O Instagram é a plataforma de eleição dos influenciadores digitais. Dos conteúdos publicitários, aos produtos oferecidos e viagens por destinos de cortar a respiração, em que medida é que o que se vê nas redes sociais corresponde à realidade? Corpos e vidas, aparentemente, perfeitas, mas que, muitas vezes não passa de uma ilusão. Quais são os impactos a nível psicológico, para os consumidores deste conteúdo? A que sinais devem estar atentos? Serão as redes sociais tóxicas? A MAGG foi procurar esclarecimento junto da psicóloga Catarina Graça.
Quanto aos influencers, já há quem tente desmistificar a ideia de que tudo é positivo e mostre, também as suas fragilidades. Raquel Janeiro e Miguel Mimoso, os famosos Explorerssaurus explicam à MAGG a importância de mostrar por que não se pode confiar nas fotos de Instagram. Através de vídeos que partilham nas suas redes, têm tentado provar o porquê de as redes sociais serem falsas e revelam o poder que uns quantos cliques, nas ferramentas certas, podem assumir nesta perceção ilusória.
Catarina Gouveia, João Cajuda e Bárbara Corby contam como olham para a plataforma, que mensagem tentam passar como influenciadores digitais e que tipo de edição/ tratamento têm as imagens que publicam, diariamente, quer no feed, quer nos stories.
"No Instagram, a informação é filtrada com um propósito de perfeição"
A psicóloga Catarina Graça sublinha a importância de, por um lado, "escolher muito bem as pessoas que seguimos", por outro, saber "por que é que as seguimos" e "que conteúdo estamos à procura". "Se não há, da nossa parte, que estamos a ver, uma filtragem de perceber que aquilo é trabalhado, que é aquilo é com um propósito específico, podemo-nos deixar levar", explica Catarina Graça, em entrevista à MAGG, mencionando a necessidade de alguns influenciadores digitais em "apelar à perfeição", nos seus perfis, por motivos laborais.
"Tendemos sempre a encontrar nos outros aquilo que nos falta a nós e, então, consideramos que o outro tem uma vida perfeita. E não é. No Instagram, a informação é filtrada com um propósito, com um propósito de perfeição, com um propósito de aumentar os seguidores, de aumentar os likes e as pessoas têm que ter noção que é uma ferramenta de trabalho para muita gente, portanto ou escolhemos deixarmo-nos ser influenciados por isso ou escolhemos não ser".
Pensamentos como "eu não tenho um sorriso tão bonito como aquela pessoa" ou "não tenho os dentes tão branquinhos como aquela pessoa" são indicadores de que a pessoa está a "começar a denegrir a sua própria imagem em comparação com a dos outros." Da ansiedade à depressão, a profissional revela os alertas e mudanças de comportamento aos quais os internautas devem estar atentos e o primeiro é, precisamente, a comparação com o mundo digital. De acordo com a psicóloga, é preciso "perceber se há uma auto desvalorização da própria vida, do seu próprio 'eu', do seu auto conceito, da forma como a própria pessoa se vê".
"Coisas que nós gostávamos em nós, antes, de repente, deixámos de gostar. E, às tantas, quando publica uma fotografia, tenta-se publicar à semelhança dos outros e altera-se e põem-se filtros. Isso já é sinal que está a tentar ser à semelhança de alguém, portanto, o nosso próprio 'eu' já está um bocadinho camuflado." Outra situação é quando o conteúdo com que a pessoa se cruza, no feed do Instagram, começa a gerar uma emoção negativa e sintomas depressivos, como "ficar-se triste com uma conquista da outra pessoa, porque também se quer" ou "começarmos só a reparar nas coisas que não se tem e que se gostava de ter" — podendo, até, chegar ao ponto de "chorar com a frustração de não conseguir".
Do mesmo modo, os transtornos psicológicos podem surgir em criadores de conteúdo, independentemente do número de seguidores. Catarina Graça alerta para a importância de refletir "se estamos, realmente, a publicar as coisas por gosto pessoal ou se estamos à procura de uma reação do outro lado de lá" e explica como a ansiedade pode ser um "sinal para parar": "Quando a pessoa está ansiosa porque ainda não fez aquela publicação e devia ter feito, do género 'queria mostrar o sítio onde eu estou almoçar e já são três da tarde, já não faz sentido'." "Quando se começa a viver ansiosa para fazer determinada publicação, acho que isto já é um sinal de que alguma coisa aqui tem que mudar. (...) Parece que se quer viver para mostrar ao outro."
Segundo a psicóloga, é fundamental que os utilizadores de redes sociais tenham a capacidade de fazer uma reflexão interior, de modo a "ter um bocadinho de noção e decidir não seguir, bloquear, no limite máximo desinstalar este tipo de aplicação".
"Temos que sentir que controlamos a rede social e não o contrário"
A profissional alerta para a toxidade das redes sociais, mas explica que depende "da forma como as interpretamos e do controlo que temos sobre elas". "Nós temos que sentir que nós é que controlamos a rede social e não o contrário. (...) Temos que fazer a nossa própria leitura e perceber se precisamos daquilo ou não, porque se não precisamos e estamos a ser influenciados de forma negativa, claramente que é uma coisa tóxica."
Catarina Graça assegura que "o que se vê o Instagram é a pequena fotografia, nunca é a 'big picture'" e congratula a ação de alguns influenciadores digitais que tentam desmistificar a ideia de "vida perfeita", nas redes sociais. Ainda assim, considera insuficiente. "Eu acho que é pouco e poderiam fazer mais. (...) São pagos para fazerem determinadas publicações e determinados conteúdos e, se calhar, não estão bem a pensar no impacto que isso pode ter nas outras pessoas. Alguns vão alertando para isso mas, às tantas, não se veem na obrigação de o fazer e entregam um bocado à disponibilidade das pessoas, para elas próprias fazerem a sua reflexão sobre o assunto."
Segundo explica à MAGG, a maioria utilizadores da rede social são adolescentes e jovens adultos — as idades "mais problemáticas, porque são aquelas em que se poderá estar um pouco mais fragilizado". "Há comentários que podem ser destrutivos e há pessoas que não têm estofo para lidar com isso e podem-se ir mesmo abaixo", assegura. "Caem num buraco emocional completamente abismal, porque está mesmo ali à mão de semear, é à base do clique. Esse facilitismo é terrível para estas questões."
Concretamente em relação aos mais novos, Catarina Graça acredita que a solução não passa por proibir o uso de redes sociais, mas destaca a importância de uma abordagem educativa, por parte dos pais. "Quando se quer chegar ao conteúdo chega-se de qualquer forma, mas acho que, se os pais tiverem a iniciativa de falarem com os filhos e explicarem-lhes o que é que é a rede social, o que é que vão encontrar por lá, o que é que é a realidade e o que é que não é (...) é uma preparação muito melhor para filtrarem o que vão encontrar".
A psicóloga sublinha ainda que "a crueldade nessas idades é muito dura". "Pode não haver o estofo para conseguir filtrar uma crítica ou um comentário negativo. É quase como se fosse bullying e pode ter um efeito super negativo na autoestima, no auto conceito deste adolescente. Acho que os pais têm que ter muita noção do filho/a que têm."
"É falso comparar a vida real com os melhores momentos das pessoas"
É em conjunto com Marie e Jake — o casal com quem criaram o projeto Club Life Design — que os Explorerssaurus tentam mostrar a falsidade associada às redes sociais. "Nós não usamos esse tipo de aplicações ou filtros que mudam completamente a imagem de uma pessoa", começa por esclarecer Raquel Janeiro à MAGG. "Por conhecermos pessoas que o faziam e sabermos como é que eram no Instagram e ao vivo, chocou-nos imenso."
A jovem influenciadora ressalva "uma pressão" e uma comparação muito grandes", "principalmente para as gerações mais novas", associada ao desenvolvimento e crescimento das plataformas digitais. "As pessoas têm que perceber que o que se vê na rede social são os 'highlights' [os momentos altos] da vida das pessoas. Toda a gente partilha os melhores momentos, ninguém partilha os piores. É falso e incorreto comparar a vida real com os melhores momentos — e, muitos deles, nem reais são — que vês nas fotos ou em vídeos de outras pessoas, nas redes sociais".
Neste sentido, surgiu uma preocupação nos Explorerssaurus em "desmistificar" o mundo digital. "Quem olha para o nosso Instagram, parece que somos um casal perfeito (e nós adoramos a relação que temos), mas como qualquer casal normal, nós discutimos", assegura Raquel, referindo que, por vezes, são questionados "por que é que não mostram" os momentos em que se zangam. "Se eu pegasse no telemóvel e dissesse ao Miguel 'espera aí que eu vou gravar', claro que ainda íamos discutir mais. Não ia ajudar em nada e não seria saudável para nós."
Raquel conhece que é "muito complicado" mostrar uma fase má no Instagram, mas apela à consciencialização. "A última coisa que te vais lembrar é de gravar esses momentos", reforça. "No que toca a filtros que alteram completamente a forma corporal, a cor de cabelo, olhos, tamanho de tudo e mais alguma coisa... acho que é importante alertar as pessoas que isso existe, que é tão fácil como fazer um clique de um segundo no telemóvel." A jovem salienta que "esse tipo de edição de imagem" não é novidade e refere a sua utilização em revistas, mas certifica que "hoje em dia, toda a gente consegue fazer isso e há quem use as coisas para o bem e para o mal".
Catarina Gouveia apercebeu-se que "parecia tudo demasiado perfeito"
"Se me faz tão bem a mim, vou partilhar, como se estivesse a partilhar para os meus amigos". É este o pensamento de Catarina Gouveia em relação ao conteúdo que divulga nas suas redes sociais. Tem 553 mil seguidores no Instagram e, em declarações à MAGG, garante que, numa escala de zero a dez, o seu perfil corresponde "nove" à sua vida real. O seu objetivo no digital, assenta na tentativa de "melhorar a vida de alguém" e/ou "acrescentar valor". "Desde uma alimentação equilibrada, ao estilo de vida que seja o mais saudável em todos os sentidos: emocional, físico, mental, espiritual. É nisto que eu gosto de me basear e gosto de viver bastante a minha vida nestes sentidos."
A escolha do que mostra e/ou oculta assenta num "equilíbrio, com muita sensatez e muita coerência". "Tento, cada vez mais, ser o mais humana e transparente possível, no sentido de também comunicar as minhas dificuldades", começa por explicar. "Tento comunicar de forma despretensiosa estas partes menos boas, só para que a nossa vulnerabilidade, de quem está mais exposto nas redes sociais, também seja integrada nesta comunicação. Porque ela existe, é humana e vai sempre existir." Em privado, prefere manter o "ambiente familiar" e o marido, Pedro Guerra. "Acredito que seja saudável o transparecer de que é importante, numa relação, haver uma dinâmica feliz e saudável, mesmo para pessoas mais novas que me possam seguir. (...) O Pedro não faz parte desta esfera de redes sociais, tento fazê-lo com maior precaução."
A atriz revela que, através do feedback dos seguidores, percebeu que "parecia tudo demasiado perfeito" no seu Instagram, pelo que sentiu necessidade de começar a "partilhar mais um pouco da realidade", desde as "dificuldades", aos "dias mais tristes" e até os "problemas pessoais". "Quem me segue questionava muitas vezes 'mas tu nunca comes nada que não seja saudável?' (...) Eu como imensas coisas, só que não coloco aqui [no Instagram] de forma a não incentivar esse consumo. (...) Estava a passar uma imagem de que eu, todos os dias, me alimentava bem, no sentido de que só optava por uma alimentação saudável. E não. Percebi que me falta, também, comunicar que quando me apetece comer dois pastéis de nata e uma pizza e um gelado, eu também o faço."
Quando está num "dia menos bom", Catarina não esconde, mas procura partilhar as estratégias que adota para se sentir melhor. "Com a consciência de que faz parte. A aceitação de que ele existe e tenho de vivê-lo e o que é que eu faço para que ele seja um bocadinho mais leve e um bocadinho mais respirável. (...) Tenho mesmo esta tendência muito presente e que faz parte da minha essência, que é partilhar aquilo que me faz bem, na esperança que também faça bem a alguém."
"Se a imagem não está bonita, não a partilho"
Para gerir o "lado pessoal e o lado profissional das redes sociais", Catarina Gouveia conta com uma equipa e com a família. No que respeita aos conteúdos publicitários, há "quatro ou cinco pessoas" que têm "um peso gigante naquilo que acaba por ser partilhado". Segundo a própria, ajudam a "definir os conteúdos e as marcas", "aprovar as fotografias" e "'brifar' toda a produção de conteúdos que existam, como é que devem ser feitos, o que é que se deve evitar". Quanto às partilhas pessoais, sem marcas associadas, conta à MAGG que são o marido e os familiares (através de um grupo no WhatsApp), que ajudam a escolher as fotografias.
Catarina sublinha um "cuidado estético" nas suas plataformas digitais, sobretudo no concerne "aos tons da fotografia", para que "fique muito harmonioso em termos de feed". Para clarificar, a influenciadora estabelece uma comparação entre os perfis de Instagram e uma revista. "Gosto de ver registos fotográficos cuidados, bonitos e, portanto, quando comunico através de fotografia, tento também ter o cuidado que eu procuro. (...) Costumo trabalhar com uma equipa de profissionais fotográficos e, às vezes, quando não estão disponíveis ou quando se precisa de contratar um profissional que não é uma pessoa que costuma trabalhar muito comigo, nós tentamos sempre 'brifá-lo' para que o registo seja sempre nos mesmos tons, para que a fotografia seja sempre tratada com os mesmos filtros.
"Alterações estéticas", ao nível do corpo, são um "não" redondo para Catarina. No entanto, há alguns "cuidados" que tem, habitualmente, no tratamento da imagem, antes de ser divulgada nas redes sociais: "colocar um filtro que harmonize a tez da pele, que traga brilho à pele", "suavizar a pele das pernas" e passar "a roupa a ferro", ou seja, disfarçar as "rugas" das peças de vestuário com que fotografa.
"Não partilho as coisas naturalmente", confessa a atriz. "Gosto de trabalhar a estética, gosto de ser cuidadosa com todo o conteúdo, seja ele qual for. Há um cuidado, sempre, seja uma paisagem, seja a roupa do dia, seja um prato. Não fotografo qualquer coisa que me apeteça. Se eu vir que a imagem não está bonita, eu não a partilho, porque eu própria procuro um conteúdo que inspire, conteúdos bonitos, com cores bonitas. Gosto de ver isso no meu dia a dia quando me procuro inspirar e, portanto, quando procuro comunicar, gosto de fazê-lo da mesma forma."
Como exemplo, menciona as suas refeições: por ser "esteticamente apetecível", gosta de mostrar o pequeno almoço, mas o mesmo não acontece com o que vai comendo ao longo do dia. "O almoço e o jantar já são refeições muito mais apressadas, às quais eu não me dedico da mesma forma. Quando vou para partilhar, o impacto já é completamente diferente: a beleza das cores, a estética do prato, já não existe."
Catarina acredita a "toxicidade" das redes sociais depende "do uso que lhe damos. "Tudo o que é em exagero, acaba por nos prejudicar e acho que isso é extensível às redes sociais." Em relação ao conteúdo que procura nas plataformas digitais, define-se como "criteriosa". "Algo que me inspire, que me traga harmonia à minha própria vida, que me ensine a ser melhor pessoa."
João Cajuda sente "mais liberdade" nos stories
Muitos conhecem-no de "Morangos com Açúcar", onde se estreou como ator, mas há quase dez anos que se dedica às viagens. Em 2016, João Cajuda criou a sua agência de viagens, a Leva-me e partilha as suas experiências nas redes sociais, através do Instagram e no blog. No entanto, não se considera influencer. "Acho que isso é mais um resultado do meu trabalho do que o meu trabalho. (...) Gosto de transmitir um bocadinho a minha forma de viver, relaxada, divertida, otimista e passar um bocadinho da beleza que eu vejo com os meus olhos às pessoas que, muitas vezes, não têm oportunidade de ir aos sítios onde eu vou."
"Acho que há muito ódio nas redes sociais hoje em dia e as pessoas sentem que podem agredir, por palavras, as outras pessoas. Tento-me abstrair um bocadinho disso. Eu uso as redes sociais e gosto de partilhar boa energia e só faço isso. Acho que têm um lado bom e um lado mau e, felizmente, temos a opção de fazer follow e unfollow, por isso cada um segue aquilo que quer e que o inspira e lhe traz coisas boas."
"Acho que há muito ódio nas redes sociais hoje em dia e as pessoas sentem que podem agredir, por palavras, as outras pessoas", João Cajuda
Os conteúdos de João prendem-se com as viagens que faz pelo mundo. "Sejam coisas boas ou coisas más", garante à MAGG que o que mostra no seu Instagram é a realidade, mas tem diferentes perspetivas em relação à plataforma. "No feed, gosto de partilhar as coisas mais bonitas daquilo que eu vejo, gosto de partilhar a beleza dos sítios que visito. Nos stories, tenho mais liberdade para partilhar um bocadinho de tudo e há o vídeo, em que se pode mostrar muito mais do que numa foto."
Para clarificar, exemplifica que, por vezes, cria uma ideia de um local e, quando lá chega, não corresponde. "[Nos stories] acabo por partilhar as coisas boas do destino e, muitas vezes, também as coisas más que ele tem. Há destinos para onde eu viajo que têm bastante poluição, também brinco muito com a expectativa e realidade. (...) Se calhar no feed partilho a parte bonita e nos stories mostro a parte menos bonita".
"As pessoas pensam 'ele só viaja', mas isso é 20% do meu trabalho"
"O que eu partilho é real. Eu visito aqueles locais, tenho aquelas experiências. Mas o Instagram não é a vida, não partilho tudo o que faço. Não partilho o que como ao pequeno almoço, o que como ao almoço, o que como ao jantar", sublinha o agente de viagens, que prefere manter a sua vida pessoal mais reservada. "Para mim, as redes sociais são uma ferramenta para mostrar o meu trabalho e é isso que eu mostro. Acho que há uma linha que separa o que é o meu trabalho e a minha vida. Há certas coisas que gosto de manter em privado e as pessoas também não têm interesse em saber".
"Não tenho por hábito partilhar conteúdo em que estou extremamente feliz ou que esteja triste", afirma. "Muitas vezes as pessoas pensam 'ele só viaja' mas isso é, se calhar, 20% do meu trabalho. Passo semanas ao computador, a trabalhar. Tenho uma agência de viagens que organiza pessoas para centenas de viajantes, isso dá trabalho. Essa parte, acredito que as pessoas não tenham interesse, nem eu tenho interesse em estar a mostrar. (...) Acabo por mostrar a parte mais interessante e bonita do meu trabalho."
Ainda assim, por vezes, gosta de explicar à sua comunidade digital como faz vídeos e tira fotografias. À MAGG, conta que recorre ao tripé ou pede a alguém para o fotografar (um membro do grupo que leva em viagem, o segurança de um hotel e até mesmo pessoas desconhecidas). Já ao nível da edição, é João quem trata de tudo e descreve como o faz: "Acho que não há um fotógrafo que não dê um tratamento às suas fotos. Eu só tenho um filtro e uso quase sempre esse filtro, não faço grandes alterações às minhas fotos. Obviamente que, se estiver num sítio bonito e estiver um emplastro atrás, sou capaz de o tirar, não vou ficar meia hora à espera que a pessoa saia para tirar uma foto".
O viajante ressalva que nem sempre consegue captar "a beleza dos locais" em fotografias. "Há situações em que, por vezes, as fotos embelezam um local, mas há situações que é o contrário. (...) O filtro, às vezes, torna o local mais bonito, outras acaba por até o tornar mais desinteressante, mais feio do que ele é, mas eu gosto de manter um estilo". Em relação a alterações estéticas, não confirma, nem nega. "Provavelmente. Não te vou dizer que não deva ter feito, mas é uma coisa não utilizo. O que acontece é mais na cor da pele, às vezes estou mais branco do que na fotografia parece." Ainda assim, numa escala de zero a cinco, assegura que o seu Instagram corresponde "quatro" à sua vida real.
No Instagram, Bárbara Corby mostra apenas "10% da [sua] vida"
Quando começou a produzir conteúdo para as redes sociais, há sete anos, Bárbara Corby não se mostrava sem maquilhagem. "Hoje em dia não sou tão crítica com as coisas que publico. (...) Obviamente, nas fotos, escolho a que estou melhor, nos stories apareço do jeito que estou", explica a influenciadora, que também olha para as ferramentas do Instagram de forma diferente.
"O feed tem um objetivo que é alcançar pessoas e os stories é, muito mais, criar identificação com quem já te segue. Dificilmente alguém que não me segue vai ver os meus stories, enquanto que o meu feed serve para levar o meu trabalho mais além. (...) É o meu portefólio de trabalho e há coisas que não combinam com as marcas com as quais eu trabalho." Como exemplo de um conteúdo que divulga, exclusivamente, nas histórias, menciona "saídas à noite".
"Sendo influencer ou não, toda a gente partilha o melhor nas redes sociais", Bárbara Corby
A influenciadora garante que o seu perfil de Instagram, onde tem 333 mil seguidores corresponde, "totalmente" à realidade, mas não representa toda a sua vida. "Ali, está 10% da minha vida, os outros 90% não interessam, é pessoal", confessa. "O Instagram é uma pequena parte da vida. (...) Qualquer pessoa que achar que toda a gente tem uma vida perfeita está muito equivocado. (...) Sendo influencer ou não, toda a gente partilha o melhor nas redes sociais."
"O meu trabalho é, acima de tudo, ser útil e entreter as pessoas". Seguindo esse mote, prefere ocultar aquilo que, na sua opinião, "não vai acrescentar nada à vida das pessoas", bem como o que possa influenciar outras pessoas a fazer algo menos positivo [por exemplo, no que respeita à saúde ou hábitos alimentares]. Acrescenta, ainda, tarefas domésticas e tudo o que diga respeito à privacidade — como a família e a escola do filho, Frederico, de 18 meses.
No que concerne ao tópico da maternidade, Bárbara tem por hábito partilhar a fofura do filho, mas, também, as noites mal dormidas. "[As pessoas] às vezes, acham que, para mim, ou para as outras pessoas, é muito mais fácil do que para elas. (...) Acho que é importante saberem que eu estou aqui, mas não durmo há um mês, que é real, que durmo duas horas, três horas, por noite e não é por isso que chego ao escritório a chorar", refere, em declarações à MAGG, mostrando-se consciente de que há várias pessoas em situações semelhantes. Sublinhando a importância desmistificar a ideia de vida perfeita dos influenciadores, garante que todos as pessoas "estão a batalhar contra alguma coisa" na sua vida, mesmo que não o aparentem.
"Quando comecei, emagrecia-me em todas as fotos, alisava a minha pele"
Bárbara Corby assegura que, atualmente, apenas ajusta as cores das fotografias, através de uma pré-definição, mas não faz alterações ao nível da pele, nem utiliza aplicações como Photoshop. Só que nem sempre foi assim. "Houve uma altura em que só fazia stories se tivesse filtro", recorda, explicando que deixou de utilizar filtros há cerca de meio ano, por considerar que não fazia sentido.
"Acho que foi um bocadinho aquele 'wake up call' de: isso não é real, por que é que eu estou a mostrar uma coisa às pessoas que as pessoas não vão ter. (...) Quando eu comecei [2014] emagrecia-me em todas as fotos, alisava a minha pele, demorava uma hora a editar uma foto. Hoje em dia, é como sai", acrescenta, mencionando que esse tipo de edição, mais aprofundada, ficou de lado há uns três anos.
E, tal como todas as pessoas, Bárbara também tem momentos em que se sente mais em baixo e conta à MAGG como é a relação com as redes sociais, nessas alturas: "Explico que não estou bem e partilho isso, porque acho que também é importante. (...) Às vezes, digo o que é que é, às vezes não digo e tento não partilhar tanto, porque não consigo simplesmente fingir que está tudo bem e continuar a minha vida normal." No entanto, não descura o trabalho e mantém a divulgação dos conteúdos patrocinados.
"Com foco e trabalho tudo é possível". É esta a mensagem principal que Bárbara Corby tenta transmitir nas suas plataformas digitais. Além de momentos do seu dia a dia e dos "outfit of the day", a influenciadora explica à MAGG que, através da sua experiência pessoal, procura inspirar os seguidores a lutar pelos objetivos, sempre com a ressalva de que "as coisas levam o seu tempo". "É importante que as pessoas percebam que o que veem hoje não foi construído de um dia para o outro. É preciso muita dedicação, muito trabalho, muita resiliência."