Esta quinta-feira, 4 de janeiro, foram revelados os primeiros nomes do processo que acusa o magnata Jeffrey Epstein, que morreu em 2019, de tráfico sexual. A divulgação desta lista, que envolve 187 pessoas, ocorre na sequência de o prazo de recurso colocado por dois dos mencionados no documento ter chegado ao fim, de acordo com a "BBC".
Os primeiros nomes a serem avançados incluem figuras bem conhecidas de todo o mundo, como o príncipe André, filho de Isabel II, ou os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e Donald Trump. Além disso, Michael Jackson, David Copperfield e Stephen Hawking também vieram à baila neste processo, avança a mesma publicação, que afiança que mais detalhes serão revelados aos poucos.
No entanto, é preciso esclarecer que a maioria dos 46 documentos tornados públicos faz referências a indivíduos com que Epstein se relacionava ou contactava e que isso não é sinónimo de que estas tenham cometido qualquer crime ou que tenham sido acusadas de atos ilícitos relacionados com o magnata, diz o "The Guardian", acrescentando que até pessoas mencionadas de passagem em processos judiciais se encontram na lista.
Ainda assim, nestes novos documentos, Johanna Sjoberg, uma das alegadas vítimas do magnata e para quem trabalhava enquanto massoterapeuta, diz que Epstein lhe contou Bill Clinton "gosta delas jovens", referindo-se às menores de idade. E segundo uma análise da "Axios", o antigo chefe de estado dos Estados Unidos é mencionado cerca de 50 vezes nos documentos.
Outros detalhes do arquivo dizem respeito a um e-mail enviado pelo empresário à sua cúmplice, Ghislaine Maxwell, a insistir que Stephen Hawking não participou numa orgia de menores na sua ilha, em 2006. A mulher acabou por ser condenada a 20 anos de prisão por ter ajudado o magnata a aliciar e abusar sexualmente de menores, em junho de 2022.
Já o príncipe da pop, Michael Jackson, e o mágico David Copperfield estão entre as celebridades que testemunhas disseram ter visto nas casas de Epstein, mas nenhum deles foi acusado de qualquer ato ilícito. O mesmo acontece com Donald Trump, que foi mencionado por Sjoberg no âmbito de uma viagem de avião com Epstein.
Os documentos foram divulgados depois de uma juíza norte-americana, Loretta Preska, ter decidido que as vítimas que acusaram Ghislaine Maxwell, em 2015, no âmbito de um processo de difamação movido por Virginia Giuffre, que confessou ter sido agredida pelo príncipe André quando era menor, deveriam ser tornados públicos. Ainda assim, os documentos, que somam mais de 900 páginas no total, estão a ser analisados pela imprensa norte-americana.
Jeffrey Epstein foi um financeiro dos Estados Unidos, conhecido pela sua vasta rede de contactos entre a elite política, financeira e social do país (e não só). Em 2008, foi condenado devido a acusações de prostituição de menores e embarcou num acordo judicial que fez com que cumprisse uma sentença relativamente leve.
Em 2019, foi novamente acusado de tráfico sexual de menores e aguardava julgamento numa prisão, até que foi encontrado morto na sua cela, tendo a causa da morte sido dada como suicídio – uma realidade da qual Ghislaine Maxwell tem as suas dúvidas, depois de ter dado uma entrevista em que dizia ter a convicção de que o magnata foi assassinado.