O Alma, o restaurante com duas estrelas Michelin do chef Henrique Sá Pessoa, tem, desde o início do mês de fevereiro, uma nova carta de cocktails e mocktails (cocktails sem álcool). A MAGG esteve neste espaço, no Chiado, e provou três das criações que agora integram a ementa.
Estas bebidas foram criadas pela equipa do Alma, que "está melhor do que nunca esteve", frisou o chef desde logo. Com este segmento, quiseram criar bebidas alternativas ao vinho, que ali deve acompanhar cada refeição. Surgiram cinco cocktails e três mocktails.
Os espíritos que estas bebidas têm como base são sempre portugueses. "Queremos que o cliente peça um cocktail com qualidade e não só bebidas misturadas. O que servimos, servimos com alguma Alma", assegura o chefe de bar, Fernão Gonçalves, que queria uma "carta para toda a gente".
Para tentar agradar a todos, a equipa analisou os clássicos que mais se serviam, tentando, ainda assim, fugir ao que é feito na maioria dos restaurantes. Pretenderam criar "cocktails fáceis de fazer e de serem percebidos", explica o chefe de bar, "um dos melhores bartenders de Lisboa e arredores" para Sá Pessoa.
O processo de denominação destas bebidas não foi fácil. Antes, os cocktails eram designados por nomes como "Chiado" e "Garrett". Desta vez, ponderaram usar heterónimos de Fernando Pessoa, mas, sendo o restaurante 90% frequentado por clientes estrangeiros, essa ideia caiu por terra.
Precisavam de algo que o cliente conseguisse interpretar, com uma fonética fácil e que refletisse a multiculturalidade. Optaram, então, por chamar "Alma" a todos, mas em diferentes idiomas. A mão cheia de cocktails fica completa com o Alma, o Âme (francês), o Arima (basco), o Anima (italiano) e o Tamashi (japonês).
O Alma propriamente dito foi o nosso preferido. Leva licor de ginja Mariquinhas, lima, refrigerante e flores comestíveis (begónias, enquanto não vem a época da flor de cerejeira). Custa 14€ e parece um sumo de tão doce. Avermelhado, tem gás e uma pedra de gelo aparada, da mesma altura que o copo, com o "A" do Alma estampado.
Já o Arima é o mais forte, com a vodka portuguesa Egoísta, vermute Noilly Prat e espuma de azeitona (16€). "O objetivo é dar umas dentadas", explica Fernão, referindo-se à camada de espuma no topo deste cocktail sem gelo, indicado para os grandes apreciadores de um bom dry martini (e para os corajosos).
E porque não há duas sem três, a MAGG também provou o floral Tamashi, que custa 18€ e leva lima, clara de ovo, Angostura e licor de amêndoa amarga da marca portuguesa AMEN, criada por Mauro Jesus, filho mais novo do treinador de futebol Jorge Jesus. Fez-nos lembrar um rebuçado e ficou com o segundo lugar nas nossas preferências.
Restam o Âme, com gin Sharish, licor St. Germain, pepino, lima e clara de ovo (16€), mais cítrico, e o Anima, mais amargo, com gin Sharish, Campari e vermute Moot com vinho Madeira (18€). O ideal é que qualquer um deles seja consumido num momento pré-refeição. À partida, este menu não será estático.
O trio de mocktails é preenchido pelo Sielu (finlandês), com ananás, lima, cerveja de gengibre e menta (10€), o Linghun (mandarim), refrigerante com lima e menta (12€) e o Soul (inglês), com refrigerante, elderflower, limão, pepino e clara de ovo (12€).
Se quiser provar uma destas bebidas vistas como um "complemento" terá de se dirigir ao Chiado e de se sentar à mesa para degustar de uma refeição. Apesar de existirem alguns bancos junto ao bar, estão destinados para esperar por uma mesa.
Um dos maiores desafios foi limitar a ementa a apenas oito opções. "Demos um salto muito grande", acha o chef Henrique Sá Pessoa, reforçando a importância da crescente "valorização da sala" e recordando o pós-Covid e a dificuldade que teve em "construir a equipa de sala". Agora, orgulha-se não só do que serve, mas também de quem serve.