Portugal continua a arder e os incêndios que se têm feito sentir desde domingo já causaram vários mortos e feridos. São centenas as ignições que têm acontecido durante a noite, o que faz com que os especialistas acreditem que se trate de fogo posto, segundo a CNN Portugal. Para chamar a atenção para o que está a acontecer, o ator Tiago Aldeia até já lançou um apelo.

"Pouca gente fala nisto. Aposta-se muito na prevenção e muito pouco na vigilância", começou por dizer o artista, referindo-se até a "terrorismo". "Queria saber se estão comigo, se podíamos criar uma petição para os nossos deputados aprovarem a pena máxima para fogo posto", continuou, pedindo para que a sua publicação fosse partilhada.

"Seja por pirómanos solitários, crime organizado ou negligência, as penas têm que ser agravadas e efetivadas, chega de penas suspensas. É preciso fazer algo em relação a isto de uma vez por todas!", lê-se na legenda que acompanha o vídeo. "Temos que insistir para levar este tema à Assembleia da República, criando ou assinando petições que possam forçar os deputados a discutir temas que são do interesse de todos", frisou.

Na legenda, Tiago Aldeia partilhou ainda uma petição que já se encontra em curso. Intitulada "Mudança de Penas para crimes de Fogo Posto", conta, até ao momento, com quase 6 mil assinaturas, estando a pouco mais de 2 mil assinaturas para o assunto pode ser discutido na Assembleia da República. As petições têm de ser subscritas por mais de 7500 cidadãos, avança o site da DECO Proteste.

As penas para o crime de incêndio florestal variam conforme a gravidade. Na sua forma simples, o crime de incêndio é punido com penas de 1 a 8 anos, diz o artigo 274º do Código Penal. Se o incêndio doloso criar perigo para a vida ou integridade física, ameaçar bens de elevado valor ou for cometido com intenção de lucro, a pena pode chegar a 12 anos. O ator pede, por isso, que a pena para incendiários seja elevada aos 25 anos.

Governo já declarou situação de calamidade

Portugal estava, desde domingo, 15 de setembro, em situação de alerta devido ao risco de incêndio, que na segunda-feira, 16, foi prolongado até ao final de quinta-feira, 19, face às previsões meteorológicas. Contudo, esta terça-feira, 17, o Governo anunciou a elevação a estado de calamidade em todos os municípios que estão a ser afetados pelas chamas.

O País tem mais de 110 ocorrências ativas esta quarta-feira, 18 de setembro, localizadas maioritariamente no norte e centro do continente. Os incêndios no distrito de Aveiro foram os mais preocupantes, como no Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis. No total, foram mais de cinco mil operacionais por todo o País que estiveram a combater as chamas, diz a EuroNews.

Agora, também o concelho de Arouca está a arder, fruto do incêndio que começou no concelho vizinho, em Castro Daire, tendo entrado pelas freguesias de Alvarenga e Covêlo de Paivó/Janarde. Atualmente, tem atualmente três frentes de fogo ativas e a situação está incontrolável, segundo o "Jornal de Notícias". Os Passadiços do Paiva estão a ser lavrados pela chamas, confirmou o presidente da Câmara do município.

O número de mortes, desde o início desta vaga de incêndios, já subiu para sete. Três dizem respeito a um trio de bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, em Tábua, que foram vítimas de um acidente quando se deslocavam para um incêndio e outra a uma idosa que tinha a casa numa zona de fogo em Almeidinha, Mangualde, mas que morreu de morte súbita, avança a SIC Notícias.

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Há também registo de 50 feridos e a destruição de dezenas de casas – só em Albergaria-a-Velha arderam cerca de 40 casas, por exemplo, e encontram-se deslocadas pelo menos 62 pessoas, diz o "SAPO". Os incêndios já afetaram 25 concelhos, tendo obrigado o corte de oito estradas e quatro autoestradas pelo País (a autoestrada 24 (A24) na zona de Vila Pouca de Aguiar foi reaberta esta quarta-feira, 18).

Continuam cortadas a A11, com o trânsito interrompido no Nó Caíde de Rei; a A25, entre Albergaria e Reigoso; a A43, entre Gondomar e a A41; e a A41, entre Medas e Aguiar de Sousa. Outras vias afetadas incluem o IC2, cortado entre Fortes e Trindade; a N16, entre Cacia e Sever do Vouga; a N102, em Bragança; a N222, entre Oliveira do Douro e Freigil; a N225, entre Cabril e Pinheiros; a N228, entre Figueira Alva e Fermentel; a N231, entre Vila Viçosa e Mourelos; e a N333, entre Talhadas e Águeda.