É verdade que não é fácil acordar às 7h para treinar antes do trabalho ou fechar o computador ao fim do dia e ainda ter vontade de levantar uma barra com tanto ou mais peso quanto o dos filhos que temos para cuidar no regresso a casa. Ir ao ginásio é feito muitas vezes a custo, mas a atividade física não tem de ser sempre um sacrifício. E se for uma diversão com vantagens para o corpo?
No Dia Mundial da Atividade Física, que se celebra esta quarta-feira, 6 de abril, falamos sobre patinagem, mas não a mais comum. Em vez dos patins em linha a que estamos habituados desde miúdos, focámo-nos nos patins de rodas paralelas (aqueles que costumamos ver na patinagem artística). Quais as diferenças e vantagens de um em relação ao outro? Não são muitas, mas as suficientes para aventurar-se nesta modalidade.
"Grande diferença: o patim em linha dá para andar na rua em qualquer sítio e o patim em roda paralela não anda em qualquer sítio", começa por explicar à MAGG o professor Nuno Ferrão, diretor técnico nacional na Federação de Patinagem de Portugal (FPP), acrescentando que "o linha é para grandes movimentos, com grandes distâncias, e o de roda paralela para movimentos mais curtos e fechados".
Outra diferença tem que ver com a aprendizagem de ambos os patins. "Numa fase inicial, o patim em linha parece mais fácil e o de roda paralela mais difícil, mas no desenvolver do ato da patinagem o patim de roda paralela dá mais recursos para outras áreas", continua. Isto porque os patins de roda paralela têm como vantagem o facto de permitirem desenvolver "mais as noções de equilíbrio e coordenação motora".
Esta é talvez uma das principais, mas não a única vantagem da patinagem. Anda a lutar por uns glúteos no ginásio? Pois bem, a deslizar em cima de uns patins pode consegui-lo mais facilmente.
"Porquê de andar de patins? Pelos benefícios da saúde, nomeadamente para alguns grupos musculares. Por exemplo: toda a gente agora anda muito preocupada em trabalhar glúteos quando vai ao ginásio e a patinagem é uma das melhores modalidades para fazer isso. Aliás, há máquinas no ginásio que simulam o ato da patinagem e podemos fazer isso ao ar livre", refere o diretor técnico nacional da FPP. "Depois, o giro da patinagem é a noção de velocidade e da vertigem. O risco existe, mas o benefício da vertigem e da experiência é também positivo", remata.
Resta saber como começar esta experiência. Deixamos 5 dicas para começar a andar de patins de rodas paralelas.
1. Primeiro passo: escolher os patins mais indicados
Os patins não são todos iguais e apostar nos certos é meio caminho para que a atividade física seja ainda mais divertida. Não interessa marcas, mas sim as características das rodas e não só.
"A primeira coisa que se tem de ver é um patim ajustável ao tamanho da pessoa, ou seja, é fundamental o tamanho do pé estar ajustado à bota", aconselha Nuno Ferrão. Existem dois tipos de patins de roda paralela que pode escolher, um com uma bota do tamanho do pé, como uma sapatilha que encaixa numa base, ou o patim extensível, com fivelas.
Importa também ter atenção à roda. "Não interessa numa fase inicial ter rolamentos, o que está dentro da roda, que rolem muito. Devem ter uma rotação mais lenta. Normalmente, aperta-se ligeiramente o eixo para a roda ficar mais lenta e a pessoa não entrar logo a abrir", continua o diretor técnico nacional da FPP.
Quanto a ser um par de patins em segunda mão ou que passaram entre irmãos ou primos, Nuno Ferrão refere que "não há problema".
2. Equipamento de proteção
O que exige uma maior atenção são os patins, como seria de esperar, mas não é o único equipamento a levar para a rua. De modo a proteger-se, é também fundamental usar equipamento de proteção. Nuno Ferrão enumera joelheiras, cotoveleiras, capacete e proteção de punho.
A juntar a isto, deve também apostar numa roupa confortável para uma maior liberdade de movimentos.
3. Onde praticar
Uma coisa é preciso reter: a qualidade do material das rodas têm de estar ajustado ao local de prática. E como deve ser? "Uma zona lisa, sem grandes rugosidades e areias ou pedras, porque torna-se difícil", refere Nuno Ferrão da FPP.
São, por isso, indicadas ciclovias com passadeiras nas cidades.
4. Como dar os primeiros passos
Comprar patins? Check. Capacete e outras proteções? Check. Local indicado? Check. Agora é seguir com o plano para a frente e dar os primeiros passos. Antes disso, tem de calçar os patins e obedecer a uma regra: "Calçar patins num plano elevado. Sentar em cima de uma cadeira, um muro ou banco, por exemplo. Porque é mais fácil levantar a partir da posição de sentado do que a partir do chão", explica o diretor técnico nacional da FPP.
De seguida, deve ajudar a posição do corpo. "As pernas têm de estar ligeiramente dobradas, olhar em frente", no fundo, adotar a posição base. Uma vez a postos, pode começar a rolar, ou melhor, a marchar. "O objetivo é: levantar um pé, depois o outro, quase como a marcha militar", refere Nuno.
5. Como travar e evitar uma queda
Para travar há uma regra fundamental: não usar o travão que existe na frente do patim. "Serve para travar só para andar de costas ou arrancar, mas numa fase inicial não deve ser usado porque é enganador", alerta o diretor técnico nacional da FPP. Como fazer então para travar? Simples, abrandar. "Numa fase inicial as rodas não andam muito, portanto, naturalmente, se deixar de marchar automaticamente, vai abrandando a velocidade e vai parando".
Também para evitar uma queda não é o travão que é usado, mas sim o corpo através de uma técnica chamada noção da bolinha. "A noção de proteção para a queda, o que chamamos de noção da bolinha, é um agachamento profundo em situação de desequilíbrio. Sempre que alguém se sentir desequilibrado, deve baixar o rabo e não colocar as mãos no chão", explica Nuno Ferrão.
Para perceber como aplicar cada uma das dicas anteriores, pode ver tudo explicado neste vídeo.
Se não quiser aprender por si, pode inscrever-se em associações e clubes da Federação de Patinagem de Portugal ou noutros projetos. É o caso da Escola de Patinagem, em Matosinhos, do Lisbon Rollers, projeto criado por Diego Pimenta, e da associação IceShow Team Freestyle, em Faro.