O Salotto Divino veio trazer Itália a São Bento. Agora, para conhecer as iguarias do país em forma de bota, não precisa de sair de Lisboa. Os produtos vêm diretamente de lá, desde queijos a enchidos, e até vinhos. Fomos conhecer este novo espaço que propõe "uma viagem enogastronómica por Itália".
Abriu portas há menos de um mês e continua, até 2 de setembro, em regime de soft-opening. "Salotto", porque significa uma grande sala de estar numa casa e também um local onde as pessoas importantes se encontram, e "Divino" pela vertente celestial e também por juntar as palavras "di vino", algo relacionado com vinho.
Além de restaurante, é também um wine bar — assim como as centenas de garrafas de vinho expostas evidenciam. Disponibilizam cerca de 210 referências italianas e dez portuguesas. Os vinhos italianos são mais doces e minerais. Aqui, há opções raras e outras mais comuns.
Do Donnafugata Anthilia Sicilia, que cresce em solo vulcânico, ao Furore Bianco Costa d'Amalfi, com grandes influências marítimas e da altitude, e ao premiado Fiorduva Costa d'Amalfi, o difícil será escolher — mas o staff está sempre pronto a ajudar, com um atendimento bastante personalizado.
O projeto nasceu pela mão de três proprietários: um português, um romano e um napolitano. Apaixonaram-se pela localização e criaram o Salotto Divino, que tem capacidade para 62 pessoas e que está dividido em várias salas. Os ingredientes do menu são provenientes de toda a Itália, de norte a sul e até das ilhas. A carta descreve a região de cada prato.
Estes diferentes espaços criam atmosferas distintas — umas mais privadas, outras mais acolhedoras, outras aptas para grupos, mas todas elas especiais. Só quando se entra no restaurante é que é possível entender a sua dimensão e cada faceta. Os dourados sobressaem, assim como os mármores, e as luzes são reguláveis.
A carta tem segmentos como antipasti, bruschettas, fritos típicos, seleção de salames, seleção de queijos e doces. A nossa viagem enogastronómica por Itália começou com dois cocktails cuidadosamente escolhidos pelo staff e preparados pela bartender: o wine negroni, com gin, campari, vermute, vinho tinto e laranja (15€), e o Hugo, com St. Germain, soda e prosecco (14€).
O couvert (12€) era composto por focaccia, manteiga de anchova e olive taggiasche, uma azeitona natural da zona de Lazio, que já foi considerada a melhor do Mundo (e que promete convencer até quem, por norma, rejeita este fruto). Da mesma região, provámos o croquete de risotto de pistácio recheado com mortadella di bologna e mozzarella (12,90€).
Depois deste croquete recheado com arroz (um conceito novo para nós e que nos agradou), experimentámos uma mini-sandes (o "panino a la focaccia"), com mortadela de burrata e pistáchio (13,50€), e umas tapas com queijo tomino (que vai ao forno) envolvido em curgete ou em presunto fumado e mel de rosmaninho (16,50€).
Seguiu-se a beringela à Milanesa, envolta numa fatia de pão crocante (18,90€). "É um produto clássico, já consumido em toda a Itália", disse-nos o chef. Com um sabor adocicado e floral, vai ao forno com molho de tomate, azeite e pão, transformando-se numa espécie de folhado vegetariano.
Para pratos principais foi-nos dada a provar a farfalle al pistáchio com burrata defumada e guanciale (19,90€), uma criação contemporânea do chef, e o ossobuco à Milanesa com risotto de açafrão e gremolata. Custa 59,90€, serve duas pessoas e é típico da região da Lombardia.
"Queria que brilhasse o ossobuco", afirmou o chef Leonardo Galvão à MAGG, justificando o porquê de o ter separado do risotto milanês, que surge, nesta versão, como guarnição. A carne, cozida durante cinco horas e meia, desfazia-se ao mínimo toque, e o risotto de açafrão era do mais cremoso que já provámos.
Não saímos deste "salão celestial" sem fazermos uma autêntica degustação de queijos e enchidos (que soube tão bem quanto soa). Munidos de uma pinsa com massa levedada por 48 horas, fomos barrando os diferentes tipos de produtos. Comemos a melhor mortadela de sempre e queijos inacreditáveis.
Desde o pecorino Moliterno al tartufo, com pedaços de trufa preta por dentro, ao parmesão com 24 meses de cura que até pode ser consumido por quem é intolerante à lactose e ao taleggio, outrora produzido nas cavernas da Lombardia e lavado com água do mar, não conseguimos escolher um favorito.
Amanteigados, intensos ou versáteis, estes queijos conquistaram um lugar no nosso coração. Experimentámos pela primeira vez presunto de veado, o prosciutto di San Daniele (com 20 meses de cura) e também um enchido do sul da Itália, ideal para barrar e parecido à gordura de porco, cremoso e apimentado.
Para terminar, o veneziano tiramisù, desta vez "com um processo diferente e um teor de gordura maior". Consiste em savoiardi embebido em café, creme de mascarpone e cacau em pó, custa 11,90€ e é de comer e chorar por mais. Ainda a torta típica da ilha de Capri, "como se fosse um brownie italiano".
É uma gulosa torta cremosa de chocolate e amêndoas com chantilly, açúcar em pó, crumble e gelado de pistáchio (14,50€), sendo que todos os gelados usados no Salotto Divino são produzidos na "Fresco", a gelataria do mesmo grupo que está prestes a abrir.
Desde o atendimento cuidadoso à decoração requintada e às loiças lindas, os vinhos exclusivos e a comida surpreendente, o Salotto Divino já entrou para o nosso top de restaurantes dedicados a esta gastronomia e vai, sem dúvida, tornar-se o paraíso dos amantes de comida italiana — pelo menos daqueles que procurem uma experiência efetivamente divinal.