Cláudio Ramos avisou logo: a noite de 24 de maio estava cheia de emoções fortes, expulsões, nomeações e dilemas. A terceira gala em direto do "Big Brother 2020" teve isto tudo, é verdade, mas conseguiu ainda arranjar espaço para ameaças de desistência, choro, confrontos e muita ingratidão entre os concorrentes, cada vez mais dividido em grupos — embora eles tentem a todo o custo recusar essa ideia.

Chegados à noite da expulsão, Diogo, Daniel Guerreiro e Rui estavam em perigo de sair, dado que Soraia, que também tinha sido nomeada pelos colegas na gala passada, foi a concorrente com menos votos durante a semana, sendo assim salva pelo público. Logo ao início da noite, ainda na sala, e depois de os concorrentes terem acesso a um gráfico que mostrava as votações muito desequilibradas — 72%, 23% e 5% —, soube-se que a barra mais pequena pertencia a Daniel Guerreiro, com o "mentalista" a ficar fora de perigo.  Diogo e Rui seguiram para a Sala das Decisões, de onde Rui saiu para o estúdio, sendo eleito pelos portugueses para sair com uma larga margem. Diogo regressou para a casa, ninguém se levantou e as reações não se fizeram esperar. Mas já lá vamos.

Entre discussões, choros e birras, mas também momentos que revelam o bom carácter dos concorrentes, contamos-lhe tudo o que aconteceu na gala de domingo — do pior ao melhor. Espreite os momentos mais marcantes.

Piores momentos

1. A birra de Pedro Soá

Ainda antes de o concorrente do Montijo interpretar um dos momentos mais caricatos e tontos da noite, já na Sala de Decisões este tinha mostrado que toda a conversa de "eu tenho 44 anos, já vivi muito, eu sou muito frontal e leal" é apenas fogo de vista e que é um dos concorrentes mais egoístas e mimado do programa.

Mas vamos a contextos: Pedro Soá passou a semana a lamentar-se, que tinha saudades da família, que isto não era para ele, que queria desistir. Curioso que todo este comportamento tenha começado depois de a sua pequena La Familia (ou Kamikaze, vá) se ter unido para nomear Diogo, e o concorrente de Lisboa receber aviões de apoio do exterior. Uma pequena nota para o momento em que, à beira da piscina, e em conversa com seus pequenos pupilos, Pedro diz que vai desistir mas só não vai embora naquele momento porque quer passar o aniversário com os amigos da casa. Oi? Então pessoas que conheces há três semanas são mais importantes que a tua "gata" e família? Ri-me.

Ora bem, mas com todas estas lamentações, o Big Brother colocou Pedro e Soraia — que também sente muita falta da mãe — em frente a cartas escritas pela namorada e mãe, respetivamente. Os colegas teriam de decidir quem abriria a carta, e quem não conseguiria ler as palavras escritas por um dos seus entes queridos. E sim meus amigos, sou uma ingénua. Porque por um breve momento, e mesmo que fosse apenas para show off , achei que Soá fosse abdicar de ler a carta da namorada para Soraia ler a da mãe. Qual quê. Não só não o fez, como mesmo depois de ter sido escolhido pela maioria dos colegas, ainda conseguiu mandar uma boca a quem não o escolheu mais à frente na gala. "Os outros que não me escolheram não sei, lá sabem porquê", num ar de trombas maior que o dos benfiquistas quando Kelvin marcou aquele golo aos 92 minutos (acreditem, sei do que falo).

Mas o melhor foi mesmo a birra gigantesca que consegue colocar as da minha filha de 3 anos a um canto. Ao longo da semana, Pedro Soá já tinha dito que se Rui fosse o concorrente expulso, e Diogo permanecesse na casa, desistia do jogo. Eu não sou de intrigas, mas aposto dinheiro em como ele nunca pensou que Rui fosse efetivamente sair. Mas o pastor de Vila Real saiu mesmo e Pedro Soá ficou-se com isto nas mãos. Até o imagino a pensar: "E agora caramba, o que é que vou inventar? É que quero mesmo passar o meu aniversário com os meus amigos e soprar línguas da sogra".

"Big Brother 2020". Pastor Rui expulso por larga maioria — Pedro Soá faz uma birra na varanda
"Big Brother 2020". Pastor Rui expulso por larga maioria — Pedro Soá faz uma birra na varanda
Ver artigo

Então, Pedro Soá "reagiu", como disse Cláudio Ramos. Levantou-se da sala em modo enfurecido, terá partido uma cadeira, e colocou-se no quarto a olhar para o horizonte da Ericeira pensativo, com Angélica e Daniel Monteiro a tentarem acalmá-lo. Quando a emissão regressou à casa, Cláudio Ramos apelou a que Pedro tivesse calma e não tomasse qualquer decisão de cabeça quente. O concorrente do Montijo revoltou-se com a expulsão de Rui, disse odiar cinismo e considerou o que aconteceu com a expulsão uma deslealdade. O apresentador voltou a pedir bom senso ao concorrente e este, que disse a semana toda que não hesitava em desistir, foi da desistência à permanência num segundo. "Eu vou jogar o jogo", disse, percebendo-se que iria então ficar. A mim não me enganas tu, "gato".

Pequena nota à navegação: depois de uma prova muito suspeita, e com um voto ilegal de Angélica, Pedro Soá é o novo líder da casa, ficando também imune das nomeações. Querem apostar como não fala de desistências esta semana?

2. Sónia, já ninguém te aguenta a chorar

Sónia foi uma concorrente que entrou com tudo na fase "Zoom", ainda teve uns bons primeiros dias dentro da casa, mas tem vindo a decair nos últimos tempos. À exceção dos momentos em que ainda nos fez rir com o sotaque inglês do Porto durante a prova da semana, a concorrente só chora pelos cantos, diz que tem saudades da família, que não está ali a fazer nada. Se não chora com saudades, chora porque o público não percebe o que se passa na casa, afirmando que Diogo é falso, e cada vez mais se junta aos Kamikazes — mas não o admite, e afirma ser neutra. Miga, já não está a pegar.

Na gala, depois de ter feito as suas nomeações — embora aqui mereça nota positiva porque admitiu que ia nomear o Diogo, mas não o fez por este ter abdicado da imunidade para a casa não perder metade da comida —, abriu novamente as torneiras do choro a lamentar-se pela expulsão de Rui, o concorrente mais genuíno, como afirmou. Agora a sério, mas esta gente ainda não percebeu que não era propriamente Rui que era odiado pelo público, mas sim Diogo que querem que permaneça na casa? São muitos anos a virar reality-shows para fazerem sempre os mesmos erros.

3. Ana Catharina: o novo alvo a abater dos Kamikaze

À exceção do chilique com a galinha morta na bancada, a concorrente brasileira não é das mais participativas no programa, nem para o mal, nem para o bem. Mantém uma postura bastante descontraída, já percebemos que não alinha em grupos, mas não se mete em grandes confusões. No entanto, algo deve ter acontecido porque, de repente, quase todos os elementos do grupo de Pedro Soá tinham algo contra a concorrente e esta foi nomeada por vários participantes, incluíndo Angélica, que apesar de ser próxima da concorrente, dá-lhe esta nomeação para dar força e integrar-se mais no grupo. Está bem, está. E ainda achamos que não há nomeações combinadas?

O momento mais marcante dentro do tema das nomeações de Ana Catharina foi quando Daniel Monteiro entrou em conflito com a brasileira, num claro amuo por esta o ter nomeado duas semanas seguidas. Ana afirma ser uma pessoa de causas e não gostar do que Daniel representa, embora tenha ficado claro que esta se referia a uma postura mais autoritária do concorrente. Daniel Monteiro virou o jogo, aproveitou o facto de ser bombeiro para dizer que era essa a causa nobre que Ana Catharina estava a desvalorizar, e não deixou a concorrente explicar-se. "Fala para aí, que a mim já não me dizes nada", disse à colega, embora o mais grave tenha sido mesmo quando afirmou que esperava que no dia que Ana precisasse da ajuda dos bombeiros, estes não a ajudassem. Que classe de homem #alertaironia.

4. A deslealdade do grupo

Quem segue o programa sabe que esta semana as coisas não estão a correr às mil maravilhas no tema compras. Depois de perderem a prova que lhes dá acesso aos BBs (a moeda da casa) para comprarem alimentos para a semana, o orçamento ficou muito reduzido e vão ter de racionar a pouca comida que têm.

Este domingo, depois de ter sido salvo pelos portugueses, Diogo recebeu outro privilégio do público, que o considerou o mais popular e lhe concedeu imunidade. Porém, para ter essa imunidade, Diogo teria de prescindir de metade da comida da casa. O concorrente de Lisboa decidiu não reduzir ainda mais os alimentos do grupo, e prescindiu da imunidade. Mesmo assim, na hora das nomeações, não foi poupado por alguns dos elementos dos Kamikaze, que o continuam a acusar de ser falso.

Pior: Iury também teve direito a um privilégio, tendo o poder de salvar um dos colegas nomeados. Entre Teresa, Renato, Noélia, Diogo e Hélder, a miss optou por escolher Hélder porque, e cito, "ele já passou por muito aqui na casa". Mas endoidecemos todos? Filha, se não fosse o Diogo tinhas uma sardinha para quatro e escolhes o Pinipon do culturismo? Haja paciência.

Melhores momentos

1. A coreografia de Cláudio Ramos

Se na semana passada escrevi que as cantorias de Cláudio Ramos eram um dos piores momentos da gala, mudei de ideias. Continua a cantar mal? Sim. Continua a causar aquele pedacinho de vergonha alheia? Sim. Mas se não soltaram uma gargalhada com a interpretação e coreografia de "Dois Corações Sozinhos", de Tony Carreira, deviam estar muito mal humorados. É um bocado como aqueles momentos em que queremos ver, mas tapamos a cara com a almofada. Mas de forma geral, Cláudio parece-me muito mais à vontade, brincalhão, e está a melhorar à medida que as galas avançam.

"Big Brother 2020". Pedro Soá fica imune com voto de Angélica que já estava eliminada
"Big Brother 2020". Pedro Soá fica imune com voto de Angélica que já estava eliminada
Ver artigo

2. Slávia, traz a tua roupa cá para casa

Sim, estou a ser repetitiva, mas Slávia continua a dar tudo nas galas. Se durante a semana escolhe peças de treino, descontraídas e simples, ao domingo tira da mala conjuntos com padrões fortes mas elegantes e consegue dar 10 a zero a todas as colegas. Mas deixem estar que Iury ganha o campeonato da pestana: alguém reparou naqueles cílios que davam a volta à VCI?

3. O momento em que Diogo dá uma lição ao grupo. Infelizmente, nem todos perceberam

Já sabemos que Diogo foi salvo pelos portugueses, para depois ganhar imunidade nas nomeações. Também já sabemos que a recusou, para que a casa não perdesse metade da comida. Mas atenção: fê-lo sabendo que, muito provavelmente, seria nomeado novamente.

Mesmo assim, o concorrente de Lisboa teve bom senso, pensou no grupo primeiro, e apenas depois nele (algo que Pedro Soá não faz), e prescindiu do privilégio. Infelizmente, para além da produção do programa ter decidido não transmitir o momento da escolha de Diogo para que todos ouvissem o que é ser um bom colega, muitos dos outros participantes continuaram sem o poupar das nomeações. Iury teve também o poder de o salvar e não o fez. E à exceção de Sónia e de uns tímidos aplausos, não vi ninguém agradecer convenientemente o que Diogo fez pelo grupo. E isto são as mesmas pessoas que matam por tabaco. Se colocássemos Daniel Monteiro a fazer a mesma escolha, por exemplo, temos dúvidas do que acontecia? Fiquem a matutar nisso.