Quando Donald Trump, ex-presidente dos EUA, foi "suspenso permanentemente" por ter, segundo o Twitter, "incentivado à violência", frisou que haveria de voltar ao universo digital: com ou sem recurso ao Twitter e Facebook. E foi o que fez.

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Sem sinais de que ambas as plataformas estivessem dispostas a reverter a decisão, Donald Trump decidiu ir mais longe e criar a sua própria rede social. Anunciada em outubro de 2021 pela empresa Trump Media & Technology Group (TMTG), com o principal objetivo de, segundo os seus responsáveis, concorrer com gigantes como o Twitter, o Facebook e o YouTube, e "encorajar um debate global aberto, livre e honesto, sem discriminar ideologias políticas".

"O que torna a Truth Social diferente? Somos uma rede social livre de discriminação política. Juntem-se e partilhem, comuniquem e divirtam-se. Sigam a verdade". Assim é apresentada a rede social do ex-presidente dos Estados Unidos, disponível a partir desta segunda-feira, 21, na App Store.

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Mas o lançamento não correu da melhor maneira e já existem relatos de utilizadores com dificuldades em efetuar o registo na plataforma. "Devido a uma grande procura, colocámo-lo em lista de espera": foi esta a mensagem que muitos internautas receberam quando tentaram criar uma conta na Truth Social.

Os problemas técnicos já obrigaram a que fosse lançada uma atualização para corrigir erros. Ainda pouco se sabe sobre o funcionamento efetivo da aplicação, mas alguns utilizadores já apontam notórias semelhanças entre a Truth Social e o Twitter, com funcionalidades de retweetar, responder ou gostar.

Lançamento condicionado e sem perspectivas de mudança

Para já, tanto o site como a aplicação para telemóveis só estão acessíveis a partir de servidores registados nos Estados Unidos, e de forma condicionada. Sendo que no lançamento oficial da Truth Social, esta segunda-feira, 21, só os candidatos a utilizadores que se pré-inscreveram no site, nos últimos meses, tiveram luz verde para começar a criar contas e partilhar mensagens de texto, fotografias ou vídeos, muito à semelhança do que acontece no Twitter.

E a aplicação para telemóveis só pode ser descarregada por utilizadores de iPhones, já que não existe uma versão para o sistema operativo Android. Segundo o "The Verge", a empresa de Trump não fez qualquer referência à hipótese de estar a ser preparada uma versão Android, nem respondeu, até esta segunda-feira, a perguntas sobre esse assunto.

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Trata-se de uma rede social onde todas as opiniões são aceites, garante o ex-presidente dos Estados Unidos, mas na qual deve ter atenção à escrita que utiliza. Já que há mesmo uma regra que proíbe "o uso excessivo de letras maiúsculas" — uma prática recorrente de Trump enquanto utilizador do Twitter.

"Como utilizador do site, aceita que não nos pode denegrir, a nós e/ou ao nosso site, nem nos pode prejudicar de qualquer outra forma", lê-se nas condições de utilização, onde se afirma que quem não concordar com todas as condições "será expressamente proibido de usar o site e deve interromper o seu uso imediatamente".

"Criei a Truth Social e a TMTG para enfrentar a tirania das grandes empresas tecnológicas", disse Trump, em outubro, num comunicado. "Vivemos num mundo em que os talibãs têm uma grande presença no Twitter, mas em que o vosso presidente americano favorito foi silenciado. Isto é inaceitável."

O Twitter tem o poder de banir definitivamente contas dos utilizadores. Mas qual é o critério?

Donald Trump foi "pioneiro", mas André Ventura seguiu o mesmo caminho. À quarta foi de vez: a conta do presidente do Chega foi banida definitivamente do Twitter, esta quarta-feira, 23 de fevereiro. O que significa que, em princípio, não há volta a dar e o político não poderá voltar a partilhar imagens, escrever ou sequer criar uma nova conta na rede social.

A situação não é nova, já que o deputado se junta assim a uma lista de nomes que inclui Pedro Frazão (banido da plataforma a 15 de fevereiro), Steve Bannon e Donald Trump. Mas levantam-se agora dúvidas face às regras da aplicação: Ventura e Trump foram expulsos do Twitter, mas há talibãs que não. Qual é o critério? 

O Twitter suspende ou bane contas diariamente — e, só em outubro de 2021, fechou definitivamente 34 mil contas, como avança o "Business Insider".

E isto porquê? Porque o Twitter tem um conjunto de regras públicas que utiliza para gerir a plataforma. Chamam-se "Termos de Condições" e incluem as já referidas "Regras do Twitter", avança o jornal "Observador".

Logo no início do documento, lê-se que "o propósito do Twitter é servir o diálogo público" e que "violência, assédio e outros tipos de comportamento semelhantes desencorajam as pessoas a expressar-se e, em última análise, diminuem o valor do diálogo público global". Não é permitida a "violação de propriedade intelectual", a utilização de tópicos que a plataforma considere "proibidos" ou a "criação de contas que finjam ser de outro indivíduo, grupo ou organização".

O que, por outra palavras, significa que ao inscrever-se na rede social, um utilizador aceita que está sujeito às decisões da empresa. Caso toque, claro, num destes tópicos de forma errada, seja violando leis nacionais, que já impõem limites quanto à maioria dos temas, seja violando a lei do Twitter.

Em agosto de 2021, a empresa foi confrontada por permitir que líderes de movimentos radicais, como Suhail Shaheen, porta-voz dos talibãs no Afeganistão, usassem a rede social regularmente.

Na altura, em resposta ao "Observador", a empresa disse apenas que "a situação no Afeganistão está a evoluir rapidamente". "Também estamos a testemunhar pessoas no país a usar o Twitter para procurar ajuda e assistência", deixando a promessa de que "a principal prioridade do Twitter é manter as pessoas seguras e permanecemos vigilantes".

Quanto à questão de permitir que responsáveis talibãs utilizassem a rede social, nada disse, avança a mesma publicação.

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