Hoje em dia não é segredo nenhum que o lixo nos nossos oceanos é uma epidemia global. Mas se lhe perguntassem quais são os itens mais comuns no dia a dia que geram mais poluição no mundo, o que responderia? Garrafas? Sacos de plástico? Palhinhas? Embora essas sejam todas boas suposições, não são as únicas.
As pontas de cigarro são uma das maiores fontes de lixo no mundo e estima-se que 4,5 triliões de beatas são descartados a cada ano em todo o mundo (Litter Free Planet, 2009). Inclusivamente, a organização sem fins lucrativos Ocean Conservancy chegou mesmo a relatar que as beatas de cigarros foram o objeto mais recolhido durante as limpezas de praias que foram por ela realizadas, a nível global.
Muitos fumadores acham que as beatas são biodegradáveis. Na verdade, embora a maior parte de um cigarro se desintegre quando fumado, nem tudo se queima e os filtros são feitos principalmente de plástico.
As pontas de cigarro são pequenas e tendem a passar despercebidas, mas estão em quase toda parte e não são inofensivas. Contêm produtos químicos tóxicos (como alcatrão, chumbo e nicotina) que são absorvidos pelo meio ambiente e os próprios filtros - feitos de um plástico chamado acetato de celulose - demoram anos até que se degradem completamente ou se quebrem em pequenos pedaços de plástico - microplásticos - que são um perigo crescente para os lençóis de água, os oceanos e a vida marinha.
Quando descartadas casualmente no chão da rua ou pela janela do carro, as beatas de cigarros representam uma séria ameaça para nós e para o meio ambiente e, nesse sentido, já foram tomadas medidas a nível governamental, sendo que atualmente há uma lei em vigor que decreta que atirar pontas de cigarros no chão resulta numa multa entre 25 e 250€.
Como com todo o lixo, limpar as pontas dos cigarros - quer das cidades quer do meio ambiente - exige um trabalho intensivo e é imperativo resolver o problema pela raíz, começando pelo ponto principal: evitá-las. É aqui que duas iniciativas portuguesas entram em jogo e apresentam uma maneira de lidar com este problema. Agora é possível que os fumantes carreguem os seus próprios “cinzeiros de bolso” para que possam coletar as suas beatas e cumprir os padrões de higiene e segurança em vigor.
A Maria Beata é uma startup portuguesa preocupada com o efeito das beatas no nosso meio ambiente e o impacto que as mesmas têm nos nossos oceanos. O objetivo da empresa é contribuir para a redução desses riscos e, nesse sentido, a Maria Beata criou uma marca que produz pequenos cinzeiros portáteis. São cinzeiros de fácil transporte, com um sistema de fecho seguro e de fácil limpeza. Para além de ser de fácil utilização, a Maria Beata também personaliza os cinzeiros à imagem de cada empresa.
Outra iniciativa com o mesmo objetivo chama-se "No Chão, Não". Fundada por Diana Gomes, esta página de Instagram oferece cinzeiros portáteis reutilizáveis por apenas 2,50€ cada unidade. Esta nova tática de oferta de cinzeiros portáteis parece ser uma solução prática e responsável para reduzir a poluição das pontas de cigarro no chão e promover a a sustentabilidade ambiental.