A narrativa é sempre a mesma: os democratas estão a cometer fraude eleitoral. Alega que os votos que estão a ser contados — e que foram legalmente entregues até ao dia da eleição, como havia sido combinado — são ilegais, porque a data já foi ultrapassada. De outra forma, os republicanos já teriam ganho. É tudo um plano para o afastar da Casa Branca.

É esta a história, sem qualquer tipo de fundamento, repetida por Donald Trump desde que, a 3 de novembro, dia da eleição para a presidência dos Estados Unidos, os votos dos eleitores começaram a ser contabilizados. Conforme Biden vai virando estados para o seu lado, já com 253 dos 270 pontos do Colégio Eleitoral necessários para ganhar, o atual presidente já fez mais de 30 publicações no Twitter, sempre em torno do mesmo assunto: fraude. 

Eleições EUA. Biden cada vez mais perto da vitória, Trump alega fraude e é corrigido pelos jornalistas
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A rede social não gostou e apontou muitos dos seus posts com a frase: "Alguns ou todos os conteúdos partilhados neste tweet são contestáveis e podem ter informações incorretas sobre como participar numa eleição ou de outro processo cívico."

Fomos à procura deles.

Começamos pelo mais recente: Donald Trump a alegar, mais uma vez, que é o vencedor da eleição com "votos legais", acusando aqueles que ainda estão a ser contabilizados de serem "ilegais". Afirma que o Supremo Tribunal é quem deve decidir.

Agora, há um vídeo da conferência de imprensa, em que acusa os estados de Filadélfia e Detroit de serem politicamente mais corruptos e que, por isso, não podem ser responsáveis pelo resultado de uma corrida presidencial. Acusa ainda o estado da Pensilvânia de banir os seus "observadores" de eleição para a contagem de votos, tendo recorrido ao Supremo Tribunal. "Ganhámos o caso, mas eles estão a avançar. Eles não querem ninguém lá dentro", diz, sugerindo que está em curso uma fraude eleitoral por parte dos democratas.

"O nosso objetivo é defender a integridade da eleição. Não vamos deixar que a corrupção roube uma eleição tão importante — nem nenhuma outra", diz. "Não podemos permitir que ninguém silencie os nossos eleitores."

A mesma narrativa. Num vídeo, a partir da Casa Branca, Donald Trump faz um "update" nos "esforços para defender a integridade da muito importante eleição de 2020", afirmando que se forem contabilizados "os votos legais" ele ganha "facilmente". Por outro lado, afirma que se forem contabilizados os "ilegais", esta pode ser roubada.

Novamente: "Parem a fraude".

"Todos os recentes Estados reclamados por Biden serão legalmente contestados por nós por fraude eleitoral e fraude eleitoral estadual. Muitas provas — basta verificar os mídia."

Uma mentira deliberada: "Qualquer voto que chegue depois do dia da eleição não será contabilizado."

A 4 de novembro, Donald Trump reclama "para fins de votação eleitoral" a Pensilvânia, a Georgia e o estado da Carolina do Norte, cada um dos quais com uma "liderança big Trump". Reivindica ainda o Michigan, uma vez que houve um grande "número de boletins rejeitado, como foi amplamente relatado."

Trump faz acusações sobre fraude eleitoral, dizendo que estão a tentar fazer "desaparecer" uma vantagem de 500 mil votos do partido Republicano. Acusa o "Michigan e outros" de irem no mesmo caminho."

Agora, um vídeo manifestamente falso, em que supostamente Biden diz que organizou uma eleição fraudulenta.

Acusações de fraude eleitoral quando começa a perder o domínio de certos estados: "Ontem à noite eu estava a liderar, muitas vezes com solidez, em muitos estados-chave, em quase todas as instâncias democratas governadas e controladas", começa por escrever. "Então, um por um, eles começaram a desaparecer magicamente enquanto as urnas surpresa eram contadas. Muito estranho."

O início da acusação de fraude: Trump acusa os democratas de estarem a "roubar a eleição", prometendo que não deixará que isso aconteça.