A mais recente campanha da Zara desencadeou uma onda de indignação nas redes sociais. Aquele que deveria ser apenas um editorial de moda levou a que, por todo o mundo, se boicotasse a marca do grupo Inditex, cujas fotografias promocionais de um casaco estavam a ser acusadas de aludir para os cenários de morte e destruição enfrentados pelos palestinianos, na sequência do conflito armado entre Israel e o movimento islamita Hamas. A marca já veio reagir.
Mas vamos a contextos. As fotografias da campanha, alusiva à Zara Atelier Collection, mostram a modelo Kristen McMenamy em cenários que se assemelham a salas destruídas, com entulho como pano de fundo e manequins embrulhados em plástico. A imagem mais polémica retrata a modelo com um manequim ao ombro, coberto por um pano branco, algo que fez com que surgissem comparações com as vítimas dos ataques em Gaza.
"O prémio de marca mais insensível do ano vai para a Zara", "usar a morte e a destruição como pano de fundo para a moda é mais do que sinistro, é ser cúmplice" e "a Zara está a gozar com as vítimas de Gaza?" foram algumas das observações que se liam nas redes sociais da marca, antes de esta retirar a campanha de todas as suas plataformas. Além disso, a etiqueta aproveitou também para emitir um comunicado no Instagram, esta terça-feira, 12 de dezembro.
"Depois de ouvir os comentários sobre a última campanha da Zara Atelier 'The Jacket', gostaríamos de partilhar o seguinte com os nossos clientes: a campanha, que foi pensada em julho e fotografada em setembro, apresenta uma série de imagens de esculturas inacabadas no estúdio de um escultor e foi criada com o único objetivo de mostrar peças de vestuário feitas à mão num contexto artístico", começa por explicar a retalhista.
Dando a entender que a campanha foi pensada e levada a cabo antes de o conflito deflagrar a 7 de outubro, quando o grupo islâmico palestiniano Hamas iniciou um ataque sem precedentes de Gaza para a fronteira com Israel, a marca continuou a sua defesa. "Infelizmente, alguns clientes sentiram-se ofendidos por estas imagens, que foram agora retiradas, e viram nelas algo muito diferente do que se pretendia quando foram criadas", lê-se na publicação.
Depois de apresentar o seu lado, sublinhando que o editorial em nada teve que ver com a guerra, a Zara acabou por lamentar o "mal-entendido" que se gerou em torno desta situação e reiterou o "profundo respeito por todos" – mas aqueles que interagiram com a publicação não parecem ter ficado muito convencidos.
"Esqueceram-se de pedir desculpa", comentou um utilizador. "Vá lá. Esta declaração mostra-nos apenas que tiveram dois meses para criar um novo conceito, mas não o fizeram e decidiram usar esta campanha insensível", disse outro. "Mas porquê publicar agora? Não viram a semelhança?", ripostou outro crítico.
Já lá vão dois meses desde o início do conflito, apelidado como "Operação Tempestade Al-Aqsa", que ocorreu através de mísseis que atingiram alvos civis, bairros residenciais, e foram considerados um ato de guerra por parte de Israel. Devido à ofensiva israelita, já morreram mais de 18 mil pessoas e outras 49.200 ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, citado pelo "Jornal SOL".