Para as crianças, funciona da mesma maneira do que para os adultos. O que é que é mais produtivo para o seu desenvolvimento pessoal: uma peça de roupa ou uma viagem? O que é que o faz mais feliz? Uma experiência ou um objeto? Posto isto, qual é o melhor presente para oferecer este Natal? Isso, largue já essa PlayStation.
Os resultados de um estudo de 2017, publicado no "The Journal of Social and Personal Relationships", já tinham sugerido isto, mas no contexto adulto. Os investigadores falaram com 500 mulheres entre os 18 e 93 anos e única coisa que estas tiveram de fazer foi completar a frase: "A maioria das pessoas sente-se amada quando...". As respostas mais comuns não tinham que ver com objetos materiais, mas sim com momentos e experiências.
Como é que passamos do plano adulto para o infantil? "É semelhante com crianças e viagens. Deveríamos deixá-las explorar as suas próprias maneiras de descobrir maravilhas ao seu redor”, aconselhou o psicólogo Oliver James, numa conversa com o "The Telegraph", em 2017.
É que, além da felicidade proporcionada pela viagem no momento em que ela se concretiza, há ainda os benefícios a longo prazo: ao mesmo jornal, Margot Sunderland explicou que as férias têm potencial para tornar as crianças mais felizes e inteligentes.
"O que é menos conhecido é que as férias também podem promover o desenvolvimento do cérebro das crianças", disse Sunderland. "Isso acontece porque, numas férias em família, estão a exercitar-se dois sistemas geneticamente enraizados nas profundezas da área límbica do cérebro, que facilmente não são exercitados em casa."
E que sistemas são estes? A médica explica que são o "play", que significa brincar, e o "seeking", que quer dizer procurar. O primeiro é ativado e exercitado sempre que se "enterram os pés na areia", "fazem cócegas" ou "se faz um passeio nas cavalitas". O segundo acorda quando se explora um local novo.
Por isso, quando os miúdos vão de férias — e caso lhes ofereça uma experiência e não um brinquedo este Natal — vão estar a ativar estas duas importantes componentes para um bom desenvolvimento do desejo exploratório e da capacidade de brincar.
Os frutos não se sentem apenas na infância. A realidade é que se guardam para a vida toda e aumentam as probabilidades de se vir a desenvolver uma vida feliz e com êxitos."Na idade adulta, isto traduz-se na capacidade de brincar com ideias — essenciais, por exemplo, para um empreendedor de sucesso", diz Sunderland.
Oliver James diz ainda que brincar sem recurso a brinquedos ou tecnologias é "uma experiência humana crucial, especialmente para as crianças, mas também para os adultos."
Por isso, já sabe: caso ainda não tenha encontrado o brinquedo ideal para dar ao seu filho, irmão, sobrinho, pense numa alternativa mais enriquecedora a longo prazo. Ofereça-lhe uma experiência — e embarque com ele na aventura. Ficam os dois a ganhar.