O Tinder surgiu em 2012 e dois anos depois surgiu o Bumble. Duas plataformas de encontros que se juntam a outras como o Match.com, o Plenty of Fish ou a Meetic. As aplicações, apesar de continuarem a ser, de certa forma, um tema (e uma prática) tabu, têm crescido ao longo dos anos e os números de utilizadores foram ganhando zeros ao longo dos anos.

Só o Tinder contabiliza cerca de 50 milhões de utilizadores mensais, confirmando o sucesso da aplicação e contrariando a ideia de que seria a “apocalipse do namoro”, de acordo com o que referiu Nancy Jo Sales na revista america "Vanity Fair", anos depois do lançamento da plataforma.

Mas após sete anos desde a criação da aplicação de encontros, importa saber que impacto é que esta forma de combinar um café com alguém interessante — ou, indo mais longe, de conhecer a pessoa com quem vai querer passar o resto da vida — tem nas pessoas.

O "The Guardian" analisou um estudo publicado a 3 de julho, no "Journal of Social and Personal Relationships", que investigou a relação entre a ansiedade social, o uso problemático de aplicações de namoro e o possível papel moderador da solidão através da pesquisa online nas plataformas. O estudo foi realizado tendo como base uma amostra de estudantes universitários.

E qual é que foi a conclusão? Parece que o uso compulsivo de aplicações de encontro, como o Tinder, faz com que os utilizadores se sintam mais solitários. O cenário pode piorar quando falamos de pessoas com baixa auto estima. "Quanto menos confiante alguém estava, mais compulsivo era seu uso — e pior eles se sentiam no final", refere o jornal britânico.

O problema não está na plataforma em si, mas na sua estrutura. A cada novo perfil, o utilizador decide: desliza para a direita, o que indica que gostou do perfil, ou desliza para a esquerda, manifestando desinteresse quanto ao utilizador que aparece no ecrã. Quando ambos os utilizadores deslizam para a direita, resulta num "match", isto é, a aplicação assume que o perfil dos utilizadores combina e abre um chat para poderem conversar (ou quem sabe, marcar um encontro).

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Ora, é este processo que causa ansiedade nos utilizadores de plataformas como o Tinder. Este tipo de plataformas gera a sensação de que a procura por um encontro foi substituída por um jogo — tão viciante quanto as loterias ou os video jogos — que classifica vários perfis como bons ou maus, através do deslizamento para uma das direções.

Katy Coduto, principal autora do estudo publicado o mês passado, sugeriu que "limitar os swipes [deslizamentos] pode ser uma forma de tornar a experiência menos atrativa", indica o jornal britânico. O Tinder já tentou colocar a ideia em prática, tendo limitado os utilizadores a 100 gostos por dia. Também ao nível governamental, foi proposta uma lei pelo senador republicano Josh Hawley para limitar o tempo que as pessoas podem passar online, passando, por exemplo a limitar o scroll infinito nas redes sociais.

Mas apesar das medidas, parece que os utilizadores não se conseguem libertar do vício. Isto porque, de acordo com o mesmo jornal, foram várias as pessoas que pagaram para serem assinantes do Tinder Gold, de forma a ter de novo gostos ilimitados.

Helen Fisher, antropóloga biológica e a principal consultora científica da plataforma Match.com desde 2005, refere que plataformas de encontros, como o Tinder, são "uma nova tecnologia e nunca ninguém nos disse como usá-la”. Acrescenta ainda que não devemos pensar nestas plataformas como sites de namoro, mas como sites online onde um utilizador encontra um certo tipo de pessoa de acordo com a sua sua pesquisa.

Para resolver o problema e afastar o vício das aplicações de encontros, Ficher sugere que os utilizadores saiam da aplicação quando atingirem um limite máximo de conversa com nove pessoas. Mais do que isso significa uma sobrecarga cognitiva, levando à "fadiga romântica", como a própria indica. A solução pode passar por encontrar alguém na "vida real", como num bar, ou aproximando-se de alguém interessante na rua.

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