Todos os dias dizemos – ou deixamos por dizer – frases que moldam as nossas relações. Por isso, muitas vezes, os estragos não são feitos por palavras cruéis, mas por comentários aparentemente inocentes que acabam por minar a ligação com a pessoa de quem mais gostamos. Uma única frase dita no momento errado pode ser absolutamente fatal (e há algumas que não se podem mesmo dizer).

Uma delas é "Estás a ser demasiado sensível", de acordo com o "Psychology Today". Pode parecer apenas um desabafo, mas esta frase é uma bomba-relógio. Ao dizê-la, não se está apenas a desvalorizar a emoção do outro — está-se a invalidá-la. Assim, a pessoa fica com a ideia de que não pode expressar o que sente sem ser julgada ou ridicularizada. Com o tempo, isso prejudica a segurança emocional e abre espaço para o afastamento.

Segundo um estudo publicado na "Frontiers in Integrative Neuroscience", que remonta a 2022, a sensação de segurança emocional é uma necessidade biológica, regulada pelo sistema nervoso autónomo. Quando alguém sente que as suas emoções são rejeitadas, o cérebro encara essa rejeição como uma ameaça e, consequentemente, ativa mecanismos de defesa, como o isolamento ou o bloqueio emocional.

Outra frase clássica e que não deve ser usada é "Estou bem" – quando, claramente, não se está, diga-se. Trocando por miúdos, imagine que teve um dia difícil, está visivelmente nas lonas e o seu parceiro pergunta se está tudo bem. Se sorrir forçadamente e responder que sim, mesmo sabendo que não é verdade, este gesto, ainda que subtil, levanta uma muralha na relação.

Isto porque um estudo de fevereiro de 2025, publicado na "Journal of Psychology", revelou que suprimir emoções em relações românticas está associado a níveis mais baixos de satisfação e a um aumento da solidão. E mais: as mulheres, em particular, sofrem um impacto emocional ainda maior quando reprimem sentimentos negativos, tornando-se mais vulneráveis à insatisfação.

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A terceira frase que, de acordo com a mesma publicação, não deve ser dita, é "Faz o que quiseres, não quero saber", que é o equivalente a deitar a toalha ao chão. Pode parecer apenas uma forma de expressar alguma frustração que esteja a sentir, mas a mensagem que passa é muito mais grave – é assumir que já não se importa, o que, por sua vez, pode deixar uma marca difícil de apagar.

Trata-se de uma forma de afastamento emocional, conhecida como active withdrawal, e está muito associada a estilos de vinculação evitantes e a ciclos repetitivos de conflito. Ao dizer “faz o que quiseres”, a mensagem que passa é de indiferença e abandono, alimentando a insegurança e o distanciamento, diz um estudo publicado na "Frontiers in Psychology", em 2022.

Por fim, no calor de uma discussão, é fácil disparar frases como "tu nunca ligas nenhuma" ou "estás sempre a esquecer-te", por exemplo. No entanto, de acordo com a "Psychology Today", estas generalizações absolutas são autênticas granadas emocionais que, em vez de resolverem o problema, são apenas formas de atacar a personalidade do companheiro a quem são dirigidas.

Estas acusações não abrem espaço para diálogo – muito pelo contrário, fazem com que o casal se feche em copas. Quem o diz é o estudo "Constructive and Coercive Conflict Patterns" da revista "Social Development", que mostra que este tipo de conflitos, baseados em culpa e acusações, estão ligados a má comunicação, ressentimento e quebra da intimidade, o que vai desgastar a relação.