O novo coronavírus COVID-19 começou na China em dezembro, mas depressa se espalhou por todo o mundo. Escolas fechadas, eventos cancelados e as viagens ficam em stand by. Mas devemos mesmo ter medo de entrar num avião até ao próximo destino? A resposta é: depende. Depende da situação no destino, das indicações de organizações de saúde, e das medidas de segurança a que nos comprometemos a adotar.
Se for prevenido, pode até não ter de cancelar a viagem, mas tem de ter em conta vários fatores. Um deles é que já existem mais de 100 mil infetados em todo o mundo e todos os cuidados são importantes para que não seja mais um.
É sobre esses mesmos de que vamos falar para que possa tomar uma decisão consciente.
1. O que diz a OMS e o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre viagens
Para já, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não restringe viagens, comércio ou produtos, ainda que o Ministério dos Negócios Estrangeiros recomende alguma prudência no que diz respeito a viagens até China e a países da região: “Nas presentes circunstâncias, desaconselham-se todas as deslocações à Província de Hubei e viagens não essenciais à China. Esta recomendação tem em conta os potenciais riscos para a saúde e as presentes limitações à circulação no país, incluindo ligações aéreas domésticas e internacionais".
Também o Ministério desaconselha viagens não essenciais à República Popular da China, ao Irão, à Coreia do Sul (às cidades de Daegu e Cheongdo e à província de Gyeongsang-buk) e a áreas afetadas em Itália, onde já ocorram 233 mortes até este domingo, 8 de março, de acordo com o jornal "The Guardian".
2. O voo estará assegurado?
Pode acontecer que a companhia área na qual vai realizar a viagem cancele o voo. Já aconteceu com a Ryanair, que limitou a realização de voos de e para Itália, ou da TAP que esta semana, a 5 de março, anunciou o cancelamento de cerca de mil voos com menor procura, principalmente para destinos como Itália, França e Espanha.
Por isso, para saber se o seu voo não vai ser cancelado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros recomenda que as pessoas "se informem junte das companhias aéreas quanto ao eventual cancelamento de voos e junto das autoridades do país de destino quanto a eventuais restrições de entrada e à circulação que possam ter sido adotadas em resposta ao COVID-19, em especial no caso de o viajante ter efetuado deslocações recentes a áreas afetadas".
3. Riscos no avião
O contacto próximo com alguém infetado pode levar ao contágio e a Direção Geral de Saúde esclarece em que casos pode estar ou colocar alguém em risco:
- Os passageiros sentados a dois lugares, a toda a volta do doente;
- Os membros da tripulação que serviram a secção da aeronave onde o doente esteve;
- As pessoas que tenham tido contacto próximo com o doente (por exemplo: familiares, companheiros de viagem ou pessoas que lhe prestaram auxílio).
Por isso, se suspeitar que está doente deve avisar a tripulação para que sejam tomadas medidas de segurança para a saúde pública. Caso, pelo contrário, suspeite que esteve em contacto próximo com alguém com coronavírus COVID-19, deve então seguir os passos que iremos indicar no ponto 5.
4. Que cuidados ter em viagem?
Estamos já familiarizados com algumas das medidas que constantemente ouvimos nas notícias, mas nunca é demais relembrar que há uma vasta lista que vai para além de acabar com beijinhos e lavar as mãos durante 20 segundos.
- Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país;
- Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes, com água e sabão, esfregando-as bem durante pelo menos 20 segundos;
- Reforçar a lavagem das mãos antes e após a preparação de alimentos, após o uso da casa de banho e sempre que as mãos parecerem sujas;
- Pode também usar-se em alternativa uma solução à base de álcool;
- Evitar contacto próximo com pessoas com sinais e sintomas de infeções respiratórias agudas;
- Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
- Evitar contacto com animais;
- Adotar medidas de etiqueta respiratória:
- Tossir ou espirrar para o braço com o cotovelo fletido, e não para as mãos;
- Usar lenços de papel (de utilização única) para se assoar;
- Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
- Evitar tocar nos olhos, no nariz e na boca com as mãos sujas ou contaminadas com secreções respiratórias.
5. No regresso
De acordo com a OMS os viajantes que regressam de áreas afetadas devem vigiar os sintomas durante 14 dias e seguir os protocolos nacionais dos países para onde regressaram. Alguns podem exigir que os viajantes fiquem de quarentena, o que não acontece em Portugal.
Ainda assim, deve estar atento a sintomas como febre, tosse ou dificuldade em respirar, e se algum deles se manifestar deve evitar a ida aos hospitais e centros de saúde, mas entrar em contacto imediato com a linha SNS24 (808 24 24 24) e seguir as orientações que lhes forem dadas.