São mais baratas, mais ecológicas, menos tóxicas e bem mais giras. Mas alguém me ajude a passar nesta cadeira, que sinto que vou chumbar a História Contemporânea de Cocó.
De repente um vídeo a mostrar comida resgatada do lixo tornou-se viral. Mas antes de partilharmos no Instagram, vamos todos fazer uma limpeza ao frigorífico, vamos?
Vem do Zimbabwe mas é tão branco que apanhou um escaldão no primeiro dia de praia. Mas quando ainda ninguém o viu, a primeira pergunta não é se ele é alto, feio ou bom para mim. "Mas ele é preto?"
E, de repente, pusemos todos a mão na massa mãe e até fermento fazemos em casa. Palmas Portugal, agora é só deixar cozer, barrar com manteiga e esperar que o COVID passe.
Estamos todos fartos de teletrabalho, de cozinhar de manhã à noite e de não poder sair de casa. Mas sabem o que é mais cansativo? Os falsos moralismos.
Em tempos de crise, a imaginação é uma arma. Não há pão fresco todos os dias? Faz-se em casa. Só há uma lata de grão? Chega. Com ela fiz hambúrgueres, manteiga, omeletes e panquecas. Já vos conto tudo.
De nada vale comprar a granel, se enchemos a despensa de grão sem deixar nada para o outro. E os saquinhos de pano? Temos é que levar comida ao velhote que vive sozinho no sexto andar. Seja embalada em plástico ou não
Deixem-se de tretas e principalmente de desculpas. Se vão três ruas abaixo para carregar o telemóvel ou pagar a renda, também podem fazê-lo para fazer algo tão simples como pôr o lixo no sítio certo.
Esta é a história do meu irmão, que comia meio quilo de bife ao jantar e nem a alface do hambúrguer do McDonalds provava. Não deixou de comer carne, mas aprendeu que há outros sabores.
Nesta jornada para reduzir o desperdício, há que recusar muita coisa. Dizer não ao saco de plástico, à colher para mexer o café ou ao cartão de visita. Mas não há porque fazê-lo de forma agressiva.
Não falta informação. Não faltam imagens de tartarugas perfuradas com palhinhas. Não faltam ecopontos espalhados por todo o lado. Sabe o que também não faltam? Desculpas. Mas vamos dar cabo delas.
Nesta luta por diminuir a pegada ecológica, faço muitos quilómetros a pé. É que os transportes são responsáveis por quase 30% das emissões de dióxido de carbono.
Chama-se dumpster diving e, quem é adepto, não o faz porque não tem dinheiro para comer. A ideia é evitar que comida de qualidade vá para o lixo. E, acredite, isso acontece muito.
Brinca com brinquedos herdados ou improvisados. Vê o cocó ser apanhado com saquinhos de papel ou jornais velhos e já sabe que nunca vai comer demais. Mundo, apresento-vos o Feijão.
Não é que tenha abolido o fast fashion. Mas opto cada vez mais pela segunda mão, pela troca por troca, pelo vintage e, principalmente, pela compra consciente.
Há quem tenha deixado de viajar pelo impacto ambiental dos voos. Eu não vou tão longe que ninguém me tira as viagens, mas tenho as minhas técnicas para não me sentir tão culpada.
Não é preciso deitar os tupperwares de plástico ao lixo nem comprar saquinhos de pano. Basta usar o que já tem e juntar-lhe uma boa dose de criatividade.
Não dei em maluca. Só me começou a fazer comichão ver a quantidade de plástico que as pessoas deitavam para o chão sem sequer disfarçar. Em cinco minutos, enchi um saco de lixo.
Papel higiénico biodegradável, comida de animal a granel, zero plástico na montanha. O Peru não é só ceviche e pisco sour, é Pachamama e o amor pela Terra.
Houve cozido à portuguesa, mas também empadas vegetarianas. Independentemente do prato de eleição, todos bebemos e brindamos (várias vezes) em copos reutilizáveis.
Bárbara Bandeira e Cristina Ferreira vestiram — literalmente — a causa ambiental. Mas não se deixem enganar camaradas. Nesta luta, a palavra de ordem é marketing.