumir qualquer alimento de origem animal, optam por abdicar do queijo. Mas talvez isso não seja necessário, pois há cada vez mais alternativas.

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Teresa Ferreira, natural de Lisboa, tornou-se primeiro vegetariana e, depois, adotou gradualmente uma dieta vegana. "Não tive dificuldades em deixar de comer carne e peixe, mas o queijo era um sabor de que eu sentia falta", contou à MAGG. Descartava os queijos vegetais "porque não gostava muito do sabor artificial e achava que eram super processados e pouco saudáveis".

Muka
Muka Teresa Ferreira criou a Muka durante a pandemia da Covid-19. créditos: DR

Não tardou a descobrir que "os queijos vegan que existiam não tinham nada disso". "Comecei a pesquisar sobre o assunto e a testar a parte da queijaria tradicional", adiantou, fazendo "algumas experiências em casa". Além de uma alternativa para veganos, este tipo de queijo é também ideal para quem é intolerante à lactose.

Como é que um queijo pode ser vegan?

"Em vez de termos o leite como ingrediente base, trabalhamos com frutos secos, sobretudo caju, que é o que apresenta melhores resultados", começa a explicar a empresária de 33 anos, que criou a própria marca de queijos vegan artesanais em 2020.

E a feitura continua. "Trituramos com água para obter uma espécie de leite de caju e seguimos um processo semelhante ao da queijaria tradicional, usando o mesmo tipo de bactérias e de fungos, que desenvolvem o sabor e a acidez", descreveu Teresa Ferreira à MAGG, esclarecendo que o objetivo nunca é "replicar um tipo específico de queijo".

O projeto começou pouco depois de Teresa começar a ler os rótulos com atenção e a descobrir que muitos dos produtos que consumiam continham componentes nocivos. Decidiu meter mãos à obra e transformou a cozinha de casa num autêntico laboratório de fermentações. Desde o verão de 2021 que tem uma cozinha de produção na Azambuja.

Muka
Muka Os queijos vegan passam por um processo semelhante aos convencionais. créditos: DR

Depois de testar os primeiros experimentos em mercados de rua, o "bom feedback" fez com que Teresa Ferreira conseguisse vender os queijos no El Corte Inglés, em lojas de produtos biológicos, mercearias e restaurantes (como o The Food Temple e o Powerplant), além de online, sendo que enviam para todo o País.

A Muka (que significa "mudança verde") tem atualmente sete produtos, que vão dos queijos cremosos aos curados. Alguns deles até já foram galardoados nos prémios ingleses Great Taste, que avaliaram mais de 14 mil produtos em provas cegas.

Feitos com o mínimo de ingredientes possível, os queijos da Muka são mais um projeto criado durante a pandemia da Covid-19. Biológicos e sustentáveis, representam uma excelente alternativa ao queijo convencional — mas estão longe de ser a única disponível.

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