Mulheres que passaram por violência sexual ou assédio sexual no local de trabalho têm um risco maior de desenvolver hipertensão a longo prazo do que mulheres sem este tipo de trauma. As conclusões são de um novo estudo realizado por Rebecca Lawn, investigadora bolseira de pós-doutoramento em epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard em Boston.

De acordo com as estatísticas, até 44% de mulheres denunciam abuso sexual e até 80% de mulheres denunciam assédio sexual no trabalho, no entanto, esta exposição "não é amplamente reconhecida como um contribuidor para a saúde cardiovascular das mulheres", afirma Rebecca Lawn, numa declaração, citada pela CNN Portugal.

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"A nossa descoberta de que vivenciar tanto abuso sexual como assédio sexual no trabalho tem um maior risco de hipertensão sublinha os potenciais efeitos prejudiciais de várias exposições a violência sexual na saúde cardiovascular das mulheres a longo prazo", afirma a autora do estudo, citada pela mesma fonte.

O estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, analisou os dados de um relatório de 2008 do Nurses' Health Study II em curso, uma das maiores investigações dos Institutos Nacionais da Saúde sobre fatores de risco nas principais doenças crónicas em mulheres, e revela que mais de 33 mil mulheres sem antecedentes de hipertensão forneceram informação sobre a sua exposição a violência sexual e outros traumas.

Abuso e assédio aumentam risco de hipertensão

As mulheres foram reavaliadas em 2015 e registos médicos revelaram que cerca de uma em cinco tinham desenvolvido hipertensão arterial. Segundo o estudo agora divulgado, as mulheres que relataram ter vivenciado tanto abuso sexual como assédio sexual no local de trabalho tinham um risco 21% mais elevado de ter hipertensão.

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As mulheres que disseram ter vivenciado assédio sexual no local de trabalho tinham um risco 15% mais elevado, enquanto as mulheres que relataram ter vivenciado abuso sexual tinham um risco 11% maior de ter hipertensão arterial do que mulheres sem traumas sexuais, lê-se na mesma publicação.

"Não encontrámos qualquer associação de risco acrescido em desenvolver hipertensão entre mulheres sem um historial de outros tipos de trauma e que não vivenciaram violência sexual, sugerindo que o risco aumentado de desenvolver hipertensão não parece estar associado a todas as exposições de traumas", frisou Lawn.

De acordo com a Associação Americana do Coração, a hipertensão é um dos principais fatores de risco para se desenvolver doença cardiovascular e a doença cardiovascular é a que mais mata nas mulheres, causando uma em três mortes todos os anos, escreve a CNN Portugal.