Super Bowl, Copa América, Liga dos Campeões, Tour de France, Wimbledon, Fórmula 1, NBA. Todas estas competições são consideradas por grande parte da população as melhores do mundo, e há mesmo quem passe uma vida inteira a sonhar poder ver ao vivo os seus maiores ídolos nestes desportos. A unir pessoas de várias nacionalidades (e também idades) durante os últimos séculos, ninguém pode negar que o desporto é algo que toca a todos, mesmo que de maneiras diferentes.
No entanto, há uma competição que junta estes desportos e muitos mais que é, para muitos, o maior evento desportivo de sempre: os Jogos Olímpicos. Com a possibilidade de juntar vários atletas extraordinários - e que passaram anos e anos a treinar para esta competição - de mais de 200 países, este é o evento perfeito para quem procura um certame atlético verdadeiramente global e multidesportivo.
A experiência, digamos de passagem, é incrível. Este ano, os Jogos Olímpicos acontecem até dia 11 de agosto pelos mais variados espaços de Paris, em França, e a convite da Samsung, um dos parceiros oficiais deste grande evento, a MAGG teve a oportunidade de viajar até à capital francesa e poder sentir de perto a energia daquilo que são os Jogos Olímpicos.
A cobertura calhou a uma jovem de 22 anos que, por acaso, até gosta de desporto, e, apesar de a minha primeira memória deste evento ser apenas de 2012 (relembro de novo a minha idade), uma coisa é certa: desde sempre que sei que este é um dos pontos da "bucket list" que precisava de riscar.
Não só por gostar de desporto, claro, mas também por saber que a atmosfera no recinto seria totalmente diferente daquela sentida através da televisão - e estava completamente certa. Com muita emoção, diversão e, acima de tudo, amor por qualquer tipo de desporto, é impossível dizer que este não foi um dos melhores momentos de sempre na minha curta vida, ao lado de pessoas que, assim como eu, apesar de não seguirem todos os desportos que se apresentam nos Jogos Olímpicos, defendiam as suas cores com garra e determinação em cada um deles.
Domingo, 28 de julho, foi dia de ir até ao court de ténis Rolland Garros. Partimos de Lisboa cedo e chegámos a Paris sem ninguém na rua. Depois, sim, começou a confusão, a ansiedade e o nervosismo. Será que vai dar para vermos os portugueses a jogar? Muita confusão nas ruas? Será que vou perceber tudo o que está a acontecer? Sim, sim e mais ou menos. No geral, a 'once in a lifetime experience' correu da melhor maneira, mas a verdade é que dá para dividir a ida aos Jogos Olímpicos em três distintas fases: o bom, o muito bom e o demasiado mau.
O bom: a atmosfera e a união sentida entre todos os visitantes
Como já referido, a atmosfera sentida neste recinto dos Jogos Olímpicos de Paris foi de outra dimensão. Cheio de pessoas que eram ou fãs de ténis ou a ficarem fãs de ténis, não existia uma alma que parecesse aborrecida por lá estar. Cânticos, gritos, saudações, ouvia-se de tudo um pouco em Rolland Garros para apoiar os atletas e as respetivas comitivas, e aquilo que poderia ser uma experiência mais entediante por ser um desporto mais técnico, acabou por ser o início de uma história de amor: o ténis é um desporto e pêras.
E, claro, foi graças a esta atmosfera, dentro e fora dos courts (estavam 17 no total em ativo com jogos a acontecer ao mesmo tempo em quase todos) que fez com que a ida até Rolland Garros deixasse memórias impossíveis de esquecer. A hospitalidade dos franceses - mas só de alguns, lá chegaremos no último ponto - que lá trabalhavam, dos ingleses que sorriam ao passar e dos brasileiros que ficavam encantados por ouvirem uma língua que conheciam, deixou que o ambiente ficasse mais leve, sem as típicas preocupações de estar num espaço demasiado grande numa cidade que se encontra sob protestos.
Além disso, apesar do campo em si ser pequeno (parece ter o dobro do tamanho quando vemos pela televisão), as quase 15 mil pessoas que preencheram as cadeiras do court Philippe-Chatrier, o principal do Rolland Garros, fizeram o recinto parecer dez vezes maior que o normal. O jogo de Coco Gauff, por exemplo, a considerada número 2 do ténis feminino neste momento, foi um dos pontos altos de domingo, 28, e quem estava a torcer pela norte-americana fazia-se, certamente, ouvir, criando uma atmosfera que em Portugal só se vê em estádios de futebol. "Let's go Coco, let's go!".
O muito bom: os portugueses são incríveis. "É sempre bom quando se ganha"
Quando percebi que poderia conseguir ver Nuno Borges e Francisco Cabral a jogar a sua partida de pares contra os irmãos Tsitsipas, percebi que a experiência dos Jogos Olímpicos poderia ficar ainda emotiva. Apoiar os nossos dentro do nosso País é fácil, especialmente quando estamos todos para o mesmo, e a união que se sente é um sentimento sem igual. Mas apoiar portugueses fora de Portugal num espaço onde estão mais de 200 países e as emoções estão todas à flor da pele? Foi surreal.
No court 13, lá vestidos de vermelho e com o tão bonito 'PORTUGAL' nas costas, os dois tenistas jogavam sincronizados e comunicavam como dois amigos que tinham ido passar a tarde juntos - o que, na verdade, foi o que realmente fizeram. No início, Nuno Borges e Francisco Cabral perdiam contra os irmãos gregos Stefanos Tsitsipas e Petros Tsitsipas, mas o desânimo nunca fez parte das emoções (pelo menos demonstradas) dos dois atletas. Ali, eram eles contra todos os outros, já que ambos já tinham sido desqualificados do torneio de singulares (onde jogam sozinhos). Esta era a última oportunidade de representar Portugal na modalidade de ténis.
E, na verdade, não sei se foi isto que os despertou ou se foi o público português. Sentados do lado esquerdo das bancadas, um mar de camisolas verdes e vermelhas a gritar "Portugal, Portugal, Portugal" enquanto batiam palmas, crianças a olhar para os dois tenistas e a dizerem "Vocês conseguem" e o treinador na ponta a incentivar todos a gritarem mais alto nos tempos de jogo permitidos, a atmosfera portuguesa que se fez sentir em Rolland Garros foi sem precedentes. Se a partida estivesse a acontecer nas bancadas e fosse preciso escolher um vencedor, os lusos ganhavam com uma grande margem.
Num jogo bastante renhido, foram várias as vezes que Nuno Borges e Francisco Cabral impressionaram o público com a sua cumplicidade e vontade de ganhar este jogo. Os gregos deram garra até ao último minuto - não tivesse o jogo ter que ser decidido no terceiro set por 10-12 -, mas a energia era toda portuguesa. Ali, no court 13, era como se estivéssemos em Portugal todos juntos a torcer pelos dois atletas, que acabaram o jogo com gritos, abraços e muitos punhos para cima a festejar esta conquista. "É sempre bom quando se ganha", disse Francisco no final.
Se, por um lado, o ténis nunca foi um desporto que segui muito, Nuno Borges, Francisco Cabral e todos os portugueses presentes deixaram uma certeza na minha cabeça: Portugal não é só mesmo futebol. Não é só mesmo campeonatos vermelhos, verdes e azuis, 22 atletas a correr atrás de uma bola e um apito final aos 90 minutos. Portugal é também um campo mais pequeno, com uma bola do tamanho de um punho e duas raquetes sincronizadas. É a garra de querer ganhar um set depois de perder um. É dar valor a desportos que merecem reconhecimento pelo suor, sangre e lágrimas que derramam todos os dias.
O demasiado mau: o antes dos Jogos Olímpicos (e a insistência em não falar outra língua)
Como expliquei logo no início deste artigo, no geral, a 'once in a lifetime experience' correu da melhor maneira. Dentro do Rolland Garros a energia era divinal, as ruas enchiam-se de comitivas de todo o mundo e qualquer pessoa que passava tinha uma bandeira pintada na cara. A atmosfera era incrível, o espaço era amplo para se andar confortavelmente e existia a sensação de leveza no ar não só entre os visitantes como também entre (alguns dos) funcionários e todas as autoridades que lá se encontravam.
No entanto, é impossível não falar sobre o pré Jogos Olímpicos. Antes da chegada a Paris já era sabido que a cidade estava sob protestos, pelo que a presença de todo o tipo de polícia por todas as ruas com metralhadoras e espingardas na mão não foi o que mais fez confusão. O que quis estragar esta experiência incrível foi a confusão antes de se entrar no recinto e a falta de revisão, assim como a insistência no egocentrismo dos franceses e na pequena vontade de se quererem dar com os visitantes, maioritariamente estrangeiros, que apareceram em Rolland Garros.
Toda a logística fora do estádio foi mal organizada. Já era expectável que as filas fossem grandes, não fossem estes os Jogos Olímpicos, mas a organização da malta francesa que lá estava foi tão má que às tantas só conseguia dizer "1/12" (o nome da porta por onde era suposto entrar) a alguém que quisesse falar comigo inglês, e vi-me grega para perceber de que lado é que era a minha porta de entrada. Nem todos os franceses só quiseram saber do seu próprio umbigo, claro, pois em todas os países há pessoas mais abertas ao resto da população, mas num evento como este esperava-se mais hospitalidade.
Além disso, fora a desorganização das filas (onde até passámos à frente de um mar de gente porque nos mandaram entrar por uma baia aberta e foram vários os olhares carrancudos) e a fraca vontade em responder em inglês às pessoas, também a parte da revisão deixou muito a desejar. Da forma que a cidade está, era normal se, quando chegássemos às cancelas, fossemos revistados com exaustão, mas a verdade é que nem a minha mala abriram, e muito menos passaram o detetor de metais. Não sei se acontece em todos os recintos dos Jogos Olímpicos em Paris, mas o esforço para ver se alguém tinha outro tipo de intenções em entrar no Rolland Garros não foi, de todo, executado.
A MAGG esteve nos Jogos Olímpicos a convite da Samsung.