A escalada de tensão na Ucrânia continua. Depois de Kharkiv ter sido atingido com míssil, a Rússia alertou para bombardeamentos em Kiev, pedindo às pessoas para deixarem as suas casas.
Na tarde desta terça-feira, 1 de março, a torre de televisão de Kiev foi atingida por um míssil russo, estando já confirmados pelo menos cinco mortes. A informação foi avançada pelo presidente da Ucrânia numa publicação partilhada no Twitter. Nesta rede social, o Presidente e o ministro dos Negócios Estrangeiros ucranianos condenaram fortemente o ataque à torre de televisão em Kiev que provocou a morte de pelos menos cinco pessoas.
"Qual é o objetivo de dizer nunca mais' durante 80 anos se o mundo fica silencioso quando uma bomba é largada no mesmo lugar que Babyn Yar? Pelo menos cinco mortos. A história repete-se", escreveu Volodymyr Zelensky.
"A torre de televisão de Kiev, que acabou de ser atingida por um míssil russo, fica situada no território de Babyn Yar. Entre 29 e 30 de setembro de 1941, os nazis mataram ali mais de 33 mil judeus. 80 anos depois, os nazis russos atacaram a mesma terra para exterminarem os ucranianos. Perverso e bárbaro", escreveu Dmytro Kuleba.
O ataque à torre de televisão com 300 metros em Kiev terá cortado a transmissão de vários canais ucranianos, sendo este um ponto estratégico na tentativa da Rússia de cortar o acesso à informação, avança a CNN Portugal.
No total, sabe-se que os bombardeamentos desta terça-feira, 1, visando Kiev, a capital do país, e Kharkiv, a segunda maior cidade, causaram pelo menos 18 mortos e dezenas de feridos, avança o "Jornal de Notícias". Os acontecimentos ocorridos levaram Volodymyr Zelensky a denunciar "um crime de guerra" em Kharkiv, e a importância da defesa de Kiev como "a prioridade".
"Ataques bárbaros de mísseis russos na Praça de Liberdade e em bairros residenciais de Kharkiv. Putin é incapaz de vergar a Ucrânia. Ele comete mais crimes de guerra devido à fúria e assassina civis inocentes. O mundo pode e deve fazer mais. Aumentem a pressão, isolem completamente a Rússia", pediu também o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano na rede social Twitter esta manhã.
Parlamento Europeu reuniu-se esta terça-feira e contou com a participação de Zelensky
"Provem que estão connosco", apelou Volodymyr Zelensky esta terça-feira, 1 de março, ao Parlamento Europeu, durante a reunião em Bruxelas para debater a ajuda à Ucrânia.
"Sem vocês a Ucrânia ficará sozinha. Provámos a nossa força, provámos que somos como vocês, por isso provem que estão connosco, provem que são, de facto, europeus, e a vida vencerá a morte e a luz vencerá as trevas", pediu o presidente ucraniano, que esteve presente em videoconferência, cita a CNN Portugal.
Durante a intervenção, Zelensky descreveu a "manhã muito trágica" vivida em Kharkiv, depois de o centro da cidade ter sido atingido por dois mísseis.
"Há muitos russos nesta cidade e nunca houve problemas. É uma cidade com mais de 20 universidades, é a cidade com mais universidades do país, com a maior praça do nosso país. Imaginem o que é dois mísseis de cruzeiro atingirem esta Praça da Liberdade, é este o preço da liberdade", disse.
Na mesma reunião, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou, perante o Parlamento Europeu (PE), que a União Europeia e a Ucrânia "estão mais próximas do que nunca", mas ainda há caminho a fazer para uma adesão.
Jornalista ucraniana pede que NATO intervenha na guerra e emociona-se ao confrontar Boris Johnson
Esta terça-feira, 1 de março, ficou ainda marcada pelo discurso emocionante de uma jornalista ucraniana que confrontou Boris Johnson devido à situação na Ucrânia. A profissional acusou a NATO de não querer defender o país por medo de desencadear uma III Guerra Mundial, quando diz que esta "já está a acontecer".
"Para Roman Abramovich não há sanções. Ele está em Londres, os filhos dele não estão no meio de bombardeamentos. Os filhos de Putin estão nos Países Baixos, na Alemanha, em mansões. As mansões deles foram apreendidas? Não vejo isso. Vejo é os meus familiares, os meus colegas, a chorar e a dizer que não têm para onde fugir”, disse, emocionada, cita a SIC Notícias.
Falta de segurança fez com que jornalistas portugueses saíssem de Kiev
O escalar da tensão na Ucrânia levou à retirada da maior parte dos jornalistas nacionais e internacionais esta terça-feira, 1 de março, avançou a SIC Notícias, através dos relatos dos enviados especiais Ana Moreira e Fernando Silva
Já em Kalinivka, perto de Vinnytsia, os enviados especiais da RTP, Cândida Pinto e David Araújo, relataram as condições de segurança que os obrigaram a abandonar Kiev, capital da Ucrânia.
"Saímos de Kiev porque deixaram de existir condições de segurança para nos mantermos na capital da Ucrânia. Praticamente toda a imprensa portuguesa saiu de Kiev, muitos jornalistas abandonaram a cidade hoje e ontem dada a deterioração das condições de segurança", refere a jornalista Cândida Pinto.
"Em Kiev, ainda passámos por dois postos de controlo com grande tranquilidade. A defesa territorial que está a controlar as ruas não está a oferecer grandes problemas a que as pessoas saiam do país, e da cidade de Kiev. As filas de trânsito em sentido inverso, aí sim, têm grandes dificuldades, porque todos os carros são passados a pente fino, visto que há grandes receios daquilo que possa estar a tentar entrar em Kiev, nomeadamente grupos de sabotagem ou pessoas mal intencionadas. Há uma revista meticulosa a tudo aquilo que chega a Kiev", continua, referindo que a capital se encontra num estado extremamente sensível, com grandes receios do que possa acontecer.
Governo aprovou procedimento simplificado para apoiar e agilizar o acolhimento de refugiados ucranianos em Portugal
O Governo português aprovou, esta terça-feira, um procedimento simplificado para apoiar e agilizar o acolhimento de refugiados ucranianos em Portugal.
De acordo com o briefing do Conselho de Ministros extraordinário, Portugal tem disponíveis alojamentos para mais de 600 refugiados ucranianos, que terão acesso imediato a números de identificação fiscal, segurança social e também serão integradas como utentes no Serviço Nacional de Saúde.
De acordo com Mariana Vieira da Silva, a ideia é responder às "necessidades fundamentais que podem ser alojamento, que são necessariamente de legalização da situação, mas também com uma aposta fundamental na dimensão do emprego", cita o "Público".
Já Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, afirmou que o governo português está a trabalhar junto das empresas "para fazer o encontro entre as oportunidades de emprego que existem em Portugal e os perfis de cidadãos ucranianos interessados".
Para que o processo seja mais fácil, foi criada uma plataforma onde as empresas podem carregar oportunidades de trabalho e perfis requeridos. "Deixo apelo a todas as empresas que queiram aderir", disse Ana Mendes Godinho, que salientou que, desde esta segunda-feira, a plataforma já conta com mais de duas mil ofertas.