As repercussões do COVID-19 estão a fazer-se sentir no setor da restauração, onde se sucedem os cancelamentos de reservas em restaurantes de todo o País. A situação está a tornar-se crítica e um dos primeiros a manifestar a sua preocupação foi o dono do 100 Maneiras, em Lisboa, Ljubomir Stanisic. O chef, estrela do programa "Pesadelo na Cozinha", da TVI, usou a sua conta de Instagram para fazer um longo e emotivo apelo aos governantes, na noite desta quinta-feira, 12 de março.
"Para grandes males, grandes remédios. Dr. António Costa, dr. Fernando Medina, precisamos de um grande remédio, urgente! Governo, instituições competentes, este é um apelo, um grito de ajuda", começa por escrever.
"Uso esta arma da visibilidade, para pedir em meu nome, em nome da minha empresa, dos meus empregados, da minha família, mas também em nome de todos os chefes de cozinha e empresários de hotelaria que estão a sofrer como nunca antes sofreram. Estamos em agonia!"
O chef do restaurante 100 Maneiras referiu que, apesar de medidas de higiene e de segurança no trabalho implementadas no seu espaço, "ainda mais" rigorosas, os cancelamentos têm sido constantes.
"Mesmo tendo instaurado (ainda mais) rigorosas medidas de higiene e segurança no trabalho, sucedem-se as demarcações, os cancelamentos", lê-se.
Ljubomir admitiu mesmo estar em desespero: "Todas as horas são críticas e, a cada hora que passa, torna-se mais difícil gerir o desespero - das equipas, o nosso, do sector. Estamos impotentes. Não há nada mais que possamos fazer sozinhos. Precisamos da vossa ajuda, precisamos de uma atitude firme e peremptória, rápida, urgente!", pode ler-se.
Por fim, pediu uma solução: "Não exijo, antes peço com toda a humildade, e em nome de todos, uma solução. Por favor, não deixem este país ir por água abaixo…"
Ljubomir Stanisic não é o único chef a sentir as consequências do vírus que já infetou 78 pessoas em Portugal no seu restaurante. Também Henrique Sá Pessoa teve já 30 cancelamentos no restaurante Alma, que conta com duas estrelas Michelin, avança o jornal "Público". Nos seus espaços do Mercado da Ribeira e do El Corte Inglês a quebra de fluxo de gente também já se faz sentir.
Ao mesmo jornal, o chef Rui Paula terá feito referência ao mesmo problema das desmarcações: “O que está em causa é uma quebra de 60% da facturação, não estou a falar de lucros, estou a falar de facturação. E eu pago 110 mil euros de ordenados todos os meses."
No Facebook, o chef do Casa de Chá da Boa Nova, também premiado com duas estrelas Michelin, fez uma publicação em que fala sobre as dificuldades que está a sentir.
Também termina com um apelo: "Nesta hora que vos escrevo, apelo a um conjunto de chefs, restauradores e hoteleiros que ergam as vozes e nos unemos na pressão às entidades competentes. Não é tempo de inércia, mas sim de ação! É urgente uma política concertada!"