O processo de vacinação contra a COVID-19 em Portugal está atrasado. De acordo com as primeiras estimativas, o objetivo era, por esta altura, ter 1,4 milhões de pessoas vacinadas, mas os números ainda não chegam sequer ao milhão, salienta o "Observador". O atraso na entrega das vacinas é um dos motivos avançado pelo executivo de António Costa, mas a demora no processo pode também prender-se com a forma como os utentes estão a ser convocados para a vacinação nesta primeira fase.
Um dos grandes obstáculos a que o processo seja mais rápido nesta altura pode ter que ver com as convocatórias por SMS. Dado que a grande maioria das pessoas incluídas nesta primeira fase da imunização contra o coronavírus são idosas, esta população poderá ter mais dificuldades em agilizar o processo.
Mais: a seleção de pessoas a vacinar só pode ser feita por profissionais de saúde, o que bloqueia recursos durante períodos de tempo longos, de muitas horas ou mesmo dias. "Há centros de saúde que chegam a ficar só com um dia ou dois na semana para vacinar utentes", salienta Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, ao "Diário de Notícias".
Dado que o número de vacinas disponível na semana seguinte só é comunicado às sextas-feiras, sendo só possível começar a convocar utentes às segundas-feiras, os profissionais só conseguem fazer marcações para a sexta-feira seguinte dado que o sistema informático apenas permite agendar com quatro dias de intervalo. E se as convocatórias por mensagens escritas falharem — o que acontece frequentemente com a população mais idosa —, é necessário contactar as pessoas por telefone, o que atrasa ainda mais o processo.
Todos estes fatores contribuem para que seja "quase impossível avançar com um prazo para o final da primeira fase da vacinação", alerta Nuno Jacinto à mesma publicação. "Temos de assegurar tudo isto e com a questão dos prazos para as convocatórias há centros de saúde que ficam com um ou dois dias para vacinar", recorda o médico, que ainda acrescenta outra problemática — existem unidades de saúde que não têm sequer o sistema que permite enviar os SMS.