Ao segundo dia de Chefs on Fire, o fator fim de semana e um céu que abriu e deixou as previsões meteorológicas mais cinzentas para trás contribuíram para a primeira data esgotada desta edição do festival gastronómico. Com uma Fiartil bem mais cheia neste sábado, 21 de setembro, o que culminou em locais com filas um pouco mais demoradas, foram muitos os pratos que se destacaram.

Um deles foi a proposta de Pedro Pena Bastos, o chef do Cura, no hotel Ritz, em Lisboa, que aos 33 anos de idade já conta com uma estrela Michelin no currículo. Esta foi a primeira vez do chef a cozinhar no Chefs on Fire, mas não por falta de tentativas.

Luís Gaspar vai abrir restaurante focado em peixe. Chef arrasa no Chefs on Fire com prato da Sala de Corte
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"Já me tinham lançado o desafio em anos anteriores, em edições anteriores, mas acabei sempre por não avançar por questões de logística e de o timing não ser o mais favorável", revela à MAGG."Finalmente conseguimos aceitar e tivemos a sorte de ser convidados. Também já temos uma relação com a Lohad [empresa responsável pelo festival] há muitos anos, participei duas vezes no projeto do The Presidential."

E Pedro Pena Bastos não poupa elogios ao evento."Está a ser espetacular, ótimo, já tive a oportunidade de rever amigos e também é muito importante conseguir trazer a equipa, que todos eles merecem viver isto, pôr as mãos na massa num conceito ligeiramente diferente, mais descontraído, mas ainda assim com grande rigor e profissionalismo. É um grande evento, muitas doses, logística muito diferente daquilo a que estamos habituados, um conjunto de desafios que até agora não tínhamos tido oportunidade de explorar."

Para conquistar os foodies do Chefs on Fire, o chef do Cura optou por trazer um prato de corvina, açorda de poejo, folha de figueira e avelã, cujo processo de escolha se baseou em vários fatores. "A primeira coisa que pensámos é que tinha de ser algo extremamente saboroso, confortável, muito fácil de executar e que transmitisse portugalidade. Era muito isso que nós queríamos, que as pessoas pudessem sentir-se próximas daquilo que eu gosto de fazer, e tentar trabalhar algumas técnicas engraçadas, como fazer o peixe escalado, aberto, sem espinhas nenhumas, para conseguirmos grelhar na pele, crocante, que neste tipo de eventos é sempre um grande desafio."

Chefs on Fire
Chefs on Fire créditos: Luis Ferraz

Para tudo correr na perfeição, há muitas "bolas no ar". "Temos de ter o lume na temperatura certa, estamos a trabalhar com três pontos de lume para ir rodando a lenha até fazer brasa, para ter a temperatura certa para o peixe. Há uma série de fatores que acabam por ditar aqui a nossa performance, mas são esses os desafios que lançamos a nós próprios", diz Pedro Pena Bastos, que embora encontre no Chefs on Fire um ambiente muito diferente de uma cozinha de fine dining, consegue estabelecer semelhanças.

"É maravilhoso estar aqui. É um ambiente diferente, mas o propósito é o mesmo. É cozinhar, é entregar boa comida às pessoas, do coração, independentemente do tamanho da dose."

4 anos de Cura. "Tem estado muito bem"

Pedro Pena Bastos continua firme e forte no Cura, restaurante que lhe valeu a sua primeira estrela Michelin com apenas 30 anos. Sobre o futuro, a aposta é a mesma.

"O foco é no Cura, que tem estado muito bem, com uma equipa muito sólida. Temos agora o nosso aniversário de quatro anos, vamos celebrar com uma série de chefs internacionais, foi uma boa forma de celebrar a data. E esperamos que daqui para a frente seja sempre a crescer com mais projetos, mais identidade, com cada vez mais clientes", diz o chef.

Pedro Pena Bastos ganhou mais projeção ao participar como jurado do "Masterchef Portugal", formato da RTP1 ao qual vai voltar em breve, juntamente com os chefs Rui Paula e Juliana Penteado. Mas será que estes programas de televisão se traduzem em mais clientes para o seu restaurante?

"O 'Masterchef' tem um público diferente, mais generalista, que abrange todo o tipo de pessoas. E o Cura acaba por ser um restaurante com um público um bocadinho mais diferenciado face à maioria dos restaurantes acessíveis a toda a gente, por uma questão de posicionamento de preço, de imagem e tipo gastronómico. São menus longos, é uma experiência gastronómica diferente, e aí obviamente que há um fator seleção enorme. Ainda assim, acabámos por ter mais pessoas por causa do 'MasterChef 'e de outro tipo de projetos. O próprio Chefs on Fire também acaba por atrair muita gente", conclui.

Este domingo, 22 de setembro, a Fiartil, no Estoril, recebe o terceiro e último dia de Chefs on Fire. Catarina Nascimento, do 83 Gastrobar, Vítor Adão, do Plano, e Vitor Matos, do Antiqvvm são alguns dos chefs convidados, num dia que também conta com um concerto de Bárbara Tinoco, entre outros. Ainda há bilhetes à venda, com um custo de 90€ (5 doses de comida e 2 bebidas).