Na terça-feira, 11 de junho, o júri foi dispensado, depois não ter conseguido deliberar no caso do ativista Scott Waren, que foi detido no início de 2018, acusado de três crimes: abrigar imigrantes; conspirar, transportar e abrigar imigrantes; e ainda conduzir numa estrada de vida selvagem. Se for condenado e dado como culpado em todas as acusações, pode incorrer numa pena que vai até aos 20 anos de prisão.
O juiz Raner C. Collins, do Tribunal Federal de Tucson, marcou para 2 de julho uma audiência para ouvir a defesa e a acusação e decidir se Warren é ou não um criminoso, se agiu com um propósito humanitário ou se está ajudar homens a atravessarem ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos.
A defesa de Warren, representada por Gregory Kuykendall, descreveu a ação do acusado como "bondade humana básica", avançando também que este agiu “direta e totalmente” dentro da lei, como membro de uma organização não governamental de ajuda humanitária, a No More Deaths, que tem como objetivo impedir a morte de imigrantes que atravessam a fronteira para os Estados Unidos.
De acordo com o "The Guardian", fora do tribunal, Warren agradeceu a todos os que o apoiaram, criticando os esforços do governo americano para reprimir os emigrantes que chegam aos Estados Unidos.
“Hoje é tão necessário como sempre que os residentes locais e voluntários de ajuda humanitária se solidarizarem com os migrantes e refugiados”, disse. “Devemos defender as nossas famílias, amigos e vizinhos nesta terra que é a mais ameaçada pela militarização das nossas comunidades fronteiriças.”
Gregory Kuykendall, em declarações ao "New York Times", disse: "Scott Warren continua a ser inocente, porque o júri não conseguiu chegar a uma decisão unânime. O Governo expôs o caso com a força toda e usou inúmeros recursos, ainda assim os 12 jurados não conseguiram concordar."
O porta-voz do gabinete do procurador dos Estados Unidos da América, no Arizona, recusou-se a comentar e não avançou se Scott Warren teria de enfrentar outro julgamento.
O caso de Scott Warren trouxe para cima a mesa a discussão relacionada com a perseguição feita aos emigrantes que chegam aos Estados Unidos, assim como a quem se disponibiliza a ajudá-los com abrigo, comida e bebida.
Tudo isto acontece na sequência de o ex-procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, ter dado ordem para se dar prioridade a casos de acolhimento de pessoas que atravessam ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos.
Desde que, em 2017, Donald Trump ocupou o lugar de presidente, que os casos de detenções por acolher, abrigar e esconder imigrantes têm aumentado, apontam dados da Syracuse University.
Teresa Todd, uma advogada do Texas, foi detida no início deste ano por ter dado boleia a três jovens raparigas imigrantes que se encontravam na auto-estrada, à noite. Foi posta em liberdade em pouco tempo, mas não sem antes as autoridades revistarem o seu telemóvel.
Ativistas da fronteira estão preocupados relativamente àquilo que veem como sinais de uma gradual criminalizarão da ajuda humanitária. De acordo com os dados da Pima County, já morreram mais de três mil imigrantes a tentar atravessar os desertos do sul Arizona, onde as temperaturas excedem os 46 graus no verão e descem para valores abaixo de zero no inverno.