É a partir dos 3 anos de idade que as crianças começam a querer descobrir o mundo, não fosse tão bem conhecida a famosa “fase dos porquês”. E apesar de em idade adulta ainda podermos estar a descobrir quem somos, é nesta fase que começamos a desenvolver a identidade.
A roupa e o visual que adotamos é um grande pilar para mostrarmos ao mundo quem somos e as crianças também sentem isso. O seu filho quer ir para a escola com as roupas menos bem conjugadas que alguma vez viu? Não se preocupe e, mais do que isso, evite as proibições.
Catarina Mesquita é psicóloga clínica na Academia Transformar e explicou-nos como é importante darmos às crianças o poder de escolha e o controlo sob o que elas querem vestir.
“É uma maneira de promover autonomia, criatividade e individualidade. São todas competências essenciais para um desenvolvimento normativo”, esclarece a psicóloga à MAGG, acrescentando que é uma forma de “deixar que a criança consiga sentir-se segura para explorar o mundo à sua volta e perceber como é que se insere neste, sabendo que os pais estão sempre ali se ela precisar.”
Se não se sentir confortável em dar total liberdade ao seu filho para vestir o que quiser, a psicóloga tem um truque. Dê a escolher duas opções predefinidas por si. Desta forma, a criança sente que teve algum controlo sob o que vestir, mas ambas as opções foram consideradas pelos pais. O que tem de ter sempre consciente é o respeito pela individualidade e autonomia da criança.
Geralmente, a maior parte da preocupação dos pais vem daquilo que outras pessoas, pais ou professores, possam vir a pensar quando virem uma criança vestida de fada, por exemplo. A psicóloga clínica Catarina Graça salienta como este medo é frequente e que “é uma preocupação dos pais em proteger os filhos de comentários que possam sofrer.”
“Mais vale prepararmo-nos para a possibilidade de acontecer. Se os pais, todos eles, tiverem em casa este trabalho, de educação e de preparação, à partida vai haver muito mais respeito. E acho que, se isto começar por casa, aí sim os preconceitos podem vir a diminuir”, sugere a psicóloga.
Até porque tudo não passa de uma opinião dos outros. "Acho que se os pais estão confortáveis com a educação que estão a dar aos filhos e se estão a seguir essa máxima de as deixarem expressar-se e estimularem a criatividade, se tudo estiver bem, determinado e comunicado, é só uma opinião do outro”, relembra Catarina Graça.
“Quando a criança se sente respeitada e sente que as suas preferências importam, inevitavelmente vai sentir-se mais confiante para avançar com o dia a dia, seja para aprender coisas novas, para explorar o mundo à sua volta ou para ganhar novas competências. Isto acontece não só porque elas estão confiantes e acreditam nelas próprias, porque tomaram escolhas importantes, como sabem que os pais também acreditam e confiam nelas. Isto para uma criança é extremamente importante”, conclui a psicóloga Catarina Mesquita.