O Chefs on Fire já começou na Fiartil, no Estoril. Sexta-feira, 20 de setembro, marcou o arranque do festival gastronómico que, este ano, apostou em facilitar ainda mais a vida dos foodies ao implementar duas novidades.

A primeira, o mapa do recinto com atualização dos lugares disponíveis em tempo real. Na aplicação onde tem acesso ao seu bilhete e ao saldo disponível, tem agora também um mapa para localizar os pratos que quer experimentar e a indicação dos lugares sentados disponíveis ao momento.

A segunda dá também muito jeito para ter a certeza que não fica sem provar o prato que queria mais: junto aos espaços dos chefs, no local onde tem as informações sobre a proposta servida, existe uma tabela indicativa da capacidade de pratos. Ou seja, à medida que o dia avança, tem a noção se o local ainda tem capacidade a 100% de servir comida, passando depois para 75%, 50% e 25%, sucessivamente.

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Neste primeiro dia de festival, um dos chefs convidados foi Maurício Vale, o homem forte do SOI, o restaurante que combina a cozinha asiática no Cais do Sodré, em Lisboa. Assumindo que chegar ao Chefs on Fire foi o concretizar de um objetivo, o chef partilhou com a MAGG o processo de escolha do prato, o que o seduz no festival e também levantou o véu sobre os novos projetos que tem na calha.

"É a primeira vez que estou aqui, era algo que queria muito, e por várias razões. Primeiro, pelo ambiente. Adoro trabalhar nas minhas cozinhas, nos restaurantes, mas adoro sair cá para fora", diz o chef. "Além da paixão que tenho pela gastronomia, pelas viagens  — que marcam muito a minha cozinha — , gosto muito de falar com as pessoas, explicar de onde é que os produtos chegam. Tenho sempre uma história para partilhar, até porque faço muita investigação para os pratos que invento e crio, e então aqui tenho um contacto direto com o cliente, que é algo que me dá um prazer enorme."

Para Maurício Vale, trazer a sua equipa para o ambiente do maior festival gastronómico em Portugal é outra das mais-valias. "Estamos num ambiente diferente. Acho que até acabamos por trabalhar muito mais nestes eventos, mas num ambiente descontraído", revela.

Sobre a escolha do prato que decidiu servir —um flatbread negro com leitão vietnamita e pickles de mexilhão fumado —, o chef explica que tentou casar o elemento central do festival, o fogo, com aquilo que é a sua cozinha. "Eu gosto da arte da cozinha mais ancestral, e aqui voltamos às raízes, ao fogo, elemento que dá um sabor à comida sempre muito melhor. É uma cozinha muito mais demorada, mais trabalhada, mas com um impacto na satisfação do cliente muito bom."

Chefs on Fire
Chefs on Fire

"Começámos a trabalhar, éramos para ter feito um prato, mas depois tive outra ideia, que me chegou daquilo que estou a preparar para um espaço novo. E lembrei-me de assar um porco inspirado numa das viagens que fiz ao Vietname, onde eles assam o porco assim, com montes de especiarias, em slow cooking. Depois foi juntar este pão artesanal, o flatbread, muito comum na Indía e no Nepal, muito fininho, que depois vai ao fogo e incha. E é ótimo", descreve.

O resultado foi uma proposta de leitão assado, com pickle para dar crocância, um molho barbecue clássico, e muitas aromáticas. Uma espécie de taco asiático que fez as delícias de quem provou."Tentei trazer um pouco da minha história, podia ter escolhido algo mais fácil, mas se calhar não me ia dar tanto prazer."

Os sabores de Maurício Vale chegam ao Mercado da Ribeira

Para além do SOI, que continua um sucesso bem implementado, vai poder provar a cozinha do chef Maurício Vale noutro local — e muito em breve. "Nos últimos anos, massacrei muito os meus investidores com uma ideia que há muito tinha na cabeça. Já há dois anos que penso num projeto inspirado no barbecue coreano, mas que vai mais longe ainda", revela o chef.

"Basicamente, quis trazer a técnica do fumo e o ingrediente do fumo, assar as carnes, peixes e vegetais no fumo, em slow cooking, e trazer também a parte toda das fermentações da Tailândia, China e Coreia, que são fenomenais, com milhares de anos, e resultam muito bem em carnes mais pesadas. Imagina, um brisket com kimchi fermentado durante 30 dias, corta a gordura da carne e resulta num sabor incrível. Começou tudo a encaixar na minha cabeça, principalmente depois de ter feito um estágio em Londres que me deu muita escola", recorda.

E porque nada vem ao acaso, foi no momento que Maurício Vale e os investidores decidiam o caminho a seguir que chegou a oportunidade perfeita. "Estávamos na dúvida se íamos fazer restaurante, restaurante de rua, se íamos para ao pé do SOI, se era um balcão grab ang go. A parte do barbecue permite-nos ter muitas possibilidades", diz o chef.

"Foi nessa altura que a Time Out me propôs um projeto, que eu achei que não se enquadrava muito bem, e como já tinha aquele mais que trabalhado disse: 'ok, esse é bom, mas este ainda é melhor'", recorda.

Assim, o novo espaço de Maurício Vale chega ao Time Out Market Lisboa no final de novembro. "Já foi aprovado, estamos na fase de orçamentos, já mandei vir equipamentos, está tudo a andar. Vamos focar-nos no brisket fumado, em varias versões, fermentações diferentes, entradas diferentes, num pão especial que também vou recriar. Não vamos ter uma carta grande, mas sim focar-nos num produto. Estamos em fase de testes, vamos fechar a carta em breve, que ja está bem desenhada", conclui.

O Chefs on Fire continua este sábado, 21 de setembro. Louise Bourrat, do Boubou's, Zé Paulo Rocha, do O Velho Eurico, André Cruz, do Feitoria e Pedro Pena Bastos, do Cura, são alguns dos chefs deste segundo dia, que conta com concertos de HMB e Capitão Fausto, entre outros. Bilhetes diários custam 90€ (5 doses de comida e 2 bebidas) e ainda estão à venda.