No cimo dos rochedos da praia do Guincho, o hotel Fortaleza do Guincho é como se fosse um farol – além da hospitalidade cinco estrelas (literalmente), irradia pelas maravilhas gastronómicas também estreladas que proporciona. Desde 2001, o restaurante do hotel, encabeçado pelo chef Gil Fernandes, embandeira algo que todos querem ter no repertório: uma estrela Michelin. Mas já lá vamos, porque temos novidades para dar.

Este ano, a unidade pertencente à exclusiva associação francesa Relais & Châteux passou por algumas transformações. Mantendo aquilo que a caracteriza – a essência de um refúgio histórico à beira-mar, que em tempos serviu para proteção do País –, certas zonas do empreendimento foram renovadas para oferecer uma experiência mais acolhedora aos hóspedes.

Há novas áreas que convidam a sentar e a beber um copo, onde a única coisa que separa os hóspedes da vista de cortar a respiração para o mar é um vidro. No claustro, aplica-se o mesmo princípio: agora, em vez de ser um local de passagem, é também uma zona em que os hóspedes podem sentar-se a relaxar, aproveitando todos os recantos (e dando-lhes mais propósito).

Nos quartos, também se sente uma modernização, casando o estilo típico que já reconhecíamos à Fortaleza do Guincho com a modernidade de uma casa de banho completamente renovada. Já a sala principal, na qual os hóspedes podem fazer as refeições, o ambiente também é mais leve, depois de uma refrescada nos elementos decorativos – que incluem, por exemplo, uma peça reluzente de Vanessa Barragão, reconhecida artista algarvia.

Veja as fotos.

Mas desengane-se quem acha que as alterações foram puramente estéticas, porque as experiências gastronómicas também estão de cara lavada. Distinguido como Chef Revelação na 15.ª edição dos Prémios Mesa Marcada e tendo mantido a estrela Michelin do estabelecimento, aquando da primeira gala destes prémios em Portugal, é a Gil Fernandes que se devem as novas iguarias da carta.

A jornada de mudança começou com uma pausa de 10 semanas na cozinha, que também sofreu remodelações a nível do chão e de aparelhos como os exaustores. No entanto, não foram tempos de inércia – muito pelo contrário, foram dias em que tanto o chef quanto a sua equipa foram "à procura de algo diferente, de novas inspirações", conta-nos Gil Fernandes, no rescaldo de termos passado algumas horas a acompanhar o processo de confeção das novidades na sua cozinha.

O chef atirou-se de cabeça a livros antigos de receitas, numa busca incessante por sabores do passado que queria trazer para o presente – não fossem as memórias (dele, da equipa ou da própria história do hotel) aquilo que alicerça tudo aquilo que cria. "O conceito manteve-se, mas com novas inspirações e novos pratos", continua, acrescentando que a sua premissa é sempre pensar no que é que pode "fazer diferente, ir buscar ideias e trabalhá-las", privilegiando o "sabor acima de tudo, produto português, aliar a tradição à inovação estética e à sazonalidade".

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Por isso, não é difícil de perceber em que é que a nova carta, que vai começar a ser posta em prática precisamente a partir desta quarta-feira, 20 de março, vai culminar: pratos tradicionais reinventados com um toque contemporâneo. Tivemos oportunidade de provar algumas das iguarias que vão figurar ou no Menu Degustação (composto por 10 momentos e com um custo de 145€ por pessoa) ou no Menu Experiência (de 13 momentos, por 190€).

Todos eles nos ficaram na memória por diferentes motivos. Ainda assim, não podemos não referir opções como o carabineiro do Algarve xeq xeq, os pepinos recheados com caril de chagas (sim, a flor), cebola crocante e puré de limão, ou o borrego alentejano com cuscos transmontanos. Nas sobremesas, o kunafa, doce turco que Gil Fernandes trouxe de uma viagem ao Médio Oriente, também é motivo de destaque.

Entretanto, mesmo com todas estas mudanças, há algo que permanece imutável: o compromisso do chef com a excelência, que lhe foi reconhecido no âmbito da Gala Michelin Portugal, quando conseguiu manter a sua tão estimada estrela pela Fortaleza do Guincho. No entanto, houve quem não tivesse tido essa sorte, sendo um momento de decepção para quem percebe do assunto.

"Sabendo que era a primeira gala cá, podia haver um bocadinho mais de justiça nesse aspeto. Não houve, a gala foi conservadora como sempre e, sendo assim, foi o que foi", explica Gil Fernandes, enfatizando que podia ter havido mais distinções (incluindo alguém que tivesse alcançado uma terceira estrela, que não aconteceu). "O primordial é olhar para dentro e ver se realmente poderá haver alguma razão, não só política. É perceber o que é que poderá não estar tão bem e retificar", afiança.

Quanto ao futuro, Gil Fernandes diz que "é natural" estar a trabalhar para conseguir arrecadar uma segunda estrela Michelin, mas que isso não adensa a pressão que sente em relação ao ofício."Desde o início que a pressão é a mesma. Todos os dias há pressão. Amanhã acordamos e queremos fazer bem na mesma – e melhor do que o dia anterior", remata.

Fortaleza do Guincho

Localização: Estrada do Guincho 2413,  2750-642 Cascais
Contactos: (+351) 214 870 491 / info@fortalezadoguincho.pt