Francisco Paupério é o cabeça de lista do Livre na corrida às eleições europeias de 9 de junho, onde Portugal elege 21 eurodeputados para a legislatura 2024/2029. O jovem de 29 anos, foi, na noite de segunda-feira, 13 de maio, dos primeiros a sentar-se à mesa para iniciar o ciclo de debates televisivos, em conjunto com Sebastião Bugalho (Aliança Democrática), Marta Temido (Partido Socialista) e João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal).
Apesar de ser um nome desconhecido do grande público, Francisco Paupério foi a grande surpresa da noite. A maioria dos comentadores deram a vitória ao cabeça de lista do Livre, alguns até atrevendo-se a dizer que “saiu melhor do que a encomenda”. “A maioria dos portugueses não conhecia Paupério de lado nenhum, a própria direção do Livre não gostou que tivesse sido escolhido para cabeça de lista e a verdade é que saiu melhor do que a encomenda”, disse Ricardo Costa, comentador da SIC Notícias.
O jovem biólogo foi elogiado pela sua preparação e combatividade, ficando muitas das vezes “isolado contra os três adversários mais experientes, mas sem se deixar afetar nada por isso”, explicou Pedro Jorge Castro, comentador do “Observador”. Além disso, muitos dos comentadores afirmam que Francisco Paupério mostrou que o Livre não quer apenas mais do mesmo, e que mostrou muita segurança nos temas abordados.
Mas, afinal, quem é Francisco Paupério? Como explicou Ricardo Costa, o nome Francisco Paupério não constava no vocabulário político dos portugueses, já que não era, de todo, conhecido. O jovem de 29 anos, que apresentou a pré-candidatura ao Parlamento Europeu em maio de 2023, estreia-se agora na política depois de alguma controvérsia sobre a sua eleição, já que foi graças a ele que o Livre quis adiar a votação nas primárias para a escolha dos candidatos, e restringir os critérios de participação nesta eleição, até agora aberta a membros externos, a membros e apoiantes, para só membros e apoiantes, segundo o jornal “Público”.
Isto porque os números para a eleição de Francisco Paupério eram “excessivos em comparação com outras primárias e em comparação com os restantes candidatos”, já que o jovem ficou mais de 1300 pontos à frente da segunda candidata. A maioria dos votos de Francisco Paupério foram de membros externos, pelo que, apesar de não fazer quaisquer acusações de fraude eleitoral, o Livre decidiu restringir os votos na segunda volta - o que acabou por ser revertido no dia seguinte, de acordo com o “Observador”. Ainda assim, depois de todos os votos contados, Francisco Paupério ficou à frente.
Natural de Leça da Palmeira, Matosinhos, o jovem de 29 anos é filho de dois funcionários públicos, e foi durante a Troika que o 'bichinho' da política se fez ouvir, como explicou em entrevista ao “Público”. Francisco Paupério é licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, mestre em Biologia Computacional e em breve doutor em Biologia Integrativa e Biomedicina no Instituto Gulbenkian de Ciência, onde estuda a evolução de bactérias através de métodos in silico.
Por ter esta experiência em ambiente empresarial e de empreendedorismo e por se sentir “confortável nas ciências e na complexidade”, a política e os problemas sociais sempre foram temas marcantes na sua vida, como se lê no site oficial do Livre, e o seu envolvimento na política era só uma questão de tempo.
E é em 2021 que Francisco Paupério sente a necessidade de encontrar um partido que o represente. Depois de ter participado em reuniões da Juventude Socialista e ter integrado a lista de membros fundadores do Instituto +Liberdade, movimento fundado por personalidades ligadas à Iniciativa Liberal e ao CDS-PP, segundo o “Observador”, foi no Livre que o jovem mais se reviu, “por duas questões essenciais”, como disse ao jornal “Público”: a ecologia e o interesse nos assuntos europeus.
É no partido que é, atualmente, membro da Assembleia, relator do círculo temático Europa e foi o número três, pelo Porto, na corrida às legislativas deste ano. É através da comunidade LIDERA, um grupo de jovens cujo objetivo é “efetivar a transição de Portugal para uma sociedade sustentável”, como se lê no site do Livre, que Francisco integra a Unidade de Missão, criada para desenvolver um Novo Pacto Verde. “A proteção ambiental, a justiça intergeracional e a confiança nas instituições são os temas mais caros e que tenho mais interesse, com foco na ação da União Europeia”, lê-se.
Além disso, o jovem participa ainda na Associação VERDE, onde pretendem integrar a conservação e regeneração da natureza no dia-a-dia dos portugueses, trabalhando com foco na compensação de carbono através da proteção de árvores de grande porte. Francisco Paupério diz que o que o motivou durante toda a sua vida foi a possibilidade de ter um “impacto positivo sobre a vida das pessoas” da sua comunidade, e sempre assumiu que queria “estabelecer planos eficazes de combate à crise climática e às desigualdades sociais”.
Ao “Público”, o biólogo assumiu que, ainda antes da sua candidatura, tinha a ambição e a esperança de conseguir ocupar o primeiro lugar da lista do Livre ao Parlamento Europeu e, se for eleito, quer “humanizar a entrada de pessoas na Europa” e “priorizar a conservação e até o restauro dos ecossistemas”. Além disso, o jovem acredita ter uma “responsabilidade” maior, já que poderá ter a possibilidade de representar uma geração “poucas vezes ouvida”. Ao “Observador”, o jovem confessa que as prioridades que o Livre quer levar à Europa são a ação climática, a habitação e uma ecologia que tenha um impacto “transversal” e não de nicho.