A família de Halyna Hutchins, diretora de fotografia morta pelo disparo acidental de um revólver, no cenário do filme "Rust", apresentou esta terça-feira, 15 de fevereiro, uma queixa formal contra Alec Baldwin. Em causa estão "danos substanciais" e "comportamento perigoso" do ator, mas o caso pretende entregar à justiça americana vários profissionais envolvidos no acidente, garante o representante da família.
À data do incidente, a 21 de outubro de 2021, decorriam as gravações do filme "de baixo custo", em Santa Fé (Novo México), quando o revólver que Alec Baldwin manuseava disparou um tiro que feriu mortalmente a cineasta de 42 anos. A arma foi apresentada como inofensiva, já que deveria conter apenas munições falsas, e o ator já afirmou publicamente que nunca chegou a premir o gatilho, mas a família da vítima acredita numa outra versão dos factos.
Durante uma conferência de imprensa que teve lugar esta terça-feira, 15, Brian Parnish, o advogado que representa Mathew e Andros Hutchins, respetivamente marido e filho da diretora de fotografia, alegou que Alec Baldwin e outros produtores de "Rust", também processados, incorreram em "conduta imprudente" e priorizaram "medidas para reduzir custos", resultando na morte da Halyna Hutchins.
O representante da família garante que vai levar à justiça várias pessoas envolvidas na produção de "Rust" e afirma ter incluído no processo Dave Halls, o assistente de realização que entregou a arma ao ator, Seth Kenney, fornecedor de armas, Hannah Gutierrez-Reed, , armeira do filme, e ainda a responsável pelos adereços, Sarah Zachry. Todas as acusações têm por base uma lista de "pelo menos 15 procedimentos padrão da indústria" que o representante da família alega terem sido ignorados pelos produtores de "Rust".
Brian Parnish acredita, em particular, que um revólver falso deveria ter sido usado em vez de uma arma operacional e que não havia ninguém qualificado para manusear armas de fogo no momento do acidente, mas lamenta o facto de a equipa não estar apetrechada com equipamentos de proteção. No entanto, questionou o "comportamento perigoso" de Alec Baldwin, alegando que o ator "se recusou" a receber treino para manusear a arma, avança a CNN.
Todas as alegações de Parnish foram suportadas por uma reconstrução em 3D do incidente, que o advogado apresentou perante a justiça americana.
"Nunca premi o gatilho"
Recorde-se de que à data do incidente, Alec Baldwin foi anunciado como o autor do tiro fatal, ainda que se tratasse de um disparo acidental, mas em declarações exclusivas a George Stephanopoulos, do programa "Good Morning America", da ABC, garantiu que nunca chegou a premir o gatilho.
"Há uma coisa que quero dizer e que quero que fique clara ao longo desta conversa: não sou uma vítima nem quero pintar-me como tal. Há duas vítimas desta tragédia", começou por explicar, referindo-se não só a Halyna Hutchins, que estava de frente para Baldwin quando a arma foi disparada, como ao realizador Joel Souza, que também saiu ferido.
Quando a arma foi disparada, recorda Baldwin, estavam a decorrer sessões de ensaios e de marcação de cena. Halyna Hutchins foi quem deu indicações ao ator sobre como disparar para a câmara quando aquela cena em particular começasse a ser filmada.
Foi durante esse momento que a diretora de fotografia, Hutchins, lhe terá dito para puxar o martelo [o mecanismo traseiro da arma que, se puxado antes de se premir o gatilho, faz com que o gatilho responda de forma mais rápida]. "Puxei o martelo o mais para trás que consegui sem disparar a arma. Não premi o gatilho. Assim que soltei o martelo, a arma disparou", diz Baldwin.
À data da entrevista, o ator confessou que, após a tragédia, fez questão de estar tanto com o filho como com o marido da vítima, que diz terem sido "tanto amáveis quanto possível". Ainda assim, cerca de quatro meses depois do acidente que se revelou fatal para Halyna Hutchins, a família avança um processo em tribunal contra Alec Baldwin. Até ao momento, a família ainda não prestou qualquer esclarecimento face à motivação da recente queixa.