Mesmo com a chuva a assombrar o primeiro dia de Chefs on Fire, festival que arrancou esta sexta-feira, 8 de setembro, na Fiartil, no Estoril, nenhuma água conseguia apagar a chama e a boa disposição de David Jesus, chef e proprietário do Seiva, um restaurante maioritariamente plant-based em Leça da Palmeira, que regressou ao evento gastronómico com uma ideia bem pensada.

O que é que os chefs vão cozinhar? A que horas toca o Mafama? Há MB Way? Tudo o que precisa de saber sobre o Chefs on Fire
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"Quando terminei a edição passada, já tinha pensado na deste ano, mesmo sem ter nada como certo", diz o chef à MAGG. Depois de em 2022 ter deslumbrando com uma paella de cogumelos, David Jesus trouxe um arroz frito em wok e cogumelos em tempura ao Chefs on Fire de 2023, e retirou conhecimento das edições passadas.

"Aprendi que não posso ter pratos que, no momento de sair, sejam tão exigentes a nível de confecção. Têm de ser mais diretos, também para eu poder aproveitar mais, cozinhar de forma mais liberta e isso foi realmente uma aprendizagem. No entanto, nota-se que a estrutura de ano para ano está melhor. Antes de vir cozinhar, já vinha como cliente, e isso faz-me perceber que há uma constante evolução", salienta o chef do Seiva.

Espreite o chef em ação.

No entanto, mesmo com um fator de descontração acrescentado à proposta desta ano, David Jesus não deixou de ter um elemento surpresa. "O prato tem show a finalizar, tem uma inspiração asiática que está presente na minha cozinha, não só, mas também. E temos aqui a utilização da wok, onde há muitas maneiras de cozinhar e também é uma forma de ir mais além a usar um instrumento diferente."

David Jesus
Arroz frito em wok e cogumelos em tempura Ana Gordo

Sobre o Chefs on Fire, David Jesus não tem dúvidas de que este é um festival marcante. "É especial, é um evento de amor, amor é o que relaciona a música, o fogo, a comida. As pessoas estão aqui, estão nutridas de um sentimento único de acrescentar valor, é uma honra e um gosto enorme fazer parte disto."

Seiva. "Em menos de dois anos, posicionou-se como uma das maiores referências do mundo vegetal em Portugal"

Há dois anos, ainda Portugal enfrentava as consequências da pandemia, com o setor da restauração a ser fortemente afetado, David Jesus abria as portas do Seiva em Leça da Palmeira, no Porto, e fez de tudo para que o projeto vingasse.

"Quando eu abri o restaurante, abri com pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar. Com o tempo, e naturalmente, o Seiva passou de um ticket de 12€, no início, para um ticket de 80€, o atual. Em menos de dois anos, posicionou-se como uma das maiores referências do mundo vegetal em Portugal, isto sempre de forma orgânica", refere o chef.

Ciente de que não quer "dar um passo maior do que a perna" e com a intenção de que a evolução aconteça de forma natural, David Jesus recorda a progressão do seu restaurante. "Inicialmente eram muitos vizinhos, pessoas da zona, depois começou o passa a palavra e comecei a arriscar um bocadinho mais. A comida é muito boa, emotiva, temos um ambiente familiar mas com critério, e sinto que as pessoas que vão ao Seiva conectam-se mesmo connosco."

Seiva
O restaurante fica em Leça da Palmeira. créditos: Instagram

Com uma carta que muda a cada duas semanas, também para dar primazia a produtos de alta qualidade e respeitar a sazonalidade dos mesmos, o chef salienta que a constante mudança dos pratos também faz com que os clientes queiram voltar para experimentar coisas novas.

"O posicionamento do ticket também fez com que o público atual esteja mais disposto à experiência. E foi assim que o restaurante se posicionou", recorda David Jesus, que tem novidades para breve. Atualmente, o menu de degustação tem 10 momentos, mas isso vai mudar.

"Vamos passar para 14. Atualmente, está a 65€ por pessoa, vai aumentar um bocadinho, mas tem que ver com a evolução da oferta, que também pode ser complementada com a harmonização de vinhos — e não são só brancos, que isso é mito. Ao jantar, a maioria dos clientes quer esta experiência, ao almoço é mais à carta", diz o chef.

O Chefs on Fire continua este sábado e domingo, na Fiartil, entre as 12h e a 00h. Ainda há bilhetes disponíveis para as duas datas, com o bilhete diário a custar 75€ (inclui 5 doses de comida e 2 bebidas).

Morada: Rua Sarmento Pimentel, 63, Leça da Palmeira
Telefone: 910 546 756
Horário: 12h-22h (às terças-feiras, abre só às 19h; fecha ao domingo e à segunda-feira)