O isolamento social está a alterar os nossos padrões de vida — incluindo os do sono. Esta é uma das consequências psicológicas da quarentena: estamos mais ansiosos, passamos mais tempo em frente aos ecrãs e deixámos algumas rotinas básicas para trás, como a hora certa para ir dormir. Como resultado, temos mais insónias, acordamos mais tarde e dormimos pior, sugere um estudo publicado em fevereiro no The Lancet.

Seja um treino de força em casa ou uma corrida — garantindo uma correta distância de segurança (tendo em conta a velocidade a que o ar se move, um estudo veio agora sugerir que o ideal será de 9,1 metros e não dois metros) —,  é certo que pôr o corpo a mexer tem um impacto muito positivo nas noites de sono,  contornando o problemas das insónias e consequente quebra de concentração e aumento de irritabilidade. 

Mas treinar de manhã e treinar à noite tem o mesmo efeito? Não. Então, qual é a melhor hora para fazer exercício físico e conseguir dormir melhor?

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As atividades cardiovasculares — como corrida, bicicleta, elíptica  — geram noites mais bem dormidas se forem realizadas logo cedo pela manhã, antes de o dia laboral começar. É que uma boa noite de sono implica uma descida da pressão arterial de cerca de 10 a 20% — pessoas com apneia, por exemplo, não conseguem esta descida e por isso têm uma qualidade de sono muito comprometida. "Uma sessão de suor matinal pode fornecer a redução ideal da pressão arterial e maximizar o sono profundo, em comparação com os exercícios a meio do dia ou a meio da noite", diz a National Sleep Foundation"

Quanto aos treinos de alta intensidade e de força, o melhor será também realizá-los de manhã, considera a fundação de sono americana. É que este tipo de atividade vai aumentar a temperatura do corpo, acelerar a frequência cardíaca e estimular o sistema nervoso. No fundo, fazer isto durante a noite pode aumentar os níveis de cortisol e, assim, induzir stresse e excitação ao corpo, numa altura em que o organismo se deve estar a preparar para ir dormir, podendo ser prejudicial para uma boa higiene noturna.

No entanto, a regra não é estanque e depende de organismo para organismo: há quem sinta que esta atividade pouco tempo antes de dormir funcione como um banho quente — ou seja, depois de aquecerem, arrefecem e relaxam, dormindo melhor. 

O ideal é testar e perceber o que é que funciona melhor para cada organismo, analisando o impacto na qualidade do sono, capacidade de concentração ou humor. Seja corrida, yoga, pilates, treinos HITT, em quarentena ou fora de quarentena, o que não pode acontecer é não fazer exercício nenhum — não fosse o sedentarismo uma das condições que mais contribui para a obesidade, problemas cardiovasculares, diabetes ou morte prematura.