Os dedos das duas mãos talvez não cheguem para contar o número de anos que vive em Lisboa ou no Porto ou que visita frequentemente as cidades. Durante este tempo, pode até ter atravessado a Rua Augusta ou olhado para a Torre dos Clérigos, mas nunca subiu, por exemplo, ao arco da Rua Augusta ou à própria torre. Não julgamos. Também nós não explorámos muitas das coisas de que lhe vamos falar, mas uma coisa garantimos: vai ficar com vontade de ser turista na sua própria cidade, que pensa que conhece como ninguém.

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Vamos começar a traçar o roteiro pelo Porto, que tem várias novidades lançadas nas últimas semanas e que, embora não sendo clássicos, vale a pena visitar. Uma delas é o brunch de domingo que está de volta ao soMos ou o Oktoberfest, que decorre na Fábrica Nortada, no Porto, até 9 de outubro. Já em Lisboa, há jantares pop-up d'O Lobo Convida, com chefs conhecidos, e um after work com vista para o Tejo.

São apenas algumas sugestões para complementar os clássicos imperdíveis, sendo que para isso, se vier de longe, vai precisar de sítio para ficar. Não agradeça já, veja primeiro: para ficar em Lisboa, este é o sítio perfeito para o outono e, no Porto, sugerimos o PortoBay Teatro (aproveite e fique sete dias por nós). Estadia garantida, só falta começar o roteiro lançado numa data especial: o Dia Mundial do Turismo, 27 de setembro.

Porto

1. Subir a Torre dos Clérigos

Torre dos Clérigos
Torre dos Clérigos créditos: Wendell Adriel /Unsplash

Os Clérigos combinam a torre, o museu e a igreja, classificadas como Monumento Nacional em 1910, e seja mais ou menos ligado à religião, vale sempre a pena visitar a torre que data do século XVIII para ver a arquitetura barroca que a caracteriza. A Torre dos Clérigos tem 75m de altura e vai ter subir 225 degraus para chegar ao topo. O esforço físico é recompensado pela vista panorâmica para cidade.

Pode subir à torre e visitar o museu (6€, gratuito até aos 11 anos) ou fazer uma visita guiada pelos três pontos dos Clérigos (7,50€). A entrada é gratuita para profissionais de saúde, forças de segurança, escuteiros e clero. A Torre dos Clérigos está aberta todos os dias das 9h às 19h. Reservas: 220 145 489/ info@torredosclerigos.pt

2. Andar pelos jardins do Palácio de Cristal

Jardins do Palácio de Cristal
créditos: Filipa Brito

O Palácio de Cristal é um clássico no Porto e não pode passar na cidade sem fazer uma visita aos jardins exuberantes projetados pelo paisagista alemão Emílio David no século XIX. Contudo, além do passeio pelos jardins românticos — entre eles o jardim Émille David —, pela Avenida das Tílias, pelo bosque e pela conceção das varandas sobre o Douro, pode aproveitar para ir até ao Centro de Educação Ambiental. A entrada é livre e abre às 8h. Até 30 de setembro fecha às 21h e de 1 de outubro a 30 de março fecha às 19h.

3. Caves do Vinho do Porto

Sandeman

O Porto quase que tem um prefixo no nome: vinho. A cidade é conhecida pelo vinho do Porto, cuja história está contemplada nas Caves do Vinho do Porto, certificada pela Associação das Empresas de Vinho do Porto (que, dado curioso, fica situada em Gaia, bem como todas as caves deste vinho fortificado).

Neste lugar vai encontrar um centro multimédia, que conta a história e a cultura do Vinho do Porto e da Região Demarcada do Douro, ponto primário da visita para perceber o que se segue: a rota das caves. Pode passar pela emblemática Churchill’s, a primeira companhia produtora de vinho do Porto, a The House of Sandeman e ainda as caves do vinho do Porto Graham’s.

O centro de interpretação está aberto de segunda a sexta-feira das 10h às 12h30 e das 14h30 às 18. Para visitar as caves (e provar os respetivos vinhos), deve consultar o horário de cada uma indicado no site.

4. Subir a ponte da Arrábida

Porto Bridge Climb
Porto Bridge Climb créditos: portobridgeclimb/Instagram

Aventureiros ou não, nada temam na subida à ponte da Arrábida, porque além de segura, é certinho que quando descer vai desejar voltar imediatamente só para mais uns minutos a ver o Douro. A Porto Bridge Climb organiza subidas à ponte, em que durante 40 minutos um guia indica o caminho até metade do arco, entre o Porto e o topo.

Vai ficar a 65 metros acima do rio e espreitar uma das vistas mais impressionantes sobre o Porto, Gaia e a Foz do Douro. A subida ao topo da ponte é para "qualquer pessoa que consiga subir escadas autonomamente" e para os que não têm medo do escuro. Isto porque além das visitas diurnas, pode subir os 262 degraus de noite através da plataforma Airbnb.

Pode reservar por telefone (929 207 117) ou diretamente no site. O bilhete custa desde 14€ por pessoa para quem tem cartão Andante e cartão Porto ou 17,5€para visitas feitas em grupos de uma a quatro pessoas.

5. Atravessar a Ponte Luís I a pé

Ponte Luís I

Pode já ter 135 anos, mas continua a oferecer a mesma beleza de sempre. A ponte divide-se entre o tabuleiro superior e o inferior e é o primeiro que deve percorrer para admirar o Douro, bem como a cidades de Porto e Vila Nova de Gaia que são ligadas pela ponte. São apenas 385,25 metros de caminhada para fazer vagarosamente enquanto admira as duas margens do rio, contudo, também pode fazer a viagem de forma mais rápida, através da linha amarela do metro do Porto, inaugurada a 18 de setembro de 2005 — o aniversário já passou, mas ainda é tempo de celebrar com uma viagem desde o IPO, no Porto, até Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia. O bilhete custa desde 1,20€.

6 Andar num elétrico com 125 anos 

elétrico Porto
créditos: porto.pt

Não é só Lisboa que tem elétricos. O Porto também e é uma das formas mais antigas de andar pela cidade. A primeira viagem foi feita em 1895 e atualmente há três linhas e cinco veículos a circular. São eles a linha 1, que vai de Infante ao Passeio Alegre, a linha 18, entre Massarelos e o Carmo, e a linha 22, entre o Carmo e a Batalha. Todos os percursos passam pelos pontos mais turísticos da cidade para cumprir precisamente o objetivo deste roteiro: ver o Porto como qualquer turista estrangeiro. Pode comprar o bilhete Porto Tram City Tour a bordo. Custa desde 3,50€.

7. Estação de São Bento

Estação de São Bento
créditos: visitportugal

É incontornável passar na Estação de São Bento, mesmo que o comboio não seja o meio pelo qual se move no Porto ou usou para chegar à cidade. É um projeto do arquiteto Marques da Silva e que se destaca pelo painel de tons azuis e brancos formato por vinte mil azulejos pictóricos da autoria de Jorge Colaço, bem como pelos tetos ornamentados. A estação, na Praça Almeida Garrett, ganha outra beleza à noite, quando fica iluminada, criando um cenário ainda mais belo. O melhor da visita é que não tem de pagar. Para ver e sentir a estação, pode estender a visita e ficar no The Passenger Hostel, que fica dentro da estação e permite ver os comboios a passar.

8. Livraria Lello

Livraria Lello
créditos: instagram

Em tempos, visitar a livraria Lello não tinha qualquer custo, mas como passou a ser um ponto imprescindível para os turistas, as entradas começaram a ser cobradas para controlar o fluxo no interior. No entanto, além a visita proporcionar a oportunidade de ver a beleza da livraria com mais de um século de história, se cumprir com o propósito principal de ir a uma livraria — comprar um livro —, no final o valor do bilhete é descontado.

A Lello funciona todos os dias das 9h30 às 19h30 e o bilhete custa desde 5€ (grátis até aos 3 anos). Se for de Lisboa e não puder ir ao Porto, em alternativa pode sempre ir a uma loja Zara e comprar uma das novas T-shirts (15,95€) ou sacos de pano (12,95€) alusivos à livraria, cuja valor contribui para a recuperação do património livreiro.

9. Majestic  

Majestic Café
créditos: instagram

Já está com a boca seca de tanto ler e nada passear? Eis então a primeira sugestão gastronómica no Porto. Não, não é uma francesinha, mas sim um simples café num sítio icónico: o Majestic Café. É um espaço cheio de história, começada a 17 de dezembro de 1921, desde a fachada às mesas, nas quais se servem clássicos que qualquer português não prescinde no dia a dia. Um deles é o café (5€), mas para algo mais completo peça logo o pequeno-almoço à Majestic, que até inclui flute de champanhe (30€). Uma vez que há carteiras que não podem esticar-se tanto, ficará bem servido com as rabanadas à Majestic, com Porto Majestic Tawny 10 anos (6€).

O café está aberto de segunda-feira a sábado das 9h às 23h30.

10. Comer um cachorrinho na Cervejaria Gazela

Cervejaria Gazela
Cervejaria Gazela créditos: instagram

O original cachorrinho do Porto está nesta cervejaria, aberta desde 1962. O melhor de tudo é o preço: um cachorrinho — pão tostado com salsicha grelhada e queijo —custa apenas 3,70€, e já que está numa cervejaria, deve acompanhar com uma das cervejas da carta (desde 1,70€). Pode também optar por uma francesinha (9,50€), um prego (3,50€) e um caldo verde para completar a mesa com o mais tradicional. Mas se é para provar o que é típico, tem mesmo de pedir o cachorrinho, descrito como "fenomenal" por quem já o provou. A cervejaria está aberta de segunda-feira a sábado das 12h às 22h30.

Lisboa

1. O melhor pastel de nata não se discute, mas ir a Belém é obrigatório

pastel de belém

Deixemos de lado as teorias sobre se o melhor pastel é o de Belém ou o da Manteigaria. No caso dos Pastéis de Belém, a particularidade é o espaço (esquecendo as filas à porta), rodeado de azulejo português para fazer jus ao que se serve: pastéis de nata, baseados numa receita secreta cedida pelos mestres pasteleiros do Mosteiro dos Jerónimos. Os Pastéis de Belém foram classificados em 2011 como uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal e em 2021 pode provar esta maravilha acompanhada de um café, como não podia deixar de ser. Custa 1,15€ por unidade.

2. Cristo Rei

Cristo Rei
créditos: Reiseuhu/Unsplash

É um clássico que talvez nem esperava que estivesse na lista. Mas conte-nos: alguma fez visitou o Cristo Rei? Estamos a ouvir um não ao longe ou que já visitou mas foi há tantos anos que não se lembra. Está então na altura de revisitar o monumento nacional, inspirado no Cristo Redentor do Corcovado, no Brasil, e que ergueu os braços na margem sul do Tejo em 1959.

Pode fazer uma visita mais religiosa e ir à Capelania ou assistir às missas (diariamente às 17h ou ao sábado às 12h e 17h e domingo às 11h30 e 17h) do Santuário de Cristo Rei, ou, se for mais pela vista, primeiro temde  ir no elevador, subir 59 degraus até chegar à Capela dos Confidentes do Sagrado Coração de Jesus e depois, sim, chega ao terraço, a 84 metros de altura. Uma vez lá em cima, tome atenção a alguns dos destaques que a vista panorâmica proporciona: a Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos e a ponte 25 de Abril. O bilhete custa 6€ e é grátis até aos 7 anos.

O Cristo Rei está aberto desde todos os dias das 10h30 às 19h.

3. Arco Triunfal da Rua Augusta

Arco Triunfal da Rua Augusta
créditos: Mark Lawson/Unsplash

Poucas vezes lhe damos a devida importância e até passamos por baixo sem sequer inclinar a cabeça para admirar a sua beleza. Aliás, muitos nem sabem que é possível subir ao monumento que simboliza uma Lisboa que renasceu após o terramoto de 1755. Ao subir, vai encontrar estátuas relativas à história nacional, como é caso de Marquês de Pombal e Nuno Álvares Pereira, bem como toda a história do arco na Sala do Relógio. Depois, o ponto alto: a vista 360.º sobre Lisboa. O bilhete custa desde 6€ (grátis com Lisboa Card).

4. Andar no elétrico 28

Os piores comentários dos turistas a Lisboa em 2018
"O elétrico 28 não é para turistar, serve para ficar espremido entre as pessoas e não conseguir ver os monumentos e pontos turísticos pelo caminho. Está sempre lotado, não vale a pena, perda de tempo e verdadeiro programa de índio. O melhor é quando você desce do elétrico ao final do passeio!" — 468fabianac, 24 de outubro de 2018

Desta vez em Lisboa, os elétricos são uma atração para todos os turistas — tanto que até ganham forma de íman e estão em quase todas as lojas de souvenirs. O elétrico 28 é um dos mais conhecidos na cidade e dos mais famosos entre os roteiros que os turistas trazem traçados. O motivo é o facto de o elétrico partir do centro histórico, mais precisamente no Largo Martim Moniz, e ir até Campo de Ourique, passando pelos bairros da Graça e Alfama e o Largo das Portas do Sol. Estão enumeradas as razões para andar a bordo do elétrico 28, que pode conferir de uma forma simples: comprar o bilhete (2,85€) e ir. Se tiver cartão Viva Viagem (verde) carregado com título válido na Carris, será apenas descontado 1.25€.

5. Subir o elevador de Santa Justa 

Elevador de Santa Justa 
créditos: Lucie Capkova /Unsplash

Se é de Lisboa, uma vez na vida já deve ter contornado a fila que se faz quase todos os dias em frente ao elevador de Santa Justa (e pensado como é que há pessoas que se sujeitam a largos minutos de espera). Talvez porque valha mesmo a pena subir ao topo do elevador que liga a baixa ao Largo do Carmo. A verdade é que apanhar fila dá um certo jeito para ter tempo de admirar a estrutura em ferro forjado, com arcos neogóticos. Sabia que o elevador já funcionou a vapor? Descubra ainda mais pormenores na visita que custa 5,30€ ida. Também pode usar o cartão Lisboa Viva, 7 Colinas, Viva Viagem e Lisboa Card.

6. Padrão dos Descobrimentos 

Padrão dos Descobrimentos 
créditos: Mark Lawson /Unsplash

O Padrão dos Descobrimentos está de volta como sempre o conhecemos, sem quaisquer graffiti, e merece uma visita dos turistas portuguesas. Toda a identidade cultural e patrimonial da história da expansão portuguesa está dentro do monumento idealizado pelo arquiteto Cottinelli Telmo e erguido em 1940. Inclui ainda o Centro Cultural das Descobertas, um auditório, salas de exposições e um miradouro. Antes de entrar, admire os navegadores, cartógrafos, guerreiros, colonizadores que estão imortalizados na caravela de frente para o rio, e depois sim, compre o bilhete para descobrir o resto da história ultramarina portuguesa.

O bilhete para a exposição custa desde 3€ e para ir também ao miradouro custa 6€. A entrada é grátis para residentes no concelho de Lisboa aos domingos e feriados até às 14h e para crianças até aos 12 anos. O Padrão dos Descobrimentos está aberto até ao final de setembro entre as 10h e as 19h e a partir de outubro até às 18h.

7.  MAAT

maat
créditos: Michiel Annaert /Unsplash

Alguns turistas passam apenas do lado de fora, tiram uma fotografia instagramável e vão embora. Outros, entram mesmo para ver uma das exposições permanentes ou móveis que são disponibilizadas no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT). Para uma visita mais completa, pode optar por entrar nos dois edifícios do MAAT e na central de 1908 (9€). Atualmente, o MAAT tem também em a decorrer o programa maaturidades (20€), destinado ao público sénior, com o objetivo de colocá-los a "dialogar com a arte contemporânea, trazendo as suas experiências de vida ao museu, para um novo debate", convida o museu, aberto de quarta a segunda-feira das 11h às 19h.

A entrada no MAAT é gratuita nos primeiros domingos de cada mês e também não pagam crianças até aos 12 anos e desempregados. O edifício abre apenas a 5 de outubro, mas até lá já pode conhecer o novo conceito gastronómico do museu: o Maat Café & Kitchen.

8. Cervejaria Ramiro

Cervejaria Ramiro

Na Avenida Almirante Reis, ergueu-se em 1956 um restaurante que ainda hoje é uma sensação em Lisboa. O espaço é simples, sem grandes adornos nas paredes ou algo que o deixe embasbacado a olhar para o teto, as atenções vão mesmo todas para a mesa, que se enche de marisco mal bate a hora do almoço ou do jantar. Numa ida ao restaurante Cervejaria Ramiro, não pode sair sem provar umas ostras (2,51€ a unidade) e umas navalheiras (4,01 a unidade) para entrada. Depois disto, remate com o famoso prego com bife do lombo (5,01€). O restaurante está aberto de terça-feira a domingo das 12h às 00h.

9. A Ginjinha 

A Ginjinha 
créditos: zomato

A Ginjinha faz parte das Lojas com História e dos pontos que têm de ser picados por qualquer turista que ande pela cidade de Lisboa. Esta foi premiada com medalha de ouro e pode vir acompanhada com ou sem chocolate, é só escolher. A receita era de um monge que juntou ginjas, aguardente, açúcar, água e canela e, sem saber, estava a criar uma das bebidas mais apreciadas por quem passa pela cidade. A experiência de beber uma ginja d'A Ginjinha é ainda mais significante pelo facto de o espaço manter a mesma estrutura desde que abriu, com as paredes em mármore e uma fachada antiga. A Ginjinha está aberta todos os dias das 9h às 22h no Largo de São Domingos, no Rossio.

10. A Brasileira 

A Brasileira 
créditos: instagram

Vá, prepare lá a pose para tirar uma fotografia com Fernando Pessoa, que desde 1980 está sentado na esplanada do café A Brasileira. Contudo, o ideal é mesmo sentar-se numa mesa só para si, seja no exterior para assistir ao movimento frenético do Chiado e às atuações pontuais que acontecem no Largo do Chiado, seja lá dentro para admirar a decoração sumptuosa. Para comer, siga os gostos de Fernando Pessoa e peça o bife à Brasileira, com ovo a cavalo, ou um dos doces conventuais que saltam aos olhos nas montra. O café, na Rua Garrett, está aberto todos os dias das 8h às 22h.