Não é todos os dias que podemos dizer que comemos num restaurante com estrela Michelin. Mais raras são ainda as vezes que visitamos um luxuoso espaço que nos encheu todas as medidas e mais algumas — incluindo o estômago —, e vemos esse mesmo local reconhecido com a sua primeira estrela do conceituado guia na semana seguinte. Mas foi justamente o que aconteceu com o Kabuki Lisboa, que foi reconhecido na cerimónia do Guia Michelin esta terça-feira, 22 de novembro, e cujas novidades a MAGG foi provar recentemente.

Os restaurantes portugueses que ganharam estrela Michelin e os com melhor relação qualidade/preço
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Aberto desde novembro de 2021, o aniversário do primeiro restaurante da marca fora de Espanha não podia ser celebrado de melhor maneira. O chef Paulo Alves conduziu a sua equipa do espaço nas galerias do Ritz, na Rua Castilho, em Lisboa, ao estrelato mais do que merecido, ou não vencesse o Kabuki em todas as frentes.

Paulo Alves
Chef Paulo Alves créditos: Ricardo Noronha / MAGG

A entrada na rua Castilho, escondida no meio das galerias do famoso hotel de cinco estrelas, carece de um GPS exímio para não a perdermos. À exceção de um pequeno sinal com a palavra Kabuki, passa mesmo despercebida, mas o mesmo não se pode dizer da principal sala do restaurante, com painéis coloridos e irreverentes, quase a fazer lembrar o cubismo de Picasso, e que pedem uma partilha no Instagram.

Kabuki
A discreta entrada do Kabuki créditos: Ricardo Noronha / MAGG

À frente, a longa barra onde o chef e a sua equipa preparam as iguarias que lhe chegam à mesa numa sala algo escura para almoços (tanto que estes vão começar a ser servidos numa outra sala do restaurante, com luz natural e vista para o parque Eduardo VII), mas que gritam elegância para um jantar.

E são estas mesmas iguarias que estão prontas para agradar a todos os palatos: aos mais puristas do sushi, que deixam a fusão para outras paragens e preferem a alta cozinha tradicional japonesa, apelidada de edomae: a quem deseja ter a experiência original Kabuki, que prima pela fusão e utilização de molhos; aos vegan, com a inclusão destes novos pratos para quem segue este regime alimentar; e para todos os anteriormente mencionados. Sim, porque se quiser provar um pouco de tudo, é só explicar isso mesmo à equipa da sala — e acredite que não vai sair desapontado.

Kabuki
A sala principal do Kabuki créditos: Gonçalo F. Santos

O problema do Kabuki? Os pratos são tão bonitos que dá pena comer

Na nossa visita ao Kabuki, acabámos por provar um pouco de tudo (algo que também pode fazer se pedir à carta), mas o restaurante aposta em experiências e, para isso, constrói menus ao detalhe para que os clientes consigam fazer uma autêntica viagem de sabores com princípio, meio e fim, consoante os gostos.

São várias as propostas do Kabuki, a começar nos menus que apelam aos sabores dos apaixonados por fusão. O degustação Kabuki (100€ por pessoa) é composto por sete momentos, e começa com aperitivos, seguindo-se um sashimi moriawase (peixe branco, salmão e atum), otsukuri, onde é servido um carabineiro com molho da sua cabeça e arroz de sushi. Segue-se uma seleção especial de kabuki sushi e encerra com mochi (sobremesa de arroz glutinoso) do dia.

Kabuki
A delicadeza do sashimi créditos: Ricardo Noronha / MAGG

O sashimi? Cortado em fatias tão delicadas e colocado com tanta precisão no prato que dá pena mexer. Mas é muito necessário para provar esta textura e frescura irrepreensível do peixe. Igualmente irrepreensível são os niguris que chegam perfeitos e que devem ser comidos com a mão, à boa maneira japonesa.

E nem nos façam falar do prato de otsukuri, onde depois de comido o carabineiro, devemos misturar o molho da sua cabeça no arroz de sushi, onde pode (e mais do que deve) lambuzar-se na riqueza do mesmo.

Kabuki
Carabineiro com molho da sua cabeça e arroz de sushi. créditos: Ricardo Noronha / MAGG

Pode ainda estender o menu Kabuki com a verão ampliada (135€), com nove momentos, onde aos sete do menu anterior se junta um gyu-take nabe (caldo sukiyaki, cogumelos, wagyu) e uma sobremesa extra, a sopa de manga.

Seguimos caminho nas propostas e chegamos ao edomae, onde a tradição e o melhor da alta cozinha tradicional japonesa falam mais alto, e é a proposta ideal para quem não gosta de grandes artifícios. Aqui, pode optar pelo Edomae Sushi (€62), uma seleção que junta nigiris e hosomaki tradicionais, preferir o Kabuki Sushi (€71), que inclui nigiris e futomaki Kabuki, ou render-se à seleção do chef com o Omakase (preço sob consulta).

Para quem não quer fazer desfeita aos amigos, mas é vegan, o novo menu sem proteína animal do Kabuki é a opção certeira: a proposta vegan (80€) é composta por sete momentos e inclui aperitivos, três entradas (tempura de legumes, couve chinesa no josper e um surpreendente tofu panado), bem como abacate picante e Kabuki sushi vegan. A sobremesa é também mochi do dia.

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Niguiris perfeitos? É no Kabuki créditos: Ricardo Noronha / MAGG

Também aqui pode ampliar a experiência (100€), e optar pela alternativa de nove momentos, onde aos sete do menu regular se junta o yasai itame (legumes e miso) e uma sobremesa extra de tofu, chocolate e cereja, a sakura chofu, Foi justamente esta que provámos aquando da nossa visita e ainda estamos a pensar nestas diferentes texturas de chocolate.

Faça um favor a si mesmo e deixe-se nas mãos de um dos melhores sommeliers de Portugal

Ao contrário da distinção do Guia Michelin, esta não é propriamente oficial, mas certeira: Filipe Wang, o head sommelier do Kabuki Lisboa, é provavelmente um dos melhores da sua área a operar no nosso País.

As escolhas são certeiras, a garrafeira com mais de 350 referências permite todas as combinações e mais algumas, e a mestria de Filipe a combinar os vinhos com a comida é de uma perfeição gritante.

Pode sempre pedir uma dica a este maravilhoso sommelier ou optar por deixar tudo nas mãos de Filipe Wang: as harmonizações de vinho começam nos 75€ por pessoa nos menus regulares e 85€ nos mais extensos.

Kabuki
Victor Jardim, diretor do restaurante, Marta Flores, responsável de marca e comunicação, e Filipe Wang, head sommelier créditos: Instagram

No início da refeição, o sommelier também conversa com os clientes sobre as suas preferências, podendo até criar-se quase algo à medida de cada um, onde os vinhos não têm de ser a única bebida a provar durante a refeição, mas sim intercalar com saké. No entanto, fica o aviso à navegação — se a sua harmonização for maioritariamente à base desta bebida ou até totalmente, os preços podem aumentar.

Morada: Rua Castilho 77 B, Lisboa
Telefone: 212 491 683
Horário: 12h30-00h (fecha ao domingo e à segunda-feira)