Alguma vez pensou, antes de começar a fazer exercício físico, em vestir mais roupa para suar mais e, assim, queimar mais calorias? É capaz de não estar sozinho, porque a verdade é que muitas pessoas pensam desta forma: quanto mais roupa tiver quando vai fazer exercício, mais vai suar, e assim mais calorias vai perder, fazendo com que consiga obter os resultados que acredita estar a atingir. Mas e se lhe dissermos que não é bem assim?
Pedro Medeiros, personal trainer e editor de fitness da conhecida revista “Men’s Health”, explicou à MAGG que, na verdade, a dita temperatura normal corporal, de 36ºC, é aquela que tem de ser mantida, e não é aumentando a temperatura do corpo com mais roupa que vai queimar mais gordura. “Pelo contrário, o corpo pode ficar com uma série de falências se isso acontecer, e aí a pessoa vai perder algumas competências desde o foco, a performance, etc. É necessário manter uma temperatura ideal, o nosso corpo tem que estar em equilíbrio, em bom estado”, começou por explicar.
Ou seja, com o corpo sobreaquecido com a roupa utilizada, vai claramente suar mais, mas isso não quer dizer que vá libertar propriamente gordura, e poderá sim querer dizer apenas água. Assim, a pessoa fica desidratada - especialmente se não beber as quantidades certas de água durante o dia e durante o treino -, e isso pode ser prejudicial para a sua saúde. “Um corpo desidratado ou sobreaquecido dá a tal fadiga, e isso vai influenciar na performance”, disse Pedro Medeiros. Uma vez que a perda de peso, entre muitos outros fatores, só funciona com a performance certa, em nada a roupa está associada a isso.
“O corpo mais treinado, com mais músculo, que crie uma melhor base cardiovascular, é que vai conseguir influenciar a parte metabólica, que é a queima da gordura. Não é transpirar e perder água e aumentar a temperatura do corpo. Não é porque vou à sauna ou vou fazer exercício com uma roupa mais quente que isso vai acontecer, só vou estar a colocar o meu corpo em risco”, explicou. “Fazer exercício físico é ganhar qualidade de vida, é ganhar energia, é ganhar bem-estar, é sentir-se bem, não é criar no corpo um desconforto, portanto a escolha da roupa em si em nada pode influenciar”, acrescentou.
A roupa tem de ser, assim, sempre o mais confortável possível, e não é necessário ter a mais ou a menos para conseguir ter mais eficácia na perda de peso. “A roupa precisa de ser sempre confortável. As roupas são cada vez mais transpiráveis, mais confortáveis, os materiais são cada vez melhores. É sempre o ter conforto e respeitar o que é a natureza do corpo, neste caso a sua temperatura. E a hidratação, lá está, é super importante”, acrescentou ainda o personal trainer.
No entanto, isso não quer dizer que a pessoa não pode, claro, treinar num ambiente mais frio ou mais quente, mas é preciso existir uma adaptação para que não haja quebras como a desidratação. “Claro que as pessoas que treinam com calor têm que ter muito mais cuidados, e no frio igual. Tudo o que é extremos, muito calor e muito frio, tem que haver uma adaptação. Essas pessoas têm que estar adaptadas a esses ambientes, porque só o facto de ser muito calor ou frio já vai ser desconfortável. No caso do frio vai influenciar a parte muscular, a respiração. O calor é a mesma coisa, e leva também à fadiga”, explicou.
Assim, o que realmente influencia na queima calórica é, claro está, o exercício físico feito da maneira correta e a alimentação saudável, e Pedro Medeiros garante que não são crenças desnecessárias, como a quantidade de roupa, que vão ajudar no processo.
“Para cada objetivo, há que avaliar o estado atual da pessoa e garantir, através da condição física, o processo da percentagem de trabalho de treino. Mas também tem que ver com o sono e a alimentação, porque a pessoa, o corpo, tem que regenerar. Há todo um processo, não é uma estratégia. A pessoa vai entrar num processo em que vai garantir essas condições para haver uma maior queima de massa gorda. Se tiver a alimentação correta, se está a fazer o treino certo, se está a descansar, os ganhos vão ser visíveis”, rematou.