Os doentes internados com COVID-19 são cada vez mais jovens. Em novembro de 2020, 8,3% dos doentes internados em unidades de cuidados intensivos infetados com o novo coronavírus tinha 80 anos ou mais. Em janeiro, apenas 2,3% dos doentes nestes serviços se encontra na mesma faixa etária, facto que representa uma mudança importante na evolução da pandemia em Portugal, refere o "Público".

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Apesar de os idosos representarem o maior grupo de todos os internamentos em enfermaria, é notório um aumento de pacientes em todas as faixas etárias, entre os 30 e os 79 anos, de acordo com dados cedidos pela Direção-Geral da Saúde ao mesmo jornal. E isolando a faixa etária até aos 39 anos, pode observar-se um aumento de internamentos em 188%, percentagem que representa uma subida de 76 para 219 pacientes a nível nacional, salienta o "Jornal de Notícias".

Nos serviços de cuidados intensivos o panorama é semelhante, subindo de 14 para 32 os internamentos nestas unidades com idades mais jovens. Também se verificou uma subida no grupo de pessoas entre os 20 e os 39 anos em internamento geral: os casos passaram de 58 no final de 2020, para 186 no arranque de 2021.

Uma das hipóteses referenciadas pelos especialistas consultados por ambas as publicações para esta alteração na evolução da pandemia pode ter que ver apenas com o aumento generalizado do número de infetados com COVID-19 dado que, em comparação com as vagas anteriores, os números subiram exponencialmente. No entanto, outra das hipóteses prende-se com um possível sinal de rutura dos serviços médicos hospitalares, alerta João Ferreira Ribeiro, diretor do serviço de Medicina Intensiva do Hospital de Santa Maria, tal como escreve o "Observador".

De acordo com o especialista, que deixa claro que a idade não é critério de referenciação no momento de internamento, "a biologia" dita que "o critério fisiológico" vai-se tornando cada vez mais "decisivo à medida que a idade aumenta" no momento de admissão nas unidades de cuidados intensivos.

Ou seja, em panoramas de enorme afluência a estes serviços, é dada primazia aqueles com mais probabilidades de reagir ao tratamento — geralmente, os mais novos. "A predisposição fisiológica para doença grave aumenta com a idade. Somos mais frágeis aos 80 do que aos 40 anos, na maior parte dos casos”, salienta João Ferreira Ribeiro.